Em tom de desabafo, Pedrinho fala sobre distanciamento com SAF do Vasco
Presidente do clube carioca concedeu coletiva e destacou que gostaria de ter mais participação nas decisões esportivas
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Pedrinho afirmou no fim da entrevista coletiva que concedeu nesta quarta-feira (27) que não estava desabafando. Mas, em seu primeiro encontro com jornalistas 60 dias após o início da gestão, falou de uma série de barreiras, questões e desafios que vem enfrentando, da relação com a SAF e das próprias questões de sua presidência no clube associativo do Vasco.
Em vários momentos, o presidente esbarrou em questões de confidencialidade envolvendo o contrato da 777 Partners, hoje dona de 70% das ações do futebol. Segundo ele, foram feitas algumas tentativas de aproximação, mas a relação esfriou e hoje é “de sócio para sócio”. Mais uma vez, o ídolo do clube e atual presidente afirmou que gostaria de contribuir com o futebol.
“Esportivamente, acho que poderia colaborar. Mas é uma opção deles, ponto. Não existe choro. O Vasco está acima de todo mundo, é a prioridade”.
Pedrinho afirmou também que nunca foi impedido de visitar instalações do futebol do clube, apesar de também não ter sido convidado. E também atualizou a questão do interesse da Crefisa em adquirir os naming rights da Colina. O caso está sendo avaliado pelo Jurídico do clube.
Reforma de São Januário
“Apesar de algumas vezes as corridas em prol do Vasco serem paralelas, a intenção é sempre beneficiar o Vasco. A condução da licitação do Maracanã foi feita pela SAF sem parceria conosco. Quem está registrado na Ferj e na CBF é o Vasco SAF. Mesmo que eu queira, não tenho autorização para representar. Seria muito fácil pegar o Instagram e jogar para a galera. Vou fazer o que é efetivo. E o efetivo foi passar o dia inteiro falando com o governador Cláudio Castro falando que o Vasco não podia deixar de jogar no Maracanã.
Com relação à obra, a gente vai precisar de outro local para jogar. Obviamente vamos tentar abrir negociações não só com o Maracanã como em outros locais que não interfiram na logística”.
Início das obras
“Estivemos com o prefeito Eduardo Paes e numa reunião na Câmara. Temos que respeitar todos os processos, mas pressionamos para que eles sejam acelerados. Quando for aprovado, temos conversas com empresas interessadas em comprar o potencial construtivo. Temos conversas com construtoras também. No melhor dos sonhos, um desejo e não uma promessa, iniciar as obras até o final do ano”.
Relação com a SAF
“Quando ainda era comunicador, fui procurado pela SAF e recebi um convite para exercer um cargo remunerado na questão esportiva. Quando sou eleito, o raciocínio óbvio era que tivéssemos proximidade com relação à questão esportiva. Com três meses não posso ter esquecido algum conteúdo de futebol. Como sócio minoritário, não posso botar uma arma na cabeça de ninguém e obrigar a participar do planejamento.
Conversa, que fique claro, não é uma mensagem faltando 15 minutos para acontecer alguma coisa. É um planejamento. Respeito completamente, embora não concorde. Infelizmente não faço parte do processo. Mas estou sempre disposto a ajudar o Vasco, acima de qualquer objetivo”.
Crefisa
“Minha relação não é com a Crefisa, com a Leila e especialmente com o sr. José. Nós fomos a São Paulo ver a estrutura do Allianz Parque. Construímos uma relação íntima e ele demonstrou interesse em colaborar com o Vasco. Precisamos avaliar questões contratuais quanto a naming rights. Ele está disposto a ajudar e não tem nada a ver com a 777.
Não tenho interesse de tirar a 777. Tenho interesse de dar um novo rumo ao Vasco. A gente espera transparência, desempenho esportivo. A SAF é normal. Outros clubes têm esse recurso. Numa questão contratual que não é do meu agrado. Minha função é fiscalizar e cobrar e não deveria incomodar ninguém. Cobrar, fiscalizar é um processo natural de uma sociedade. Não sei se o comportamento da gestão anterior criou algo, mas esse não é um padrão”.
Críticas
“Não vou criar bravatas, narrativas, jogar para a galera, me defender nas redes sociais quanto a injustiças. Todos os movimentos do Vasco são para o bem do Vasco. Não posso depois de 40 anos de São Januário dizer que não amo o Vasco, vou prejudicar o Vasco. Isso faz parte de uma politica ruim que ainda existe no Vasco”.
Contratos da SAF
“Existe uma relação fria, muito mais de registros que de interação. Fui proativo, até antes, sobre o cargo de diretor executivo, dei minha opinião. Quando estava eleito mas não empossado, me pediram a liberação de um projeto incentivado que estava preso desde março. Esse pedido foi feito quinta e na sexta já estava liberado, três milhões para a categoria de base e um milhão para o futebol feminino.
Não concordo com o contrato esportivo possuir cláusula de confidencialidade. O torcedor é o maior acionista, patrimônios, e não tem acesso. Isso é uma opinião. Quanto a outras coisas, tenho limitações contratuais para falar.
Quando falo do que posso falar, dizem 'por que falar de paralímpico?'. Eu quero falar de paralímpico. Quando vou comunicar sobre esses assuntos, não querem, querem de futebol. De futebol tenho limitações, não posso falar.
Não posso falar (sobre as cláusulas). Não quero causar danos à pessoa física e à instituição”.
Gestão da SAF
“Não posso falar sobre contratações. Mas respeito muito todos que estão lá, a comissão técnica.
Como temos uma relação mais fria com a SAF, procurei diretamente sócios, de sócio para sócio, para estruturar o Vasco do jeito que a gente imagina.
Não sei (se sua fiscalização causa incômodo na SAF). Não é pra causar. Meu intuito não é brigar, causar confusão. É o melhor para o Vasco. Não sei porque essa transparência incomoda, não só SAF, mas de maneira geral”.
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