Capixaba de 13 anos busca o penta nacional de jiu-jítsu
Prodígio do esporte, Davi Camponez vai disputar torneio com mais de 10 mil atletas, e já projeta o futuro ajudando as pessoas
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No dicionário da língua portuguesa, prodígio é aquela pessoa que apresenta alguma habilidade ou talento fora do comum. O estudante capixaba Davi Camponez da Silva talvez faça jus à essa definição. Com apenas 13 anos, o atleta mirim de jiu-jítsu é bicampeão mundial da modalidade e vai em busca do pentacampeonato brasileiro ainda este mês.
Davi viaja para São Paulo, onde disputará o Campeonato Brasileiro com mais de 10 mil atletas, a partir do dia 29. Mesmo já colecionando alguns títulos, ele afirmou que o frio na barriga ainda existe.
“Fico nervoso, mas me controlo bem. Acredito que o nervosismo é natural e preciso disso para entrar em um estado de concentração total para a luta. Se você não estiver nervoso, você fica apático na hora da luta e isso não é bom. O Campeonato Brasileiro é muito difícil. É uma reunião de mais de 10 mil atletas muito bons. É diferente de todos os outros torneios porque tem um nível muito alto”.
Apesar da pouca idade, ele sonha alto e quer ajudar o jiu-jítsu a se desenvolver, e usar a modalidade para fazer a diferença na vida das pessoas.
A Tribuna -Como começou na modalidade?
Davi Camponez Inicialmente meu objetivo era não ser uma pessoa sedentária, queria ter mais saúde. Mas sou competitivo e, quando comecei a lutar, quis participar de campeonatos. Então no jiu-jítsu encontrei uma maneira de competir de uma forma saudável.
Como está sua preparação para o Brasileiro?
Tenho uma rotina fixa. Depois da escola vou para a academia, faço musculação e sempre me alimento bem. Quando falta um mês para o campeonato, faço treinos específicos. Também vou no crossfit e termino o dia com o jiu-jítsu.
Qual a importância do torneio e como lida com o nervosismo?
Dependendo da sua posição, você ganha crédito e pode competir por uma bolsa-atleta. Ainda fico nervoso, mas controlo muito bem. Acredito que é um sentimento natural. A gente precisa disso para se manter em um estado de concentração total para a luta.
Então acredito que o nervosismo tem que fazer parte, porque se você não estiver um pouco nervoso, você fica apático e isso não é bom para a luta.
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E como consegue conciliar o esporte com os estudos?
O estudo depende muito de como você presta atenção na aula. Mas você não estuda só dentro da sala de aula, estudo fora também. Tento sempre me manter informado sobre o que está acontecendo, tento ser uma pessoa diferente e estar dentro da realidade.
É verdade que você já tem um plano do que quer fazer daqui uns anos?
Eu gostaria de ser empresário no ramo de esportes. Quero me formar em educação física e abrir uma rede de academias de jiu-jítsu. Quero formar atletas e ser professor em projetos sociais.
Também penso em ajudar a desenvolver o esporte. Quero ter uma empresa no ramo tecnológico focada no jiu-jítsu. Hoje não temos VAR no esporte, por exemplo. Gostaria que tivesse um juiz em cada ponta e que todos tivessem câmeras que pudessem verificar se foi ponto ou não. Para que as lutas sejam cada vez mais justas.
A modalidade ainda está sem um padrão. O quimono, por exemplo… alguns têm uma pegada muito ruim e isso atrapalha na luta. Outro ponto é que acredito que deveria existe um teste rápido antes de finais para verificar se o atleta não está usando substâncias proibidas. Hoje, muitos fazem o uso de hormônios e isso acaba com a saúde. O esporte não é isso, não é para sacrificar a sua saúde.
Quando você começou a pensar nessas melhorias?
Quando comecei a competir e fui amadurecendo, entendi melhor o esporte e fui projetando coisas. Sempre tento planejar o futuro para não ter surpresa. Muitas pessoas acham que atletas não têm educação ou cultura, que não podem ter uma empresa, mas é ao contrário. O atleta pode ser empresário e pode ter uma marca. O esporte não tem só o caminho da competição. O esporte é um caminho para a saúde, ele pode salvar as pessoas.
Sua vontade é incentivar mais crianças, jovens e adultos a praticarem o jiu-jítsu?
Se de 30 crianças, eu conseguisse levar uma para o esporte… creio que já valeria o esforço e o investimentos. O mesmo serve para adultos. O Brasil está chegando em um nível muito alto de sedentarismo, que é preocupante. O esporte ajuda muito as pessoas a terem disciplina. Fazer exercícios por si só já é muito bom, mas com o esporte a pessoa começa a querer ser mais saudável.
Para finalizar, qual o seu maior objetivo como atleta?
Não quero só fazer sucesso como campeão, ganhar campeonatos. Traço o meu futuro para que eu possa ficar eternizado, não só como o melhor… porque quero ser o melhor, mas também aquele que ajudou e inspirou pessoas.
Quando eu fizer sucesso e tiver mais oportunidades, vou fazer com que outras pessoas tenham sucesso e oportunidades. Vejo que no Brasil falta muito essa parte da oportunidade. Talentos se perdem porque o esporte não tem investimento. Tenho o apoio do bolsa-atleta, é essencial, mas muitos sequer sabem que existe o bolsa-atleta e não sabem que podem tentar conseguir. Quem tem a chance de fazer a diferença, deve buscar esse caminho. Falta um pouco de humanidade e de enxergar a realidade em que a gente vive.
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