“A fé em Deus é o que me move”, diz Alcione
Revelação foi feita pela sambista, que esteve no Espírito Santo fazendo dois shows em comemoração aos 50 anos de carreira
Escute essa reportagem

Dona de uma voz e estilo inconfundíveis, Alcione esteve no Espírito Santo sexta-feira (26) e sábado (27) para comemorar seus 50 anos de carreira, com dois shows esgotados, no Espaço Patrick Ribeiro, em Vitória.
A sambista conversou com o jornal A Tribuna sobre os obstáculos que precisou enfrentar, principalmente no início de sua carreira, sendo uma mulher em um ambiente tão masculino quanto o samba era, e também sobre fé. “A fé é o que move toda a minha vida”.
Leia mais notícias de Entretenimento aqui
Apesar de ter crescido e sido criada na fé católica, Alcione nunca escondeu sua admiração e fé no candomblé.
“Sou filha de Ogum e Xangô”, disse, orgulhosa. Seu nome, inclusive, foi dado por seu pai, inspirado no romance espírita Renúncia, psicografado por Chico Xavier.
A postura da artista, ao mesmo tempo imponente e humilde, e a facilidade com a qual fala de qualquer assunto mostram que ela não chegou a meio século de história na música à toa.
"Quando eu comecei, apenas uma mulher vendia discos: Clara Nunes”.
No total, atualmente, ela coleciona inúmeros sucessos entre os 47 álbuns gravados. O último disco foi lançado em 2020. Além da música, Alcione também já recebeu vários prêmios, como discos de ouro, medalhas, comendas e até um Grammy Latino.
Durante seu show, a cantora lembrou à plateia que será enredo da sua escola de samba do coração, em 2024: a Mangueira.
Mesmo com toda a sua história, Alcione surpreendeu o público quando disse que sua “ficha ainda não tinha caído”.
No fim da entrevista, ao ser questionada sobre as vozes femininas no samba, Alcione garantiu que o futuro do gênero está garantido, se depender das mulheres. “Não vai faltar mulher para cantar samba”, afirmou.
Além de falar sobre sua carreira, Alcione também conversou um pouco com o jornal A Tribuna sobre a diversidade de sua fé, que passeia pela Igreja Católica e pelos terreiros de religiões de matriz africana.
Confira aqui o vídeo com trecho da entrevista
Entrevista: Alcione, cantora: “Abri caminhos para muita gente”
A Tribuna – Qual a importância da fé para você como pessoa e como artista?
Alcione – Ela tem o mesmo peso, para mim, como pessoa e como artista. Eu fui criada na fé católica. O padre Hélio, da Igreja de São Pantaleão (da cidade natal da cantora, em São Luís, Maranhão), ia lá em casa rezar com a gente. Então, eu sempre gostei dessa convivência com Deus, Nossa Senhora, mas também com o Candomblé.
Eu sou filha de Ogum, filha de Oxum e gosto muito da história do Candomblé. É muito bonita essa parte afro, que está nos meus ancestrais, com minha vovó Marcela. Então, eu aprecio saber cada vez mais sobre isso. Hoje, eu posso dizer que a fé é minha base de tudo.
O que você precisou enfrentar, como mulher, em um meio tão masculino quanto o samba?
A única mulher a vender discos, na minha época, era Clara Nunes, que foi a primeira a vender mais de 100 mil discos. Então, ela chegou a alcançar mais discos que os homens. Nós tivemos de enfrentar esse machismo, que já existia no meio, porque só homens vendiam discos.
Então, viemos eu, Beth Carvalho e Clara Nunes e começamos a dizer que “não, a gente também tinha um mercado” e foi muito bom isso para outras cantoras e outros ritmos. Abri diversos caminhos para tanta gente e eu gostei muito disso.
Para você, quem é a nova voz feminina do samba?
Eu conheço a Gabby Moura, ela toca cavaquinho também e tem um swing. Ela canta samba muito bem, assim como a Andréia Caffé e a Flávia Saolli. Mas o futuro do samba está garantido, não vai faltar mulher para cantar.
Leia mais
Fagner anuncia no ES gravação de DVD do seu primeiro disco
Péricles: “O amor dos fãs mostra que estamos no caminho certo”
Comentários