“Ó Paí, Ó” de volta aos cinemas após 15 anos
O músico interpretado por Lázaro Ramos retorna às telonas em comédia que aborda assuntos como intolerância religiosa, racismo e transfobia
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É momento de muita comemoração para os fãs do carismático músico Roque. Quinze anos após o primeiro filme e na Semana da Consciência Negra, o personagem de Lázaro Ramos, 45, está de volta às telonas com uma nova história nas ladeiras do Pelourinho, em Salvador.
“O que tem mais de lindo é que ele foi um pedido do próprio público. Houve muitos memes e vídeos compartilhados nas redes sobre o primeiro filme. Cheguei a ver até uma calcinha com a frase ‘Ó Paí, Ó’. A internet e o público foram muito importantes para a volta do filme. Me sinto privilegiado”, disse o ator, em coletiva de imprensa.
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Na continuação, vários assuntos são abordados, como racismo, intolerância religiosa e transfobia. “O filme vem para falar sobre as potências da população negra, mas também sobre os desafios e a gente, para ser fiel a esses personagens que nascem das ruas do Pelourinho, tinha que falar sobre os temas que estão nos inquietando”, declarou Lázaro ao G1.
O protagonista, por exemplo, vive as aventuras e os desafios de ser pai, enquanto se prepara para lançar sua primeira música e tentar ser um artista de sucesso. “Eu estou mais velho, não tenho mais joelho. As cenas de dança eu não consegui fazer como antes”, brincou Lázaro ao lembrar das gravações da comédia musical.
Dona Joana, interpretada por Luciana Souza, vive o luto da perda do filhos Cosme (Vinícius Nascimento) e Damião (Felipe Fernandes), ao mesmo tempo em que lida com os inquilinos de seu cortiço. O lugar segue o mesmo: com festas, fofocas e muita confusão!
Já Neusão (Tânia Toko) perdeu seu bar para um grupo de caráter duvidoso. Para arrecadar dinheiro e recuperar o estabelecimento, os moradores do bairro se juntam para uma festa de Iemanjá.
“A gente traz como mote desse filme, que é a unidade, a comunhão que existe dentro dessas comunidades periféricas de Salvador, do Brasil, do mundo. E, acima de tudo, a gente também quer sonhar, a gente quer continuar sonhando”, afirmou Tânia.
Psilene (Dira Paes) e Reginaldo (Érico Brás) também estão de volta ao lado de uma nova geração de personagens, filhos dos moradores do cortiço, e que entram na luta pela causa negra.
“Ó Paí, Ó 2” tem direção de Viviane Ferreira, que se tornou a segunda mulher negra brasileira a dirigir um filme de longa-metragem com “Um Dia com Jerusa” (2021).
Filme faz apelo pela liberdade
Eis um filme que não se impõe pela força do cinema. Mas, se triunfar e se tornar um sucesso, como o primeiro “Ó Paí, Ó”, de 2007, será pela força de algumas ideias que mal e mal percorrem suas imagens.
Analisando o “Ó Paí, Ó” original, o crítico Cleber Eduardo escrevia na revista Cinética que o filme fazia de sexo e dança a identidade do Pelourinho, em Salvador. Seria uma visão bem elitista, é certo. Bem menos condescendente, Rodrigo Oliveira perguntava, na extinta Contracampo, se haveria um cérebro atrás da câmera durante as filmagens, pois dava a impressão de que as imagens se formavam independente de tudo.
“Ó Paí, Ó 2” chega no momento em que o filme nacional começa a sair de uma crise brutal. Como no ciclo anterior, terá de dar com a cara na porta até encontrar de novo seu público. É nessa circunstância que se fez e que se lança esta sequência.
Dança e sexualidade continuam a fazer parte da identidade do Pelourinho, sem dúvida. Mas o essencial é que eles façam parte de um todo maior: o Pelourinho visto como lugar de alegria e resistência. Algo de que todos podem fazer parte, mas a identidade do Pelourinho é, antes de tudo, negra.
São corpos negros e sua energia que fazem em geral a música e a dança que preenchem o lugar, que o habitam e o agitam. Trata-se então de um lugar simbólico de liberdade, associado no filme a corpos antes escravizados e hoje ainda discriminados.
Se triunfar, portanto, o filme dirigido por Viviane Fonseca imporá uma ideia de luta, comandada por Neusão, que perde seu bar, o ponto de encontro de personagens e figurantes, e luta para recuperá-lo junto a uma tropa de clientes e amigos.
Do mesmo modo, os inquilinos do cortiço continuam a animar a vida de dona Joana, enquanto todos eles preparam a festa de Iemanjá.
Este segundo exemplar, sempre com Lázaro Ramos à frente, pode não ser um grande filme, mas sua simpatia, seu astral, seu apelo pela liberdade, atravessa os maus enquadramentos.
Mais estreias
“Napoleão”
O astro Joaquin Phoenix dá vida a Napoleão Bonaparte em filme que retrata a jornada do líder francês até ser derrotado e exilado na ilha de Santa Helena. O longa tem direção assinada por Ridley Scott.
“Não Tem Volta”
Após perder um grande amor, Henrique (Rafael Infante) contrata um assassino de aluguel para tirar sua própria vida. Ele só não contava que seria surpreendido por uma antiga paixão. Manu Gavassi também está no elenco.
“Casamento Grego 3”
Na sequência, Toula (Nia Vardalos) e Ian (John Corbett) viajam à Grécia para a reunião de família, realizando o último desejo do pai da protagonista, já morto. Um encontro que promete fazer rir e emocionar.
“A Força da Amizade”
Perspicaz, Luca é um menino de 12 anos que mora no sul da Itália. Depois de visitar a igreja e o museu de um padre, ele decide escrever um livro com relatos de pessoas que conheceram o sacerdote.
“Culpa e Desejo”
O drama acompanha Anne, uma respeitada advogada que é casada com Pierre. Quando ela conhece Théo, filho de um relacionamento passado do marido, os dois acabam embarcando em um arriscado jogo de sedução.
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