Coração de Lutador: dramas do ringue e da vida de casal em cena
Filme de Dwayne Johnson equilibra cenas de luta e tensões domésticas, mostrando desafios do amor e da carreira

Em dado momento de “Coração de Lutador”, um drama humano se esboça: Dawn (Emily Blunt), a namorada do lutador de vale-tudo Mark Kerr (Dwayne Johnson), aparece sozinha, voando para Tóquio, onde Mark prepara-se para um grande torneio.
A primeira reação do espectador sentado na poltrona é: mas o que essa mulher pretende? Tirar a concentração do namorado num momento decisivo de sua carreira? Teve convite para acompanhá-lo? Não, não teve.
Mas pensar assim não será uma reação machista? Pode ser. Então, vamos ver onde isso vai dar. O que acontece depois é que essa situação vai conhecer algumas variações. Durante alguns poucos minutos – das duas intermináveis horas do filme –, ouviremos argumentos de parte a parte.
Nada excepcional, mas seu interesse vem justamente disso. – a frágil mulher e o brutamontes retomam, em linhas gerais, as tensões da vida doméstica de mais ou menos qualquer casal. E o filme as capta . Ela se queixa que ele só quer saber dos amigos. Ele responde que não é bem assim, que precisa deles para o seu trabalho.
Ambos se gostam muito, de maneira que uma cena pode começar aos beijos e abraços e terminar em quebra-quebra de objetos: uma vasilha vai ao chão, uma porta é quebrada a murros.
É uma pena que esses flashes logo sejam substituídos pelos dramas do ringue, pois conseguem mostrar com propriedade essa coisa rara que são as tensões da vida em comum de duas pessoas. E o drama no ringue de vale-tudo é mais do que elementar, trata-se de arrebentar o adversário antes que outro o arrebente.
Ninguém pense em dramas morais do tempo dos filmes sobre boxe. Não é que seja impossível tratar desse assunto de maneira mais apropriada, é o que fez Darren Aronofsky em “O Lutador”.
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