Exposição com a história de Augusto Ruschi é aberta em Santa Teresa
A mostra conta com uma série de banners biográficos que trazem textos, imagens, áudios e vídeos que narram a vida do cientista
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Dez anos após interromper seus estudos acadêmicos e assumir a missão de mergulhar a fundo na história de seu pai, o biólogo Piero Angeli Ruschi, 41, abre as portas do Memorial Augusto Ruschi, no centro de Santa Teresa, para visitação gratuita.
O espaço, que inaugura para convidados no dia 22 e abre para visitação no dia seguinte, fica na Casa Augusto Ruschi, residência onde o patrono da ecologia no Brasil nasceu e viveu por quase 30 anos.
A abertura acontece com exposição que apresenta aos visitantes a autêntica trajetória de Augusto Ruschi (1915-1986).
De acordo com o filho, pesquisador e curador, a figura do biólogo foi alvo de narrativas que simplificaram ou distorceram seus métodos e sua dedicação intransigente em defesa da natureza.
“A ideia é resgatar a identidade dele, os princípios e valores que embasaram essa luta e dedicação extrema de uma vida em defesa do patrimônio natural brasileiro, e ele fez isso de uma forma metódica. Existe uma fórmula que a sociedade pode aproveitar para trabalhar os problemas contemporâneos em relação ao meio ambiente”, salienta Piero.
A exposição inédita revela o homem por trás do mito, através de arquivos e relatos nunca divulgados antes.
A mostra conta com uma série de banners biográficos que trazem documentos – textos, imagens, áudios e vídeos – que narram a vida e a obra do cientista.
“O conteúdo foi planejado para dialogar com o público a partir de 12 anos de idade justamente porque queremos promover uma educação ambiental e histórica de qualidade para as futuras gerações. Propomos uma experiência imersiva que traz Augusto Ruschi à vida”.
O acervo inclui fitas-cassetes com falas dele, agendas com anotações à mão e objetos simbólicos, como um sino de bronze trazido pela avó materna de Augusto Ruschi com a primeira imagem da Santa Teresa para a primeira cidade de imigração italiana do Brasil.
“Esse sino era usado tanto na travessia oceânica, para unir os imigrantes, como também para reunir os imigrantes e orar”.
Cartas e anotações datadas também fazem parte da mostra. “Ele tinha plena consciência da importância de deixar aquilo registrado para a posterioridade. Essas cartas me ajudaram muito a conectar vários pontos”, revela Piero.
Piero Ruschi, biólogo e curador: “A história real é muito mais poderosa”

A Tribuna - Como surgiu a ideia de abrir o memorial?
Piero Ruschi - Minha mãe, Marilande, assumiu um compromisso quando meu pai ainda era vivo, o de contar a história dele. Por muitos anos, ela tentou criar esse memorial dentro do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, mas não teve sucesso. Em 2015, quando ela aposentou, eu assumi essa missão.
Foi quando percebi que o que mais importava ao meu pai não eram as pesquisas em si, mas os resultados, o método ecológico dele. Ali entendi a urgência de criar o memorial que minha mãe tanto sonhava. O sentimento que tenho hoje é de que demorei 40 anos para conhecer quem era meu pai de verdade.
Essa exposição inaugural foi feita a partir de suas próprias pesquisas sobre seu pai?
Sim. Em 2015, eu estava mergulhado no doutorado, estudando beija-flores, mas percebi que o legado intelectual do meu pai estava sendo manipulado e isso é muito mais importante do que qualquer pesquisa.
Qual é a verdadeira história que você quer contar?
Quem vier ao memorial vai entender o quão dedicado meu pai foi ao estudar e ensinar à sociedade a preservar e conservar a natureza para que ela se mantivesse em sua melhor forma justamente para servir plenamente ao povo brasileiro.
O visitante vai poder conhecer meu pai, a pessoa, quem era ele e as características que fizeram dele um patrono. Ele era um homem extremamente dedicado ao País e sacrificou a saúde dele para isso.
Está escrevendo uma biografia do seu pai, certo?
Sim. Esta será a primeira vez que a real história sobre Augusto Ruschi será apresentada ao público. E a história real é muito mais poderosa.
Serviço
Memorial Augusto Ruschi
O quê: o espaço, fundado em 2021 pelo filho do cientista, Piero Angeli Ruschi, tem por objetivo apresentar o legado autêntico do capixaba, que é patrono da ecologia do Brasil.
Quando: abertura para convidados no dia 22, e para o público em geral no dia seguinte.
A mostra inaugural traz banners biográficos com documentos – textos, imagens, áudios e vídeos – que narram a vida e a obra do cientista. O conteúdo foi planejado para dialogar com um público a partir de 12 anos, promovendo educação ambiental e histórica.
Onde: Casa Augusto Ruschi. Av. Jerônimo Vervloet, 115, centro de Santa Teresa.
Quanto: entrada gratuita.
Agendamento: visitas em grupo podem ser agendadas através do e-mail [email protected].
Funcionamento
Sexta (22/08): das 17h30 às 19h (para convidados).
Sábado (23/08): das 13h às 17h.
Domingo (24/08): das 13h às 16h.
De Segunda a Sexta-feira (25 a 30/08): das 16h às 19h.
Sábado (31/08): das 13h às 17h.
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