Como a Inteligência Artificial e a tecnologia vão mudar o ensino universitário
Alterações vão desde revisões de currículo e criação de novas disciplinas até o uso de ferramentas pedagógicas mais modernas
O avanço das tecnologias e da Inteligência Artificial (IA) tem levado faculdades e universidades a promoverem mudanças significativas nos cursos superiores.
As alterações vão desde revisões de currículo e criação de novas disciplinas até o uso de ferramentas pedagógicas mais modernas, com outras formas de ensinar e avaliar.
O vice-reitor e professor da UVV, Jhone Andrez, revelou que a instituição está em um movimento estruturado para implementar o uso de IA em todos os cursos, adequando cada área ao seu contexto profissional.
Ele destacou que em cursos como de Engenharia e de Tecnologia – como Ciência da Computação e Sistemas de Informação – foram incluídas disciplinas já no primeiro período para que o aluno aprenda a usar a IA de forma aplicada.
“Na área da saúde, estamos incluindo uma disciplina voltada para saúde digital, telemedicina e uso de Inteligência Artificial na área médica, porque o setor está mudando rápido com prontuários inteligentes e apoio à decisão clínica”.
O coordenador de Pesquisa e Extensão da Faesa, Lucas Zanchetta Passamani, salientou que a IA, hoje, permeia todas as áreas. “Nas engenharias, por exemplo, o futuro profissional não deve ter só a formação técnica, mas ele precisa saber otimizar processos, embarcar a tecnologia dentro de um processo, para ganhar tempo e minimizar custos e riscos”.
Na área da saúde, ele cita que uma série de análises de dados podem ser feitas por meio da tecnologia, auxiliando até em diagnósticos.
No curso de Medicina, a instituição investiu em recursos tecnológicos para aprimorar o aprendizado, como a mesa anatômica digital que permite explorar em detalhes o corpo humano em 3D.
Lorena Pianzoli de Souza, estudante do 3º período de Medicina e monitora de Anatomia, destacou que a tecnologia tem revolucionado o ensino.
“Hoje, não aprendemos apenas com os livros ou com as aulas teóricas, mas temos acesso a ferramentas digitais que tornam o aprendizado mais dinâmico, prático e mais próximo da realidade”.
Marcello Dalla, médico de Família e Comunidade e professor da Faesa, enfatizou que a abordagem de temas de saúde digital, como teleconsultas e teleconsultoria, devem ser presentes em toda graduação.
“A Organização Mundial da Saúde destaca a importância da educação em saúde digital, já que a conectividade é um determinante social: quem tem acesso vive mais e adoece menos. Por isso, formar médicos capazes de atuar tanto presencialmente quanto a distância é, hoje, uma necessidade para garantir cuidado à população”.
O que está mudando
1. Currículos atualizados
Instituições de ensino estão revisando suas matrizes curriculares em muitos cursos, para incluir temas como Inteligência Artificial, ciência de dados, cultura digital e novas tecnologias.
Isso não acontece só em cursos de Tecnologia da Informação. Direito, Psicologia, Arquitetura, Comunicação e Administração também passam a tratar de temas como jurimetria, automação, análise de dados e ética algorítmica.
2. Novos recursos tecnológicos
Além de novas disciplinas, as faculdades e universidades também têm investido em novos recursos para o aprendizado, como tecnologias de realidade virtual, de realidade aumentada, impressoras 3D e softwares que fazem simulações para o aprendizado.
Em Áreas como Medicina e Engenharia, por exemplo, utilizam simulações de cirurgias robóticas, bonecos automatizados, realidade virtual e ambientes interativos para praticar cenários cada vez mais realistas.
3. Mudança no papel do professor
O papel do professor também está mudando. Ele, cada vez mais, passa a ser um facilitador da aprendizagem, atuando como curador e orientador.
Em vez de transmitir informação, ele ajuda o estudante a analisar, interpretar, validar e aplicar o que encontra — inclusive o que é gerado pela Inteligência Artificial. Para isso, a formação docente contínua torna-se necessária.
4. Inteligência Artificial entra na rotina de estudo do aluno
Ferramentas de IA já são usadas por estudantes para resumos, mapas mentais, explicações personalizadas, simulações de questões e acompanhamento de aprendizagem.
A tecnologia também tem facilitado o acesso à investigação científica.
Ferramentas de Inteligência Artificial auxiliam na revisão sistemática, extração de dados, análises estatísticas e redação de artigos.
Por isso, há esforços em algumas instituições de ensino superior voltados para ensinar os estudantes a usarem ferramentas de Inteligência Artificial para auxiliar no processo de aprendizagem e na elaboração de trabalhos. Nesse caso, as tecnologias não escrevem o trabalho para o estudante, mas auxiliam.
Em algumas delas, o conhecimento está em disciplinas introdutórias ou oficinas e seminários.
5. Avaliações reformuladas
Uma outra tendência, segundo especialistas, é a valorização de avaliações práticas: projetos, estudos de caso, seminários, resolução de problemas complexos e portfólios.
A tendência é Avaliar menos o que o aluno sabe e mais como ele argumenta, decide e resolve.
6. Tecnologia como ponto de partida
Em diferentes áreas, a Inteligência Artificial tem assumido o papel de “primeiro impulso criativo”, isso tem levado a mudanças também na forma de ensino.
Não se trata de substituir o papel do estudante, mas de acelerar o momento inicial da produção — seja um texto, um projeto, um protótipo ou um conceito artístico.
7. Maior peso para habilidades humanas
Se a Inteligência Artificial lida com síntese, cálculo e repetição, o diferencial passa a ser o que não pode ser automatizado: pensamento crítico, criatividade, argumentação, ética, empatia e colaboração.
Disciplinas e projetos voltados a essas competências acabam ganhando, então, a centralidade.
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