Vports investe em ferrovia e automação. Veja o planejamento para os próximos anos
Trem voltará a circular em Capuaba carregando ferro-gusa, ampliando a capacidade e abrindo novas rotas logísticas em desenvolvimento
A Vports vai investir, com o apoio de parceiros, mais de R$ 100 milhões para viabilizar as operações no Cais de Capuaba, em Vila Velha, incluindo a recuperação de uma estrutura ferroviária, ampliação de capacidade estática para granéis sólidos, melhoria de infraestrutura, além de investimentos em automação.
Um novo contrato de longo prazo — 17 anos —, firmado com a Multilift, prevê a construção, ainda no primeiro semestre de 2026, de uma mega ferroviária exclusiva para descarregamento de ferro-gusa. Na sequência, a operação da carga ocorrerá por meio de parceria entre Vports, Multilift e VLI.
Tais avanços permitirão que o ferro-gusa chegue diretamente ao porto, ampliando as opções do mercado e fortalecendo o Espírito Santo como um hub multimodal de relevância para o País, segundo o diretor-presidente da Vports, Gustavo Serrão.
Ele afirma que a recuperação de toda a estrutura em Capuaba e a preparação para o início das operações em 2026 têm importância estratégica por favorecer a atração de novas cargas e a abertura de outras rotas, como uma possível e inédita ligação entre o Espírito Santo e a Região Centro-Oeste do País como um todo, além de destinos mais específicos como Goiás e o Triângulo Mineiro.
“A preparação para o início das operações ferroviárias, somada à possibilidade de receber navios com porte bruto maior, de até 83 mil toneladas, ampliará as possibilidades de trabalhar granéis, como grãos e fertilizantes — esse último um dos grandes destaques de movimentação de 2025”, afirma.
Outro passo divulgado pela Vports é a ampliação em 70 mil metros quadrados da área do porto destinada a contêineres — espaço que corresponde a 60% da área total hoje já operada pelo terminal.
A conclusão do processo de licenciamento ambiental junto ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema-ES) de Barra do Riacho, previsto para a metade de 2026, também será uma etapa fundamental nesse propósito de desenvolvimento, segundo a Vports.
O projeto em licenciamento para Barra do Riacho prevê novos negócios na área de grãos — aproveitando a integração ferroviária —, bem como atividades destinadas à indústria de gás e serviços offshore, entre outros, incluindo o descomissionamento de plataformas de petróleo, o que leva em conta a localização estratégica do Espírito Santo.
Os Números
100 milhões de reais serão investidos
83 mil ton. novo limite para navios
Desmontagem de plataformas
A possibilidade de realizar o descomissionamento de navios-plataforma é bem visto pela Vports, segundo o diretor-presidente Gustavo Serrão. “É uma das alternativas para a área em Barra do Riacho, Aracruz, e pode ser uma excelente solução”, disse na última terça-feira (2) durante café da manhã com jornalistas.
O descomissionamento é o processo de desativação, desmontagem e remoção de instalações industriais e suas estruturas ao final de sua vida útil. Inclui atividades como o fechamento seguro de poços, a remoção e o descarte adequado de materiais e resíduos, e a recuperação ambiental da área.
Serrão destacou que essa seria uma das possibilidades para o local, que está sendo licenciado para atuar como múltiplo propósito.
Em novembro, grupo da Findes foi à Europa buscar parcerias com empresas internacionais e atrair investimentos no setor. A ideia é estimular o desenvolvimento dessa cadeia produtiva no Espírito Santo e fortalecer fornecedores locais, por meio da aproximação de multinacionais que já atuam nessa área.
“O Estado reúne as melhores condições para sediar essa indústria: portos em operação e em projeto, cadeia metalmecânica madura, empresas de sucata e reciclagem com experiência em óleo e gás, além de ser o 3º maior produtor de petróleo do País”, destaca Paulo Baraona, presidente da Findes.
200 mil veículos no porto em 2026
O segmento de veículos, máquinas e equipamentos também surge com potencial de crescimento, segundo o diretor-presidente da Vports, Gustavo Serrão, haja vista o novo contrato firmado com a Comexport, o 16º depois da concessão do porto à iniciativa privada.
Segundo Serrão, a parceria com a gigante do comércio exterior – que se tornou a maior empresa do Espírito Santo – permitirá que o Espírito Santo receba mais de 200 mil veículos por ano e se consolide como a principal porta de chegada dos automóveis de outros países ao Brasil.
A expectativa é de aumento também nas importações de máquinas, equipamentos e de cargas especiais — que exigem operações específicas para a movimentação.
“Tudo isso é reflexo do trabalho desenvolvido há três anos para dar dinamismo, flexibilidade e produtividade ao porto”, disse Serrão.
Segundo ele, entre investimentos realizados e em andamento, a Vports soma R$ 1 bilhão em obras de modernização e infraestrutura. “E seguimos firmes e motivados a dar continuidade a esse projeto que constrói eficiência e produtividade a partir do desenvolvimento sustentável e compartilhado”.
Sem confiança com os EUA
A relação do empresariado brasileiro com os Estados Unidos ficou abalada após o “tarifaço” e alternativas já são buscadas para que o País não fique dependente de decisões de fora, segundo analisou o diretor-presidente da Vports, Gustavo Serrão, durante conversa com jornalistas em evento realizado ontem.
“Eu acho que não tem volta, do ponto de vista de confiança em relação aos Estados Unidos. Eu vejo iniciativas de prospecção para buscar outras alternativas, porque esse susto que a gente teve deixou muito claro que não dá para ficar com um nível de dependência. Vejo iniciativas em busca de novas rotas, mas claro que nada é feito a curto prazo”, afirmou.
Já sobre a Reforma Tributária, Serrão destacou que o tema acabou por tendo um efeito positivo na organização do ES: tornou os agentes públicos e privados mais coesos em torno do tema da infraestrutura.
“A reforma é um desafio que acabou nos unindo. Vejo hoje a agenda da infraestrutura como tema central no Estado, tanto para o setor público quanto para o privado. Não tem um evento em que esse tema não seja abordado, seja pelo governo estadual, pela bancada federal, por empresários... É uma coesão que não se vê em outros estados”, afirmou.
Ainda de acordo com Serrão, a localização geográfica e a estrutura existente no Espírito Santo colocam o ES em destaque para essa atração de cargas e investimentos.
Serrão ainda cita que investimentos para duplicação de rodovias, como os em curso na BR 101 — que interliga a Bahia e o Rio de Janeiro, cruzando o Espírito Santo de norte a sul —, e também os recursos previstos para a BR 262, são fundamentais para o escoamento da produção capixaba e do que chega via importação.
Detalhes
Ferrovia exclusiva a partir de 2026
Ampliação
A expectativa é de ampliar a capacidade de transporte de granéis sólidos, como o ferro-gusa, usado como matéria-prima para fabricação de aço. Um contrato de 17 anos firmado com a empresa Multilift prevê a construção, no primeiro semestre de 2026, de uma ferrovia exclusiva para descarregamento de produtos em trânsito no porto.
Com isso, a operação da carga será feita por meio de uma parceria entre a Vports, a própria Multilift e a VLI, concessionária responsável pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA), que transporta cargas entre o Espírito Santo e o Brasil Central.
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