Greve no setor metalmecânico ameaça paralisar estaleiro, dizem empresas
Situação na Seatrium completa 30 dias, com prejuízo diário de R$ 2,5 milhões, atrasos em navio da Marinha e nos módulos da P-84 e P-85
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer) alertaram sobre a possibilidade de paralisação das atividades do Estaleiro Seatrium Aracruz por conta de um impasse envolvendo as negociações coletivas de trabalho do setor metalmecânico.
Em carta aberta, a federação e o sindicato solicitaram apoio do governo do ES diante da situação, citando os riscos econômicos, sociais e produtivos da greve instaurada.
O Sindifer chegou a obter uma liminar na Justiça do Trabalho para impedir a paralisação, mas relatou dificuldades no cumprimento da medida.
A paralisação completou 30 dias na última segunda-feira (1º), provocando, segundo o Sindifer, “atrasos contratuais relevantes, interrupção de serviços essenciais e crescente insegurança operacional para empresas que atuam em grandes complexos industriais”.
“O risco de descontinuidade em plantas estratégicas é real. Empresas estão perdendo turnos inteiros porque os trabalhadores não conseguem entrar. Precisamos de celeridade da Justiça para restabelecer condições mínimas de negociação e operação”, afirma o presidente do Sindifer, Luiz Alberto de Souza Carvalho.
Navios
De acordo com a Findes, cada dia de paralisação provoca um prejuízo estimado de R$ 2,5 milhões em perdas diretas de faturamento e produtividade, além de impactos negativos sobre toda a cadeia de fornecedores e prestadores de serviços locais.
“A instabilidade tem afetado não apenas a produção dos módulos da P-84 e P-85, mas também colocado em risco o cronograma de construção do Navio Polar “Almirante Saldanha”, projeto estratégico para a Marinha do Brasil, inédito no País e com relevância para a segurança nacional”, diz a entidade.
O governo do Espírito Santo e a Seatrium foram procurados, mas não se manifestaram até o fechamento desta edição.
O outro lado
Sindicato rebate empresários
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico (Sindimetal) afirmou que a Seatrium tenta “confundir os trabalhadores com propostas cheias de armadilhas e manobras para escapar de suas obrigações”.
A afirmação foi feita em publicação realizada no perfil do Instagram do Sindicato, na última segunda-feira. De acordo com o Sindimetal, não há negociação em curso e a empresa estaria tentando enganar funcionários.
“A Seatrium tenta fazer parecer que existe uma negociação em curso, mas não existe. O que há, oficialmente, é uma Convenção Coletiva assinada, válida e retroativa a 1º de setembro, que a empresa insiste em não cumprir”, afirma o sindicato.
“A empresa deixou acordo caducar por escolha própria, não negociou, não cumpriu o que foi decidido no Tribunal no ano passado e agora tenta colocar a categoria contra o sindicato enquanto age para economizar às custas dos trabalhadores”, completa a nota do Sindimetal.
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