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Economia

Vida de luxo entre líderes da “farra dos descontos”

Donos e executivos de empresas por trás das principais entidades que mantêm convênios com o INSS têm padrão de vida elevado


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Imagem ilustrativa da imagem Vida de luxo entre líderes da “farra dos descontos”
Resort Ponta dos Ganchos, em Santa Catarina, onde ocorreu festa com políticos e executivos do THG |  Foto: Reprodução/Youtube Sonho e Destino

Mansões que valem mais de R$ 20 milhões, apartamentos nos bairros mais caros de São Paulo, carros de luxo, contratos públicos, negócios com lobistas e festa com políticos em resorts.

Esse é o padrão de vida dos donos e executivos das empresas que estão por trás das principais entidades da “farra dos descontos” sobre aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Essas associações mantêm convênios com o INSS que lhes permitem cobrar mensalidades associativas de aposentados, com desconto direto na folha de pagamento do benefício, em troca de supostas vantagens em serviços como plano de saúde, seguro e auxílio-funeral, que não ocorrem e nem são conhecidas pelos aposentados.

As entidades envolvidas receberam, juntas, R$ 56 milhões com os descontos de aposentados somente em maio deste ano. Todas têm em suas diretorias parentes e funcionários de empresas ligadas a um mesmo grupo de empresários que cultivam boas relações com políticos e lobistas conhecidos em Brasília.

À frente desse grupo está um empresário, que não teve o nome divulgado, que tinha como seu “braço direito” um ex-deputado. Em abril deste ano, o ex-deputado reuniu empresários, senadores, deputados e até um governador em um resort de luxo em Santa Catarina, cuja diária é de R$ 10.700.

Ao todo, entre imóveis e carros, o patrimônio do empresário passa dos R$ 60 milhões, segundo apurou o jornal Metrópoles. Somente em nome de uma das empresas dele, foi identificada uma frota de carros luxuosos, incluindo uma Lamborghini Urus avaliada em R$ 3,1 milhões.

O Grupo THG, os seus executivos e as associações Ambec, Cebap e Unsbras/Unabrasil têm negado irregularidades e afirmado que vão adotar a biometria nas filiações, conforme determinado pelo INSS e por órgãos como o TCU.

Já o empresário nega ter relação com lobistas e com políticos e que teve uma “relação pontual com a Precisa, que foi um empréstimo pessoal”.

Diretor de benefícios é demitido após denúncias

Após a divulgação da “farra de descontos” das entidades sobre os vencimentos de aposentados, um ex-diretor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi exonerado do cargo.

Segundo o jornal Metrópoles, o ex-diretor era responsável justamente por assinar termos de cooperação técnica com associações e sindicatos para que essas entidades oferecessem serviços, como planos de saúde, seguros e até auxílio-funeral, em troca de descontos de percentuais ou valores fixos das aposentadorias de beneficiários do INSS que fossem filiados a elas.

Essas entidades tiveram um crescimento exponencial de faturamento e de filiados em meio a uma onda de denúncias de fraudes na filiação de idosos. Somente entre 2023 e 2024, 29 entidades receberam mais de R$ 2 bilhões em descontos de aposentadorias. O faturamento mensal delas saltou de R$ 85 milhões para R$ 250 milhões mensais nesse período.

Mesmo em meio à onda de denúncias, o ex-diretor assinou pelo menos sete novos termos de cooperação com essas entidades somente em 2024. Pesou junto à cúpula do INSS o fato de o próprio ex-diretor ter omitido informações sobre esses contratos.

Em nota, o ex-diretor afirma que todos os termos de cooperação firmados por ele foram devidamente instruídos pela equipe técnica da Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão (Dirben), “de acordo com a norma e com a aprovação prévia da Procuradoria Federal Especializada (PFE)”. Foram obedecidos, de acordo com o ex-diretor, os princípios da publicidade e legalidade.

Segundo o ex-diretor de Benefícios do INSS, sua gestão foi responsável por estabelecer critérios mais rígidos para os acordos de cooperação técnica relativos a descontos de mensalidades associativas, como a necessidade de biometria.

O ex-diretor nega ter omitido informações sobre contratos e termos de cooperação firmados. Diz, ainda, que apoia “integralmente” todas as investigações conduzidas pela Corregedoria-Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (MPF).

Saiba mais

>> Festa em resort

Empresários ligados ao Grupo THG, senadores, deputados, empresários e até um governador se reuniram no luxuoso Resort Ponta dos Ganchos, em Governador Celso Ramos (SC) para uma comemoração antecipada de aniversário. A diária lá chega a R$ 10.700.

>> Mansões e carros

Dono da THG, cujos executivos atuam nas associações envolvidas na farra dos descontos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o empresário mora em um apartamento avaliado em R$ 9,2 milhões na capital paulista e comprou, em 2021, uma mansão em um dos condomínios de luxo em Porto Feliz (SP), por R$ 22 milhões. Pelo mesmo valor e no mesmo ano, também adquiriu uma mansão no bairro Jardim Europa, também em São Paulo.

Ao todo, entre imóveis e carros, seu patrimônio passa dos R$ 60 milhões. Uma das empresas de Camisotti tem, inclusive, uma frota de 8 carros de luxo.

>> Plano de saúde

Nos últimos anos, o empresário teria feito grandes negócios com o Poder Público. Em 2017, a Prevident, uma das empresas do grupo, conseguiu contrato de R$ 9 milhões mensais com o Geap, o plano de saúde dos servidores públicos federais.

No Geap, a Prevident subcontratava os serviços da Brazil Dental, empresa que faz parte do Grupo THG. Em 2020, no governo de Jair Bolsonaro (PL), militares que assumiram a direção do Geap resolveram trocar contratos e tiraram as empresas, alegando prejuízo milionário.

Já com a Precisa Medicamentos, também tinha outros negócios. Um deles foi relatado em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf): uma operação de R$ 18 milhões que tentou, sem sucesso, fazer em nome da Precisa, para fornecer testes de Covid ao governo do Distrito Federal.

>> Negam irregularidades

O Grupo THG, os seus executivos (incluindo o empresário) e as associações Ambec, Cebap e Unsbras/Unabrasil têm negado irregularidades e afirmado que vão adotar a biometria nas filiações, conforme determinado pelo INSS e por órgãos como o TCU.

As entidades também pontuam que, dessa maneira, haverá mais segurança nas filiações.

Fonte: Jornal Metrópoles.

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