Veja o que fazer se for afetado pela greve do INSS
Até o momento, segundo o instituto, cerca de cem agências estão fechadas total ou parcialmente, de um total de 1.306 unidades
Escute essa reportagem
Servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) estão em greve em todo o país desde 10 de julho. A medida atinge tanto quem trabalha de forma presencial, nas APSs (Agências da Previdência Social), quanto os que estão em home office.
Até o momento, segundo o INSS, cerca de cem agências estão fechadas total ou parcialmente, de um total de 1.306 unidades. No estado de São Paulo, segundo o INSS, 15 agências estão fechadas.
A reivindicação dos grevistas é um reajuste salarial de 33% até 2026 e a valorização da carreira de técnico do seguro social.
Os segurados podem acessar mais de cem serviços do instituto previdenciário pelo Meu INSS (aplicativo ou site gov.br/meuinss) como requerimento de benefício, cumprimento de exigência e solicitação de auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença). A Central de Atendimento 135 segue funcionando, de segunda a sábado, das 7h às 22h, segundo o INSS.
Com a adesão dos servidores, alguns serviços foram afetados. Para quem precisa de atendimento pericial para receber o auxílio-doença com afastamento de até 180 dias, o INSS orienta o uso do Atesmed. O sistema recebe atestados médicos ou odontológicos online, dispensando a perícia presencial. A ferramenta usa inteligência artificial para fazer cruzamentos de dados e detectar falsificações e fraudes.
Nos casos de perícia médica já marcada para benefício por incapacidade temporária, o INSS orienta o segurado a pedir a conversão de agendamento de perícia para Atestmed.
Para os demais casos, a orientação é reagendar o atendimento pelo 135 ou Meu INSS.
Das agências que aderiram à greve, muitas estão funcionando parcialmente. Quem tem agendamento de perícia presencial deve ir ao local para não correr o risco de ter o benefício negado por falta de comparecimento.
Se não for atendido, é preciso reagendar a perícia. O reagendamento é necessário para evitar a perda dos atrasados (valores devidos pelo INSS ao segurado).
"Caso não consiga entrar, deve tirar foto da agência e fazer reclamação na ouvidoria, na data da perícia, para que fique comprovado posteriormente que esteve no local", diz a advogada Priscila Arraes, especialista em direito previdenciário e sócia do escritório Arraes & Centeno Advocacia.
No caso de a greve perdurar por muito tempo, e uma resposta ao pedido de aposentadoria, pensão ou auxílio atrasar em mais de 90 dias, o segurado pode impetrar um mandado de segurança.
"Fora isso, o INSS deverá pagar juros e multa caso atrase a concessão das aposentadorias, conforme ficou definido em portaria, por período superior a 90 dias", afirma.
Gisele Kravchychyn, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), sugere que, em caso de prejuízo, o segurado faça denúncia na ouvidoria do governo no site falabr.cgu.gov.br para registrar o problema e, se necessária medida judicial, procure advocacia especializada em matéria previdenciária.
Além dos atendimentos presenciais (exceto perícia médica) e a análise e concessão de benefícios como aposentadorias e pensões e BPC (Benefício de Prestação Continuada), a paralisação também impacta recursos e revisões e o pente-fino em auxílios, com o qual o governo Lula espera conseguir uma economia de cerca de R$ 6 bilhões no ano que vem para o Orçamento.
O governo federal apresentou aos servidores uma nova proposta de reestruturação da carreira nesta quarta-feira (17). A categoria considerou um "avanço", mas "aquém da pauta aprovada pelos trabalhadores nos seus fóruns deliberativos", por isso o martelo para o final da greve ainda não foi batido.
A proposta anterior indicava um reajuste de 9% para janeiro de 2025 e 5% para abril de 2026. O governo propôs um incremento, mantendo o percentual de 9% para janeiro de 2025 e 9% para janeiro de 2026, totalizando 18% de reajuste.
Para a Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social), os valores estão abaixo das perdas salariais acumuladas pela categoria desde 2017, em torno de 53%.
O governo também assumiu compromisso de implementar o Comitê Gestor da Carreira, prometido na greve de 2015 e até hoje não implementado, que terá o objetivo de discutir a reestruturação da carreira do seguro social.
Comentários