Vai faltar engenheiro no mercado e empresas pedem mudanças em cursos
Empresas do Estado já relatam dificuldade em contratar e pedem mudanças nos currículos das instituições de ensino
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Para construir um país, engenheiros são indispensáveis. Mas, a cada ano, mais da metade dos estudantes que ingressam em Engenharia não se forma, segundo a Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior. Quando se formam, não estão qualificadas para atuar no mercado de trabalho.
Empresas do Estado já relatam dificuldade em contratar e pedem mudanças nos currículos das instituições de ensino. Se isso continuar, vai faltar engenheiro no futuro, alertam especialistas.
“A escassez é observada no Estado e segue uma tendência nacional, que estima um déficit de aproximadamente 75 mil engenheiros no setor elétrico e da construção civil, impulsionado por evasão universitária e queda no interesse pela graduação”, afirma Elcio Paulo Teixeira, CEO da Heach Recursos Humanos.
Mas ele destaca que a escassez não é uniforme. “Há oferta de profissionais formados em outras engenharias, como industrial e metalúrgica”.
Isso não significa, explica Elcio, que a formação acadêmica no Estado não seja boa. Apenas que não tem atendido às exigências das empresas, principalmente na questão da experiência prática. “Por isso algumas empresas, como a Trimak, tem investido em programas de capacitação interna”.
CAPACITAÇÃO

Engenheiro mecânico, Felyppe Scheffer, de 28 anos, foi um dos beneficiários. Ele foi estagiário, fez o programa de trainee da empresa e hoje é coordenador de assistência técnica da Trimak.
Felyppe conta que o programa o ensinou a ser um líder e que sentiu dificuldade de entrar no mercado.
“Fiz diversas entrevistas de emprego para conseguir um estágio. Infelizmente, a faculdade não te prepara para entrevistas e como se portar. Requer habilidades que não são bem desenvolvidas durante a formação acadêmica. Cabe ao aspirante a engenheiro desenvolvê-las sozinho”.
Falta uma aproximação maior das instituições de ensino com as empresas, destaca Sidcley Gabriel, diretor administrativo da Javé Construtora e Incorporadora. Em sua empresa, também tem sido difícil contratar.
“Uma mudança nos currículos, com mais aulas práticas, ajudaria, principalmente, para negócios mais específicos. Até para preencher vagas de estágio estamos tendo dificuldade em encontrar bons candidatos”
SAIBA MAIS
Queda
O número de concluintes em cursos de Engenharia caiu de 124.810 em 2018 para 87.782 em 2023, segundo o Censo da Educação Superior (Inep). Em Engenharia Civil, a queda foi de 50 mil para 26,5 mil.
Evasão
Segundo o Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, a taxa de evasão na rede privada é de 65,2%; na pública, 43,4%. Nenhuma engenharia está entre os 10 cursos mais procurados na rede privada do Estado. Na pública, Mecânica ocupa o 5º lugar. Engenharia de Produção (8º) e Elétrica (9º) também aparecem na lista.
Ensino básico
27% dos alunos brasileiros atingem o nível mínimo de proficiência em Matemática, segundo o Pisa. A média da OCDE é 69%. Apenas 1% atinge os níveis mais altos (contra 9% nos países desenvolvidos).
Falta
Se a tendência continuar, o Brasil pode enfrentar um déficit de 1 milhão de engenheiros até 2030, alerta o presidente do Confea, Vinicius Marchese.
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