Servidores do INSS vendiam acesso a dados de aposentados por 25 reais
Investigação da Polícia Federal apontou que funcionários repassavam senhas e outras informações sigilosas de beneficiários
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Investigação contra funcionários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e de um hacker de São Paulo que vendia dados sigilosos de brasileiros, incluindo aposentados, pensionistas e beneficiários em geral, aponta que a cada senha fornecida o servidor envolvido ganhava R$ 25.
“Os dados eram comercializados. E foi identificada uma cobrança em torno de R$ 25 por cada senha Gov.br vendida, e R$ 300 por cada desbloqueio de benefício (no INSS)”, aponta o delegado Lucas Amorim Ferreira, de Cascavel (PR), responsável pela operação contra o grupo, ocorrida nesta semana.
Segundo o delegado, o esquema se dividia em grupos: hackers que faziam uso de técnicas avançadas de invasão cibernética e conseguiam ingressar no banco de dados do INSS; servidores da autarquia que vendiam as respectivas credenciais de acesso aos sistemas; e indivíduos que vendiam os dados dos beneficiários para interessados.
Ferreira explica que chegou aos investigados, entre servidores do INSS, um hacker e um estagiário da autarquia, após prender integrantes de uma quadrilha que sacava dinheiro de benefícios em agências bancárias.
“A operação Mercado de Dados decorre de investigação que apura o vazamento e a comercialização de dados de beneficiários do INSS. Com base em uma operação anterior, identificamos uma organização criminosa que adquiria esses dados, falsificava documentos de identidade, ia até as agências bancárias e lá realizava saques e contratava empréstimos consignados de forma fraudulenta”, conta.
Essa nova investigação buscava identificar quem fornecia esses dados aos estelionatários, explica o delegado. “E foi possível identificar um grande e lucrativo esquema com essa venda de dados.”
Segundo a PF, a investigação constatou que foram vendidas cerca de 40 mil senhas, o que daria lucro de R$ 1 milhão ao grupo, só nisto, sem contar as vendas por desbloqueios de benefícios.
A investigação revelou que foram, só nos últimos três meses, 2.800 desbloqueios de benefícios, o que daria lucro de R$ 840 mil no trimestre. Ao todo, a organização teria lucrado R$ 32 milhões.
O inquérito ainda aponta que um dos grupos foi responsável por cooptar servidores para esse fornecimento de logins. A senha dá acesso ao sistema Meu INSS e possibilita alteração de informações e até solicitação de benefícios.
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