Remuneração na engenharia desanima estudantes. Conselho fala em "apagão"
Presidente do Sinduscon afirmou que área tem vagas a serem preenchidas e dificuldade de achar pessoas qualificadas
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“No ano passado, no Congresso Brasileiro de Engenharia, dados mostraram que está diminuindo a quantidade de alunos ingressantes ao longo dos anos. Também estamos observando isso no dia a dia. Há uma quantidade menor de estudantes interessados”, afirma Clarisse Pereira, coordenadora dos cursos de graduação em Engenharia de Produção e Engenharia Civil do UniSales - Centro Universitário Salesiano.
Embora o desinteresse dos jovens seja um fator, outro é a diferença entre expectativa e realidade. “Não há um salário tão bom para todo mundo que se forma. Muitas empresas contratam com outras titulações, como auxiliar. Isso significa que quando se formam, não recebem a remuneração que esperavam”.
Ao mesmo tempo, explica, o mercado espera que a pessoa se forme pronta e não é isso que acontece. “Ela ainda vai precisar ganhar experiência, tirar certificações e fazer especializações. Aí sim você vai chegando no nível que o mercado espera”.
Quanto às mudanças no currículo, a coordenadora concorda. O UniSales, por exemplo, tem feito alterações para incluir uma prática maior, como projetos, desde o início.
Não é a única tentando. “Os cursos de Engenharia estão passando por uma reestruturação, estão se atualizando”, destaca Geilma Vieira, subchefe do Departamento de Engenharia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Conselho Federal diz que há risco de “apagão” de profissionais
“Ver a queda no número de formando em Engenharia no Brasil não é só uma estatística. É um alerta. Se essa tendência continuar, até 2030 podemos enfrentar um déficit de 1 milhão de engenheiros, e isso impacta diretamente o desenvolvimento do País”, alerta Vinicius Marchese, presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), em seu perfil no Instagram.
Como ele, Fernando Feltz, diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), também vê o perigo de um futuro sem mudanças.
“Daqui a pouco vamos acabar tendo um 'apagão' de mão de obra se isso continuar. Hoje temos um mercado de construção no Estado com muitas oportunidades de emprego. Diferente de outras áreas, temos vagas a serem preenchidas, mas temos dificuldade de achar pessoas qualificadas”.
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