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Economia

Queixas de clientes batem recorde na Black Friday

Foram em todo o País 12.141 reclamações só no site Reclame Aqui. Vendas caíram e a data acabou tendo o 2º pior resultado da história


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Imagem ilustrativa da imagem Queixas de clientes batem recorde na Black Friday
Expectativas na Black Friday não foram correspondidas |  Foto: Tiago Melo/AT - 21-11-2022

O número de queixas de consumidores na Black Friday bateu recorde. Segundo o site Reclame Aqui, foram 12.141 reclamações entre meio-dia de quarta (22) e as 22 horas de sexta (24), data oficial do evento.

O volume histórico torna a edição atual a maior em número de reclamações desde que o evento começou a ser adotado no Brasil, em 2010. A plataforma, fundada em 2001, contabiliza os dados de reclamações registradas pelos consumidores no próprio site.

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O crescimento nas queixas foi de 30% quando comparado ao mesmo período do ano passado, segundo o site. No ranking geral, a quantidade está atrás apenas de 2014, quando foram 12 mil.

No País, o maior registro de reclamações foi por propaganda enganosa, com 16,67%, segundo o Reclame Aqui. Atraso nas entregas fica em segundo lugar, com 16,14%, seguido de produto não recebido (14,21%), estorno do valor pago (9,99%) e problema na finalização da compra (4,95%).

Para a plataforma, os golpes virtuais influenciaram no volume de reclamações no período. “De 8 mil sites pesquisados e analisados, cerca de 4 mil eram páginas com alertas para o consumidor”, diz a pesquisa. Os Procons de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Estadual informaram que não receberam reclamações.

Vendas

O resultado financeiro para o período também não foi positivo. O recuo nas vendas on-line foi de 15,1%, segundo a Confi.Neotrust.

Para o gerente-executivo da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Daniel Sakamoto, a frustração nas vendas se deve a uma quantidade menor de produtos com descontos, uma margem de lucro maior às empresas e os juros elevado, prejudicando o parcelamento.

“A gente percebeu também que, durante o mês de novembro, várias empresas fizeram promoções, o que acabou diluindo as vendas durante o mês”, afirma.

O representante ainda cita um resultado positivo em promoções de itens de vestuário e cosméticos, ficando com o impacto negativo os eletroeletrônicos, justamente os que representam a maior fatia das vendas durante o evento.

Sakamoto ainda cita uma migração grande dos consumidores para as lojas físicas, movimento contrário à tendência dos anos anteriores.

Expectativa de mais vendas no Natal

Embora o resultado tenha sido negativo durante a Black Friday, segundo os dados nacionais, a previsão é que o Natal supere a expectativa de vendas.

Para o vice-presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin, a previsão é que o comércio mantenha o resultado dentro do esperado, com crescimento entre 4% e 6%.

“O Natal não falha. Não há nada indicando que será frustrante. O ambiente de praia e turismo está animado”, comenta.

Um dos fatores que explicam o movimento, segundo o economista Ricardo Paixão, é o alto endividamento e a preferência do consumidor por prorrogar as compras, na esperança de descontos maiores.

“Isso faz com que as pessoas esperem o décimo terceiro cair e retarde as compra. Não vimos um movimento como nos anos anteriores, também não tendo aquele apelo de preços tão baixos que mudasse a expectativa do consumidor”.

Com esse cenário, a aposta é que os consumidores deixem as compras de final de ano para a última hora, mantendo o consumo concentrado durante o período do Natal, o que dá oportunidade para os varejistas prorrogarem as promoções.

Análise

Imagem ilustrativa da imagem Queixas de clientes batem recorde na Black Friday
Antônio Marcus Machado é economista e professor universitário |  Foto: Beto Morais

"Evento perde a credibilidade"

“O que temos observado na Black Friday é algo pouco coerente com o seu objetivo fundamental, que é ter preços promocionais. Deve ser um momento para oferta de preços reduzidos e ganho de receita no volume de vendas. Mas esses descontos nem sempre são reais ou os produtos ofertados muitas vezes têm qualidade inferior, originando assim reclamações e insatisfações.

Eventos dessa natureza perdem credibilidade, pois o que é divulgado não condiz com a realidade.

Há comerciantes que trabalham com transparência e geram confiança. Estes devem ser prestigiados e prestigiados pelos consumidores.”

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