Queixas de clientes batem recorde na Black Friday
Foram em todo o País 12.141 reclamações só no site Reclame Aqui. Vendas caíram e a data acabou tendo o 2º pior resultado da história
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O número de queixas de consumidores na Black Friday bateu recorde. Segundo o site Reclame Aqui, foram 12.141 reclamações entre meio-dia de quarta (22) e as 22 horas de sexta (24), data oficial do evento.
O volume histórico torna a edição atual a maior em número de reclamações desde que o evento começou a ser adotado no Brasil, em 2010. A plataforma, fundada em 2001, contabiliza os dados de reclamações registradas pelos consumidores no próprio site.
O crescimento nas queixas foi de 30% quando comparado ao mesmo período do ano passado, segundo o site. No ranking geral, a quantidade está atrás apenas de 2014, quando foram 12 mil.
No País, o maior registro de reclamações foi por propaganda enganosa, com 16,67%, segundo o Reclame Aqui. Atraso nas entregas fica em segundo lugar, com 16,14%, seguido de produto não recebido (14,21%), estorno do valor pago (9,99%) e problema na finalização da compra (4,95%).
Para a plataforma, os golpes virtuais influenciaram no volume de reclamações no período. “De 8 mil sites pesquisados e analisados, cerca de 4 mil eram páginas com alertas para o consumidor”, diz a pesquisa. Os Procons de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Estadual informaram que não receberam reclamações.
Vendas
O resultado financeiro para o período também não foi positivo. O recuo nas vendas on-line foi de 15,1%, segundo a Confi.Neotrust.
Para o gerente-executivo da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Daniel Sakamoto, a frustração nas vendas se deve a uma quantidade menor de produtos com descontos, uma margem de lucro maior às empresas e os juros elevado, prejudicando o parcelamento.
“A gente percebeu também que, durante o mês de novembro, várias empresas fizeram promoções, o que acabou diluindo as vendas durante o mês”, afirma.
O representante ainda cita um resultado positivo em promoções de itens de vestuário e cosméticos, ficando com o impacto negativo os eletroeletrônicos, justamente os que representam a maior fatia das vendas durante o evento.
Sakamoto ainda cita uma migração grande dos consumidores para as lojas físicas, movimento contrário à tendência dos anos anteriores.
Expectativa de mais vendas no Natal
Embora o resultado tenha sido negativo durante a Black Friday, segundo os dados nacionais, a previsão é que o Natal supere a expectativa de vendas.
Para o vice-presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin, a previsão é que o comércio mantenha o resultado dentro do esperado, com crescimento entre 4% e 6%.
“O Natal não falha. Não há nada indicando que será frustrante. O ambiente de praia e turismo está animado”, comenta.
Um dos fatores que explicam o movimento, segundo o economista Ricardo Paixão, é o alto endividamento e a preferência do consumidor por prorrogar as compras, na esperança de descontos maiores.
“Isso faz com que as pessoas esperem o décimo terceiro cair e retarde as compra. Não vimos um movimento como nos anos anteriores, também não tendo aquele apelo de preços tão baixos que mudasse a expectativa do consumidor”.
Com esse cenário, a aposta é que os consumidores deixem as compras de final de ano para a última hora, mantendo o consumo concentrado durante o período do Natal, o que dá oportunidade para os varejistas prorrogarem as promoções.
Análise
"Evento perde a credibilidade"
“O que temos observado na Black Friday é algo pouco coerente com o seu objetivo fundamental, que é ter preços promocionais. Deve ser um momento para oferta de preços reduzidos e ganho de receita no volume de vendas. Mas esses descontos nem sempre são reais ou os produtos ofertados muitas vezes têm qualidade inferior, originando assim reclamações e insatisfações.
Eventos dessa natureza perdem credibilidade, pois o que é divulgado não condiz com a realidade.
Há comerciantes que trabalham com transparência e geram confiança. Estes devem ser prestigiados e prestigiados pelos consumidores.”
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