Qual será a próxima bolha econômica?
Especialistas fazem previsões para tentar descobrir quais são os bens que são apostas hoje, mas que podem terminar em prejuízos
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Ela acontece quando um ativo é vendido por um preço acima do seu valor real. Quando o mercado se dá conta do erro, ela “estoura”, fazendo os preços caírem rapidamente e causando elevados prejuízos. Essa é a definição para bolha econômica.
Alguns exemplos mais famosos são a queda da bolsa americana em 1929, a bolha da internet em 2002 e a bolha imobiliária americana que causou a crise financeira de 2008. Mas qual será a próxima?
Especialistas consultados apontaram possíveis candidatos. Uma delas, como detalha o economista Ricardo Paixão, é a Inteligência Artificial (IA).
“Bolhas econômicas são parte da concorrência do mercado. O que está ocorrendo hoje é uma grande corrida por investimentos na área das IAs, até na ânsia de superar concorrentes. Mas isso pode deixar de lado questões técnicas e o investimento pode não resultar em lucros, mas num prejuízo não esperado”, explica.
Já o economista e diretor-geral da Faculdade Capixaba de Negócios (Facan), Marcelo Loyola Fraga, diz que a IA vai ser tão revolucionária como a internet, e por isso causou euforia nos investimentos. Mas, assim como no caso da internet, a chance de uma bolha econômica ocorrer também seria grande.
“Seu pleno desenvolvimento, como aconteceu com outras tecnologias, só vai acontecer após a explosão dessa bolha. Veja como era a internet antes de 2002, e como ficou após. O cenário será semelhante”, afirma.
Quem concorda com a “previsão” é o estrategista do banco Goldman Sachs, Jim Covello. Ele afirma que as centenas de bilhões de dólares que as empresas estão investindo em IA não irão desencadear a próxima revolução econômica – nem se equiparar aos benefícios do smartphone e da internet. E quando isso ficar claro, as ações que subiram com essa promessa cairão.
“A maioria das transições tecnológicas da história, especialmente as que foram transformadoras, nos permitiram substituir soluções muito caras por outras muito baratas”, disse Covello.
Outro possível candidato à próxima bolha econômica são as criptomoedas. “Já está começando a ocorrer. É preciso cautela na hora de investir em moedas virtuais, porque o risco de perda é alto”, diz Fraga.
Paixão cita o caso de El Salvador como temerário. O país adotou como moeda oficial o Bitcoin. “Não dá para dizer que lá é exatamente uma democracia, então as informações ficam meio obscuras. Mas países democráticos de verdade, com leis explícitas, correriam grande risco adotando essa medida, porque a economia poderia entrar em colapso em uma questão de segundos”.
Consolidação da IA antes de “estouro”, diz especialista
Para especialistas em tecnologia, as Inteligências Artificiais até têm aspectos que podem levar a percepções de bolha, mas a tecnologia tem fundamentos sólidos que devem resultar na consolidação delas, e não no estouro de uma bolha.
O especialista em Inteligência Artificial Frederico Comério explica que toda tecnologia passa por um ciclo inicial de “hype” muito grande, e logo depois ocorrem as descrenças. Mas, no longo prazo, elas tendem a se consolidar.
“Tanto as IAs quanto as criptomoedas possuem fundamentos sólidos e potenciais de transformação para justificar os investimentos. Só que é crucial equilibrar as expectativas com as realidades para evitar uma correção no mercado.”
Já Luciano Raizer, professor doutor do Centro Tecnológico da Ufes e líder empresarial, explica que as empresas precisarão filtrar projetos sérios dos ilusórios ou fraudulentos.
“Isso sempre aconteceu na área da tecnologia, muita promessa e pouca entrega. As IAs que terão sucesso vão ser as que vão ganhar espaço do mercado de forma gradativa”.
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Investimentos
Após o lançamento do ChatGPT, o valor total de um grupo específico de 27 grandes empresas de inteligência artificial aumentou em aproximadamente US$ 10 trilhões (R$ 56 tri), um aumento de 127%. Em contraste, o crescimento esperado em seus lucros líquidos para o ano de 2025 é de apenas 29%, sugerindo um aumento na relação preço/lucro (PE) de 73 vezes.
Os analistas da Jefferies observaram que, embora os gastos com inteligência artificial para os anos de 2024 e 2025 sejam fortes, o mercado de ações recompensou particularmente empresas como a NVIDIA (NVDA (NASDAQ:NVDA)) e seus principais clientes.
O valor total de mercado da NVIDIA aumentou 656%, enquanto seus principais clientes, incluindo seis provedores de serviços em nuvem (CSPs) e Tesla (NASDAQ:TSLA), viram seus valores de mercado crescerem duas vezes, indicando que o mercado de ações também reconheceu os investimentos em inteligência artificial feitos por esses clientes.
“Isso serve como uma forte motivação para que esses clientes continuem investindo, pelo menos até o ano de 2025”, afirmaram os analistas financeiros.
Além disso, esses seis clientes da CSP estão em uma boa posição financeira para fazer investimentos, pois tinham um total de US$ 108 bilhões em caixa líquido no final de 2023 e produziram um fluxo de caixa livre total (após despesas de capital) de US$ 223 bilhões.
Perguntas desafiadoras
No entanto, os analistas preveem que, em meados de 2025, os investidores começarão a fazer perguntas mais desafiadoras a essas empresas sobre seus planos de ganhar dinheiro com seus investimentos e o retorno sobre o investimento (ROI), resultando em previsões incertas para gastos com inteligência artificial em 2026.
A Jefferies também identificou obstáculos significativos para ganhar dinheiro com inteligência artificial. Eles preveem que os gastos globais em servidores de inteligência artificial, principalmente aqueles que usam unidades de processamento gráfico (GPUs) de data center da NVIDIA, ficarão entre US$ 400 bilhões e US$ 500 bilhões de 2023 a 2025.
No entanto, atualmente há uma escassez de modelos de negócios promissores ou estratégias definidas para ganhar dinheiro com grandes iniciativas de inteligência artificial, conforme enfatizado pelo banco de investimento. Além disso, espera-se que o custo anual estimado de eletricidade para operar essas GPUs em data centers de grande escala seja de cerca de US$ 27 bilhões, com base nos preços atuais da eletricidade.
Fonte: br.investing.com
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