Previdência privada cresce e atrai 220 mil de olho na aposentadoria
Interesse pela modalidade é impulsionado pela incerteza sobre a aposentadoria e vantagens fiscais dos planos
Preparar-se para uma aposentadoria mais tranquila no futuro deixou de ser só um objetivo distante, e tem passado a ser atitude vista como necessária por uma fatia cada vez maior da população. Nesse contexto, a previdência privada tem se consolidado como aliada.
Tem crescido cada vez mais a procura pelo planos. Dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) apontam mais de 11,2 milhões de pessoas com planos de previdência privada no País. Desse total, em torno de 220 mil estão no Estado, segundo especialistas.
O crescimento, diz o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Ricardo Paixão, tem como um dos fatores o fato de a grande maioria passar a receber, após a aposentadoria, valor inferior ao salário recebido durante a vida ativa.
“A previdência privada oferece algumas vantagens, como benefícios fiscais, a exemplo da dedução de até 12% da renda bruta tributável, e a tributação incidindo apenas sobre os rendimentos”, explicou o especialista.
O assessor de investimentos Daniel Giestas, da Valor Investimentos, reforçou que, nos últimos anos, tem sido visto um aumento significativo na procura por previdência privada motivado por dois fatores principais: a incerteza em relação ao futuro da Previdência Social e a maior conscientização financeira dos trabalhadores.
“Antes de escolher um plano, é essencial olhar além da instituição financeira e analisar fatores técnicos e estratégicos: perfil do investidor, taxas cobradas, gestão do fundo, tributação, e o modelo PGBL ou VGBL”, disse, referindo-se aos dois tipos de planos, que são explicados na tabela mais abaixo nesta página.
A previdência privada é um instrumento de longo prazo, e começa a mostrar melhores resultados a partir de 10 anos, quando a tributação regressiva atinge a menor alíquota (10%), disse Giestas.
A assessora de produtos e serviços da Sicredi Serrana, Paula Andrioli, destacou que, diferentemente de outros fundos de investimento, a previdência privada não sofre a cobrança antecipada do Imposto de Renda (IR). Normalmente, as alíquotas de IR diminuem com o tempo, começando em 35% até chegar a 10% para prazos acima de 10 anos.
“A modalidade tem facilidade para mudança de perfil do cliente. É um investimento de médio e longo prazo, e orientamos que seja de pelo menos 6 anos. Pode ser ainda forma de reserva feita para os filhos, por exemplo.”
Previdência para filhas
A servidora pública e advogada Paula Paraguassu, 44 anos, contou que tem previdência privada desde que foi aprovada em um concurso quando tinha 25 anos, e que fez para suas duas filhas desde bem pequenas.
“Trabalho desde os 13 anos, tinha meu dinheiro, guardava, mas não sabia investir, o que só fui fazer depois de passar no concurso. E minha filhas – Helena, de 14 anos, e Manuela, de 11 anos – tem suas previdências. Já teve aniversário que, ao invés de presente ou o dinheiro na mão, o valor foi para a previdência”, contou.
DIFERENÇAS
Previdência social
A previdência social é um sistema de proteção social financiado pelo governo. Uma das suas funções é garantir uma renda mínima para os cidadãos na velhice e em casos de invalidez ou de vulnerabilidade.
No Brasil, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é o órgão responsável por administrar a previdência social. Os trabalhadores contribuem por meio de descontos em seus salários, conhecidos como contribuição previdenciária. Não é possível escolher se a contribuição será descontada.
Previdência privada
É uma espécie de sistema de poupança que permite aos participantes contribuir voluntariamente para um fundo de investimento com o objetivo de garantir no futuro uma renda complementar à aposentadoria paga pela Previdência Social.
Esse sistema é administrado por instituições financeiras, como bancos e seguradoras.
Os participantes contribuem voluntariamente, podendo escolher o valor das contribuições e o tipo de investimento de acordo com suas necessidades e objetivos financeiros.
ENTENDA
Para crianças
A previdência privada para menores é uma forma de investimento que permite que os responsáveis façam uma reserva financeira para o futuro dos pequenos. Trata-se de uma aplicação financeira em que é possível escolher o prazo de investimento, a quantia que deseja aplicar mensalmente e o prazo para resgate.
No caso de crianças ou adolescentes, a previdência privada não tem como objetivo gerar uma fonte de renda passiva, mas sim oferecer mais segurança em momentos futuros, como na entrada na maioridade. Essa aplicação pode auxiliar em um intercâmbio, na faculdade ou em um curso para aprimorar o currículo. É um investimento que pode ser vantajoso a longo prazo.
Objetivos e benefícios
A previdência privada é uma forma de investimento de longo prazo, pensada principalmente para a aposentadoria.
Existem dois tipos principais: o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): o 1º é indicado para quem faz declaração completa de Imposto de Renda. O 2º é adequado para quem faz declaração simplificada.
A Previdência privada permite escolher os beneficiários que receberão os recursos acumulados em caso de morte do titular, sem a necessidade de fazer inventário.
O contribuinte pode também escolher o prazo e a forma de resgate. Se o plano for feito como reserva para a compra de um bem ou a realização de sonho em poucos anos, o regime progressivo é o mais indicado.
NÚMEROS
> Mais de 11,2 milhões de pessoas têm cerca de 14 milhões de planos de previdência privada no Brasil. Desse total, 8,9 milhões estão em planos individuais e 2,3 milhões em planos coletivos
> Os planos de previdência privada aberta no País ganharam 91 mil novos participantes em 12 meses, em comparativo divulgado em fevereiro.
> Hoje, 53% das médias e grandes empresas brasileiras oferecem planos de previdência privada aos funcionários.
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