Pesquisa aponta que 30% das empresas evitam jovens da geração Z
Levantamento indica ainda que companhias dizem que tiveram de demitir profissionais da geração Z após 30 dias do início do trabalho
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Um total de 30% dos recrutadores prefere contratar profissionais mais experientes aos jovens da geração Z (nascidos entre 1997 e 2010, ou seja, com até 27 anos atualmente), segundo pesquisa feita pelo software de currículos ResumeBuilder.
O levantamento também mostrou que os mesmos 30% tiveram de demitir um jovem da geração Z após 30 dias do início do trabalho.
O relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, do Ecossistema Great People & GPTW, mostra ainda que 68,1% do mercado de trabalho dizem ter dificuldade para lidar com a geração Z, devido a “falta de comprometimento e impaciência”.
“O jovem é mais impaciente e não tende ao carreirismo, realizando o chamado 'job hopping', ou seja, mudar de emprego com frequência. Há empresas que têm dado maior ênfase à estabilidade, e os funcionários mais velhos tendem a ser mais estáveis”, explica a diretora da Center RH, Eliana Machado.
O problema começa no recrutamento: profissionais de RH dizem que os candidatos da Geração Z não se vestem adequadamente (58%), não fazem contato visual (57%), têm exigências salariais irracionais (42%), não se comunicam bem ( 39%) e não parecem interessados ou engajados (33%).
Após contratados, profissionais da geração Z tendem, segundo a pesquisa, a se “comportar de forma arrogante” (60%) e “são difíceis de gerir” (26%), disseram as empresas.
Daniela Diniz, porta-voz da pesquisa e Diretora de Conteúdo e RI do Ecossistema Great People & GPTW, pontua que situação similar ocorreu há não muito tempo, quando os integrantes da geração Y (nascidos de 1981 a 1995 — chamados de Millenials) começaram a ingressar no mercado de trabalho.
“Era tachada de insubordinada, mimada e descomprometida. Quando vejo hoje o que se fala da geração Z, é como um déjà-vu. Toda geração que entra no mercado do trabalho causa um certo barulho.”
O mentor de empresários e especialista em Desenvolvimento profissional Andre Minucci relatou situação em que uma jovem de 20 anos levou a mãe e a tia para a entrevista presencial.
“Ela as apresentou perguntando se poderiam participar com ela. Explicamos que não era permitido e que era uma vaga para pessoas sem experiência. A mãe ainda insistiu: ‘Não posso ir mesmo?’. A garota ficou relutante, mas fez a entrevista.”
Adaptação para lidar com a mentalidade da nova geração
Nem todos as empresas rejeitam os mais jovens. Há casos de empresas que se adaptam para lidar com a nova mentalidade da Geração Z.
A empresa do setor automotivo Macrolub, de Linhares, é um exemplo. Com 25 anos, Ana Karolina de Almeida Haraguth foi o motivo para que o empresário Benhur Sullivan, criasse um programa nomeado de “Escola de Líderes”, destinado a desenvolver as habilidades de liderança da próxima geração na empresa.
A diretora de marketing e relacionamento da Base27, Débora Sonegheti, afirma que as empresas precisam estar preparadas para acolhar novas e antigas perspectivas em um mesmo ambiente, e aceitar que o mundo do trabalho está em constante evolução.
“Ignorar o potencial dos jovens e o quanto podem contribuir é uma decisão que pode comprometer a longevidade do negócio”.
A arquiteta e mestre em Engenharia Liliam Araujo adotou em seu escritório benefícios como folgas extras para funcionários para atrair e reter funcionários mais jovens. “Acaba ocorrendo como uma recompensa pela produtividade”.
SAIBA MAIS
Pontos fortes e fracos da geração Z
Pontos fortes
As pessoas dessa geração pensam rápido, são agitadas, costumam realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, lidam bem com a imprevisibilidade e não se abalam diante das dificuldades. Sempre abertos à diversidade e atuam bem nos trabalhos em grupo.
Possuem forte tendência ao empreendedorismo, têm facilidade com a comunicação virtual e veem com naturalidade o uso de diferentes tecnologias no ambiente de trabalho.
A qualidade de vida e projetos pessoais, para eles, também são de fundamental importância. Seu alvo principal não é o dinheiro, mas ter uma vida pessoal e profissional condizente com valores que professam e sentir que estão contribuindo para construir uma sociedade melhor.
Para eles, as empresas devem ser éticas e acessíveis, com atuação em causas sociais.
Pontos fracos
Podem apresentar dificuldades de lidar com a hierarquia verticalizada, cumprimento de horário fixo ou rotina maçante de apenas um tipo de trabalho.
São repelidos pelo modelo de autoridade vertical, pois a autonomia é um valor muito caro à Geração Z. A atração desses talentos para o mercado de trabalho demanda a reformulação nos padrões de seleção e recrutamento, plano de carreira, nível salarial.
Os indivíduos da geração Z têm alta rotatividade no mercado de trabalho. São impacientes e desejam rápida progressão na carreira.
Podem ter opiniões fortes demais (treinadas nas discussões nas redes sociais e, por isso, sem embasamento muitas vezes) e podem ser vistos como “mimados” pelas gerações mais velhas já que, muitas vezes, experimentam esse tratamento dentro da família (de poder falar tudo o que quiserem e não ter que cumprir regras).
Tendem a pedir demissão com mais facilidade ou realizar o chamado “quiet quitting” (demissão silenciosa), fenômeno quando o profissional vai se afastando “silenciosamente” de suas funções, fazendo o mínimo do que é encarregado.
Dicas para lidar com a geração Z
Mais voz e espaço
A geração Z deseja ter um impacto no mundo, especialmente por meio do trabalho. A tendência aparece no relatório global Meninas com Impacto 2019/2020, da S&P Global Foundation.
Um gerente inovador deve aproveitar os conhecimentos trazidos por essa nova força de trabalho para fazê-los se sentirem ouvidos, ao mesmo tempo que trabalharia como guia para os mais jovens.
Nada de formalidades
Esse é o momento da liderança millennial dar continuidade a uma cultura mais causal e aberta nas empresas. E esqueça o formalismo corporativo. A geração millennial foi a primeira a minimizar as antigas tradições corporativas, e tudo começou com a cultura de startups.
Dê feedbacks
Não tenha vergonha de elogiar. A geração Z é alimentada por curtidas e compartilhamentos nas redes sociais, e por isso deseja a dopamina gerada pelos feedbacks.
Saúde mental importa
Trabalhadores na casa dos 20 anos são mais abertos do que seus colegas mais velhos sobre sua saúde mental - e eles esperam que os líderes os levem a sério. Iniciativas que possam aliviar a tensão na equipe e o estresse da rotina podem ser interessantes.
Fontes: Especialistas citados na reportagem e pesquisa AT.
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