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Economia

Pequenas farmácias resistem em meio ao avanço das grandes redes

Gigantes do setor se multiplicam, mas estabelecimentos menores sobrevivem. Atendimento e carinho são as palavras-chave


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Imagem ilustrativa da imagem Pequenas farmácias resistem em meio ao avanço das grandes redes
Fabiano (centro) com Kissia Vaneli, José Fiorin, Rafael da Silva e Gabriel Rodrigues: atendimento personalizado |  Foto: Douglas Schneider/AT

Nos últimos anos, a população viu ocorrer uma multiplicação de farmácias pelo Estado. Não é raro  observar a existência de uma em cada esquina.  

Em meio ao avanço das grandes redes, as tradicionais farmácias de bairro resistem com o apoio de clientes fiéis que não dispensam o tradicional vínculo de confiança entre  farmacêutico e cliente.

Ano após ano, tem crescido o número de drogarias abertas no Estado. De acordo com a Secretaria da Fazenda (Sefaz), foram inauguradas 398  farmácias  em 2022, contra 306 em 2021 e 204 em 2020. 

“Esse movimento de crescimento  está relacionado com o envelhecimento da população, mas  o cuidado com a beleza também tem sido  impulsionador para a expansão dessas grandes farmácias de rede. Esse aumento vem ocorrendo, pelo menos, desde 2015”, contou o analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Perrin.

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A farmacêutica Zilma Lúcia Bissoli é proprietária da Drogaria Atual, que funciona há mais de 30 anos em Jardim da Penha, Vitória. Segundo ela, o principal fator que mantém sua farmácia funcionando é o atendimento personalizado.

“Temos clientes que estão conosco há décadas. Muitos  preferem o atendimento em que nós  já os conhecemos  pelo nome, tem aqueles que só ligam e pedem para repor o medicamento que costumam pedir com frequência”.

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A farmacêutica Zilma tem drogaria que funciona há mais de 30 anos |  Foto: Tiago Melo/AT

Para a maioria das farmácias não conveniadas às grandes redes, o modelo de atendimento é semelhante ao de cidades do interior. 

“Farmácias menores tem uma possibilidade maior de criar um vínculo com o cliente.  Para alguns, conta muito o fato do farmacêutico conhecer o seu nome,  dele saber o remédio que você toma. Em casos menos complexos, há clientes que deixam de ir ao médico e optam por confiar na dica do farmacêutico”, explicou Carlos Perrin.

Fabiano Brunorio é gerente da Drogaria Santa Inês, que funciona desde 1982 no bairro de mesmo nome, em Vila Velha. “Só eu trabalho aqui há 30 anos. Acho que o  segredo  é tratar quem entra aqui como se fosse da família”, comenta.

O gerente contou que enquanto um vendedor atende o freguês, o outro oferece um cafezinho. “Tenho clientes que compravam aqui  na época que nem tinha computador. A gente está na terceira geração de fregueses”.

Crediário para manter o cliente

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Farmacêutica Cristina Barros |  Foto: Larissa Maestri

Há 12 anos, a farmacêutica Cristina Barros, de 42 anos, comprou uma drogaria que estava sendo vendida por uma rede farmacêutica no bairro Fradinhos, em Vitória. 

Desde então, a Farmácia Essencial não é mais conveniada a nenhuma rede e, hoje, conta com cinco funcionários. “Com certeza o atendimento humanizado é um dos nossos pilares. Enquanto em farmácias grandes o atendimento é meio robotizado, aqui conseguimos conhecer cada cliente nosso por nome. Esse acaba sendo o diferencial”, contou.

Ela conta que o atendimento personalizado serve para fidelizar o freguês. “A cultura do crediário é outro trunfo. Assim eles não trocam a gente por nada”, explicou.

Preço mais alto é o maior desafio

Proprietários de drogarias não conveniadas relatam grande dificuldade de conseguir mercadorias com preços tão competitivos quanto seus concorrentes maiores.

Consequência desta situação, os preços em farmácias de bairro chegam a ser até duas vezes mais caros que em grandes redes.

Adão Pavani, de 62 anos, é dono da Drogaria América em Cidade Continental, na Serra. Há 26 anos atuando no comércio varejista de  produtos farmacêuticos, ele informou que seu negócio só continua funcionando devido ao bom atendimento, a credibilidade e a confiança dos seus fregueses.

“Hoje você tem que diminuir os lucros para conseguir competir. Você não tem poder compra como eles têm. As grandes farmácias compram direto do laboratório e nós compramos de distribuidor. Hoje conseguimos sobreviver passando aperto”, relatou. 

Pavani relata que para conseguir mercadoria com bons preços ele tenta comprar os produtos à vista. 

“Nós acabamos passando o desconto para o consumidor. Nossa maior dificuldade é a concorrência. Ela é quase desonesta”

Farmacêutica e proprietária da Farmácia Essencial em Vitória, Cristina Barros relata que a limitação de fornecedores acaba sendo um empecilho para o negócio.

“Diferente das grandes, a gente não consegue comprar direto da indústria, só da distribuidora. Então, a gente acaba tendo que respeitar aquele desconto que  recebemos na hora de repassar para o cliente”, contou a comerciante.

SAIBA MAIS

Produtos mais comprados

1º Medicamentos propagados (ético)

2º Medicamentos genéricos

3º Higiene pessoal, perfumaria e cosméticos

4º Trade equivalente

5º Cuidados ao paciente

6º Cuidados bebê/infantil

7º Medicamentos isentos de receita

8º Dermocosméticos

9º Conveniência

10º Saúde sexual e masculina

11º Alimentos e bebidas

12º Tratamentos dermacosméticos

13º Nutricosméticos

Farmácias abertas no Estado

2020
- Farmácia com Manipulação: 27
- Farmácia sem manipulação:201

2021
- Farmácia com Manipulação: 38
- Farmácia sem manipulação:302

2022
- Farmácia com Manipulação: 49
- Farmácia sem manipulação:393
- Fármacias na Grande Vitória

2022
Cariacica:
27
Vitória: 23
Serra: 67
Vila Velha: 56
Guarapari: 23
Viana: 11

Fonte:  Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar) e Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz)

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