Oportunidades no ES até com a Foz do Amazonas
Agência Nacional do Petróleo (ANP) destacou que, além da Margem Equatorial, há potencial geológico e econômico para diversas bacias sedimentares
O Estado pode se beneficiar economicamente com as novas fronteiras do petróleo, a exemplo da Margem Equatorial na Bacia da Foz do Amazonas, com oferta de serviços, equipamentos e mão de obra para outras regiões produtoras do Brasil.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) destacou que, além da Margem Equatorial, há potencial geológico e econômico para diversas bacias sedimentares na poção marinha, destacando-se as bacias de Santos e Campos, maiores produtoras do País, e as bacias produtoras de Sergipe-Alagoas e Potiguar (ambas produzem em terra e mar).
Com experiência no setor, diferentes empresas estão se estruturando. “Nos últimos meses, estruturamos um plano bastante robusto de penetração no mercado de óleo e gás. Estamos investindo mais de R$ 200 milhões na expansão de nossos negócios. Isso está distribuído em quatro cidades capixabas – Aracruz, João Neiva, Pinheiros e Guaçuí”, diz Sander Nunes Domingues, Chief Commercial Officer (CCO) do Grupo Estel.
Sander detalha que, só em Aracruz, onde fica a sede da empresa, estão construindo um novo Centro de Excelência Metalmecânico Estel, que vai quadruplicar a capacidade de produção, saltando de 200 para 800 toneladas mensais.
Quem reforça que as empresas do Estado estão preparadas para suprir as demandas a exemplo da Margem Equatorial é Rusdelon Rodrigues, diretor-presidente da Tereme Engenharia. “O Espírito Santo é um centro de excelência em fornecimento de soluções industriais para o setor de óleo e gás”.
Segundo ele, a Tereme iniciou este ano um novo contrato acima de R$ 130 milhões no segmento petróleo e gás e adquiriu uma nova área de 5 mil metros quadrados para expansão do centro de serviços. “Com essa jornada de certificações e investimentos, a Tereme se consolida como um dos principais players do setor no País”.
O consultor empresarial Durval de Freitas explicou que o Brasil vive um momento importante com a liberação da perfuração na Margem Equatorial, e que “a experiência do Estado será importante com fornecimento de equipamentos, montagem e manutenção, e mão de obra”.
Para a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), o desenvolvimento da Margem Equatorial exigirá planejamento, cooperação entre estados e investimentos em logística e qualificação profissional. “O Estado está preparado para contribuir com sua expertise e estrutura industrial, ampliando a integração produtiva e impulsionando o desenvolvimento sustentável do setor de petróleo e gás no País”, disse, em nota.
Dez mil empregados no setor
O Estado conta com mais de 500 empresas fornecedoras, responsáveis por cerca de 10 mil empregos diretos, atuando em áreas como engenharia, fabricação de estruturas metálicas, manutenção, usinagem e fornecimento de equipamentos especializados, segundo dados do Observatório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
Esse conjunto de competências posiciona o Espírito Santo como fornecedor estratégico de serviços, peças e soluções técnicas para apoiar as demandas que surgirão na nova fronteira exploratória, segundo a federação.
O Estado reúne três grandes vetores de vantagem competitiva — produção de petróleo/gás já consolidada, uma base empresarial diversificada e capaz, e logística/institucional favorável, destacou Thelmo Tonini, consultor e criador do site Mundo Offshore, referência sobre a modalidade de trabalho.
“Isso o coloca em excelente condição para 'sair na frente' não apenas como supridor, mas como um parceiro estratégico na construção da Margem Equatorial”, disse.
Esses potenciais proporcionam a criação de mais empregos nas empresas no Estado. É o exemplo do Grupo Estel, conforme contou Sander Nunes Domingues é Chief Commercial Officer (CCO) da empresa.
“A projeção é chegarmos a mais de 4 mil colaboradores até 2026. Esse crescimento não é só numérico – é qualitativo. Estamos investindo pesado em capacitação técnica, porque o mercado de óleo e gás também exige padrões muito rigorosos de qualidade, segurança e certificação”.
Sander ressaltou que o Estado se destaca por ter um diferencial competitivo enorme.
“Estamos a poucos quilômetros dos grandes centros de operação offshore do Brasil – Campos e Santos. Temos uma estrutura logística robusta, mão de obra qualificada e um ecossistema industrial consolidado. Somos vizinhos de grandes operadoras, detentoras de tecnologias internacionais e estaleiro”, afirmou.
Saiba mais
Margem Equatorial
Representa uma nova fronteira de exploração offshore entre os estados do Norte e Nordeste, como Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte.
Esta região brasileira, que está sendo chamada de o “novo pré-sal”, pode ter grande potencial para novas descobertas, como os casos de sucesso exploratório alcançados nas bacias sedimentares na Guiana e Suriname.
Tem reservas potenciais estimadas em até 16 bilhões de barris de petróleo e possibilidade de produção de 1,1 milhão de barris por dia.
É estimado que a exploração da Margem Equatorial pode elevar o PIB do Amapá em até 61,2%, além de criar cerca de 54 mil empregos diretos e indiretos. O desenvolvimento da região pode criar 495 mil novos empregos formais.
Esse contexto abre demanda massiva de logística, transporte, suprimentos e serviços especializados — o que favorece estados que já têm base industrial/offshore consolidada.
Neste sentido, o Espírito Santo está em posição de antecipar concorrentes que ainda dependem de formação de base ou estão geograficamente menos favoráveis.
O potencial das empresas locais é o principal ativo para capturar essas oportunidades, especialmente se o Estado mantiver ou ampliar sua capacidade de retenção de profissionais e empresas.
Experiência e expertise
O Espírito Santo reúne hoje uma combinação de fatores que o coloca em vantagem competitiva para responder ao aumento da demanda por logística, fornecimento e serviços para o setor offshore — inclusive para a Margem Equatorial (Norte e Nordeste) — e para o Brasil como um todo, com experiência e expertise.
Mais de 565 empresas compõem a cadeia produtiva de óleo e gás no Estado, formando um parque industrial diversificado e capacitado.
Essa base empresarial não é voltada apenas para o mercado local. Ela possui competência para exportar serviços e participar ativamente da construção da nova fronteira.
Serviços e mão de obra
Empresas do Estado podem suprir demandas críticas, como:
Engenharia e projetos: desenvolvimento de projetos detalhados para plataformas, subsea e infraestrutura costeira.
Serviços especializados: inspeção, manutenção e reparação (IMR), limpeza industrial, combate a incêndio, e gestão de resíduos.
Fabricação e montagem: construção de módulos de plataformas, estruturas metálicas, tubulações.
Tecnologia e inovação: fornecimento de softwares de gestão, soluções de digitalização para operações offshore e monitoramento ambiental.
Suporte operacional: transporte marítimo de apoio (comboios), hospedagem offshore (hotelaria), e logística de materiais.
Mão de obra: o Estado possui alto nível de qualificação da mão de obra e eficiência em serviços de engenharia, planejamento, ambientais e tecnologia para o setor.
Fonte: Governo federal, Confederação Nacional da Indústria (CNI), Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Thelmo Tonini.
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