Nova taxa de juros da Selic deixa a poupança menos atrativa
Banco Central decidiu aumentar a taxa Selic de 13,25% para 14,25% ao ano, o que deixa mais atraentes outras opções de renda fixa
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na última quarta-feira (19) aumentar a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 13,25% para 14,25%. A decisão foi unânime, afeta os investimentos e torna, por exemplo, menos atrativa a poupança, em relação a outras alternativas de renda fixa.
Esse é o maior patamar da Selic desde a crise do governo Dilma, em 2015 e 2016, quando a taxa também alcançou 14,25%. A Selic é a taxa básica de juros da economia. Serve de referência para calcular as taxas de empréstimos bancários e financiamentos, por exemplo. Ou seja, com a Selic alta, o crédito fica mais custoso.
“Esse é o efeito que o BC espera para controlar a demanda agregada e reduzir os preços”, explica o economista Heldo Siqueira Júnior, que acrescenta que um efeito negativo para a economia é que o aumento da Selic reduz as decisões de investimento.
“Investir em renda fixa se torna mais atrativo, e empresários preferem fazer investimentos financeiros do que correr risco com investimento real. Isso impede que a oferta se expanda para atender a demanda, causando efeitos deletérios no longo prazo, inclusive no combate à inflação”, detalha.
Guilherme Almeida, head de renda fixa da Suno Research, explica que, mesmo com a Selic a 14,25% ao ano, os ganhos da poupança seguem relativamente baixos. A rentabilidade anual da poupança é de 6,17% ao ano mais a TR, o que torna esse investimento pouco atraente para quem busca retorno mais expressivo.
Na mesma linha, Marcel Andrade, responsável pela área de Soluções de Investimento da SulAmérica Investimentos, reforça que, com a Selic em patamares elevados, o retorno da poupança fica muito inferior ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que fechou 2024 em 10,87%.
A rentabilidade da caderneta também é afetada por um aspecto muitas vezes ignorado pelos investidores: a liquidez. Embora a poupança seja uma aplicação com liquidez diária, ela só remunera de fato após 30 dias da data do depósito, o que pode ser visto como uma “liquidez ilusória”.
Em nota, após a reunião do Copom, o BC indicou que poderá aumentar novamente a Selic na próxima reunião, dias 6 e 7 de maio.
Saiba mais
Há opções isentas do Imposto de Renda
Quanto rende mil reais após a Selic subir para 14,25%?
Tesouro Selic
Considerando a expectativa para os juros embutida atualmente nos contratos futuros, de rendimento da Selic acumulado em perto de 15% no próximo ano, ao aplicar R$ 1.000 no papel Tesouro Selic com data de vencimento em 2028, o saque seria de R$ 1.121 depois de um ano, já descontando o Imposto de Renda.
CDB
Em um CDB que oferece pagar um pouco mais, 102% do CDI, o resgate seria de R$ 1.124 depois de um ano, já descontando o Imposto de Renda.
LCA e LCI
Já em uma LCA ou LCI que remunera 96% do CDI e é isenta de Imposto de Renda, a retirada seria maior ainda, de R$ 1.142.
Poupança
Já na poupança, o saque seria menor, de R$ 1.078, considerando a TR prevista neste prazo, de cerca de 0,99% ao ano. Embora pareça pequena, a diferença é grande no longo prazo. Quanto maior o tempo de aplicação, menos vantajosa é a poupança.
A maioria dos papéis de renda fixa estão sujeitos à tributação do Imposto de Renda no resgate. A alíquota começa em 17,5%, mas diminui para 15% quando é maior o período do investimento. Já as LCIs e LCAs são isentas imposto e por isso pagam melhor o investidor.
Cabe lembrar que os papéis de renda fixa emitidos pelos bancos, caso de CDBs, LCAs e LCIs, têm seu risco associado ao balanço do banco emissor. O risco é eles não remunerarem o investidor como combinado por dificuldades financeiras das instituições, que podem ser maiores do que no Tesouro Direto.
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