“Milagre” faz até remédio amargo ter gosto bom
Fruta pode ser interessantes para ajudar na ingestão de remédios, principalmente para crianças
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Mudar a percepção das pessoas em relação ao gosto de determinados alimentos ou remédios, por um curto intervalo de tempo. Este é um dos poderes da fruta do milagre. Ela é capaz de fazer até remédio amargo ficar com gosto bom.
O consumidor chupa uma ou duas frutinhas, que se parecem com um grão de café maduro. Após alguns minutos, ao consumir remédio amargo ou até mesmo chupar limão, sentirá um gosto adocicado. O efeito dura por até duas horas.
A fruta tem uma glicoproteína que se chama miraculina. “Ao entrar em contato com as papilas gustativas da língua, ela inibe o gosto ácido e amargo”, explicou Karla Talhate, nutricionista e psicoterapeuta.
Justamente por isso, as frutas podem ser interessantes para ajudar na ingestão de remédios, principalmente para crianças. “Também é uma fruta utilizada na indústria farmacêutica por ter muita vitamina C, antioxidante, anti-inflamatório”, destacou.
A planta é nativa da África, a nutricionista explicou que a indústria brasileira ainda não se atentou para as suas qualidades.
No município de Castelo, o produtor Edmar Campagna, 60, plantou a fruta do milagre por curiosidade, para consumo próprio. “Ela também tem um potencial muito grande para pessoas que querem diminuir o consumo do açúcar, principalmente por questão de saúde”, lembrou.
Sempre que recebe um pedido e tem muda, ele faz questão de doar, com o objetivo de que ela se torne mais conhecida. Com porte pequeno, em torno de um metro e meio de altura, a planta pode ser cultivada até mesmo em vasos.
Introdução deve ser estudada antes
Cultivar plantas exóticas não é sinônimo de introduzir novas plantas de outras regiões ou países no Estado. O cultivo pode ser de plantas exóticas que já foram introduzidas.
A professora do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutora em Botânica Valquíria Ferreira Dutra explicou que introduzir plantas que não são da nossa flora é sempre complicado porque não se sabe as consequências.
Entre os riscos, estão a multiplicação de forma descontrolada da planta exótica, o que pode atrapalhar as espécies nativas a ter um desenvolvimento normal.
“Quando a gente começa a cultivar, não sabemos as consequências a longo prazo. É preciso procurar informações. Ver se já tem um estudo sobre o impacto da espécie que mostre que ela é segura para a flora e a fauna locais”, pontuou.
O Capim Annoni é um exemplo de planta exótica que foi importada e hoje é tida como uma planta invasora das áreas de pastagem, conforme a professora aposentada das áreas de Botânica e Meio Ambiente do Centro de Ciências Agrárias e Engenharia da Ufes Horlandezan Nippes.
“Ele foi importado para servir de pastagem para os bovinos do Rio Grande do Sul. Não foi feita uma pesquisa antes. Até hoje o boi não gostou do capim e ele não serve de pastagem.”
Mas lembrou também de outras plantas que foram introduzidas e hoje são relevantes positivamente. “Vêm de tudo”.
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ANÁLISE
“Relação entre oferta e demanda determina o preço no mercado”
“Muitas vezes o consumidor vai ao mercado e se depara com algumas frutas exóticas, sente-se atraído e decide comprar. Porém, o preço delas é bem acima do das frutas tradicionais. Mas, quais as razões para esses preços tão elevados?
Ao observar o mercado de frutas, como por exemplo, achachairu, mangostão, fruta do milagre e lulo, podemos destacar três motivos. A relação entre oferta e demanda; os custos de importação e a condição de cultivos especiais.
As frutas exóticas costumam ter demanda maior do que a oferta disponível, o que aumenta o seu valor de mercado. Isso ocorre porque muitas pessoas estão interessadas em experimentar novos sabores e variedades. Um outro motivo se refere ao fato dessas frutas, muitas vezes, não serem cultivadas localmente, sendo necessário realizar a importação delas, o que pode adicionar custos extras ao produto.
Algumas dessas frutas exóticas requerem condições de cultivo especiais. Esses requisitos podem ser mais caros de satisfazer e manter, provocando uma elevação no seu preço final.”
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