Maior desafio do comércio é atrair jovem ao emprego
Empresários dizem que há falta de resiliência e que profissionais veem o setor como entrada no mercado, sem enxergar chance de crescimento
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O maior desafio enfrentado pelo setor de comércio no que diz respeito a oportunidades de emprego é convencer os mais jovens a trabalhar na área.
Foi o que disseram comerciantes de diferentes segmentos do varejo em evento promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), com apoio da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES).
Participaram do painel “Conectando Talentos” o diretor regional do Senac Espírito Santo, Richardson Schmittel, a coordenadora do Connect Fecomércio, Ana Carolina Júlio, e os empresários Glenda Amaral, Lésio Contarini, Lorena Calvi e José Carlos Bergamin.
Para a gestora dos Supermercados Calvi, a maior dificuldade é atrair e manter bons profissionais, principalmente os mais jovens e em setores mais específicos, como recursos humanos e contabilidade.
Segundo ela, os mais novos costumam trocar de setor com muita rapidez e não vislumbram um crescimento de longo prazo nas empresas. Além disso, muitas pessoas associam o comércio a uma porta de entrada para o mercado ou local de pouca qualificação.
“Veem mais como falta de opção do que como oportunidade”, completa Bergamin, diretor comercial da Konik e vice-presidente da Fecomércio, que acrescenta que isso faz o jovem já entrar no mercado com baixa autoestima e sem perspectiva de futuro. A falta de estrutura familiar também prejudica.
“Isso não é realidade, há possibilidade de crescimento”, garante o empresário. Segundo ele, não é só pela alta qualificação que o trabalhador consegue crescer, pois o mercado está em busca de trabalhadores técnicos e operacionais.
Bergamin defende que a receita para o crescimento é foco, persistência e resiliência. “Há uma carência de profissionais com habilidades tecnológicas, e a alternativa é buscar os jovens, que podem ajudar a resolver o gap de mão de obra do mercado”, afirma.
Além disso, os jovens são imediatistas e pouco resilientes, segundo os empresários. “Têm muita pressa para evoluir e não sabem aguardar o processo de maturação”, defende Contarini, diretor comercial da Tinbol Tintas.
Para Glenda Amaral, da Magia do Sono, é comum a falta de experiência e o cuidado na apresentação. Ela defende que os cursos orientem o básico: usar computador, se atentar à postura, vestimenta, linguajar e currículo.
Profissionais de 18 a 24 anos são os mais frequentes
A parcela da população mais empregada no setor de comércio são jovens de 18 a 24 anos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Essa também é a faixa etária que fechou o segundo trimestre de 2023 com o maior índice de desemprego entre os adultos: 16,6%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A CEO da Magia do Sono, Glenda Amaral, afirma que a expectativa do setor é que boa parte das vagas abertas neste final de ano sejam preenchidas justamente por jovens. Segundo ela, muitas empresas investem em monitoria, treinamento e planos de carreira para atrair a juventude ao trabalho.
Trabalho no final de semana e até o fim da noite desmotiva
A exigência de trabalho aos finais de semana, em especial aos domingos, e até altas horas durante a semana, é um dos fatores que desmotivam os jovens a trabalharem no setor comercial, afirma o especialista em recursos humanos Elcio Paulo Teixeira.
Segundo ele, a juventude tem uma grande preocupação em aproveitar o tempo, e muitas vezes tem que conciliar trabalho e estudo. Por isso, se ele sente que o trabalho vai reduzir seus momentos de lazer, seu tempo para estudo ou impactar negativamente na sua qualidade de vida de alguma forma, ele se torna mais resistente.
Uma forma de as empresas tentarem contornar esse cenário e tornar o trabalho mais atrativo, afirma o especialista, com a implementação de benefícios, plano de carreira, e incentivos que melhorem a qualidade de vida.
Além disso, as próprias metas de trabalho, se bem planejadas, podem servir como incentivo à juventude. “O jovem gosta de metas agressivas, de se superar. Então isso também ajuda”, defende.
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