Meta após os 40 é estabilidade, mostra pesquisa
População entrevistada aponta concurso público como grande objetivo
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Ser aprovado em concurso público é o sonho profissional mesmo após os 40 anos, mostra a pesquisa feita pela Universidade Vila Velha (UVV) a pedido do jornal A Tribuna.
É o caso da agente socioeducativa Selma Mageski, de 56 anos, que hoje trabalha por designação temporária. Ela contou que estuda há cerca de dois anos e faz cursinhos em busca de aprovação no concurso para policial penal da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus-ES).
“Busco aprovação com objetivo de ter segurança e estabilidade, pois hoje em designação temporária a cada dois anos tenho de fazer o processo seletivo”, disse.
Além disso, Selma destacou que o interesse por estar em uma sala de aula é a busca por conhecimento. “Além dos estudos, nos cursinhos faço contatos e tenho novas experiências. É saber aproveitar as oportunidades”, completou.
O professor do Jus Cursos, José Quirino, destacou que a geração X já passou por todas as etapas possíveis da instabilidade econômica do País, perderam seus empregos, passaram por crises e enxergam, após os anos 90, que a estabilidade do concurso público é o melhor caminho.
Para a diretora pedagógica do CEP Concursos, Ivone Goldner, possivelmente, pessoas com 40 anos ou mais preferem a carreira pública exatamente porque já tiveram a experiência com a iniciativa privada.
E, com essa experiência, concluíram que no serviço público o trabalhador está sujeito a ganhos financeiros previamente estabelecidos, e com isso há muitas vantagens.
“Além da estabilidade, jornada de trabalho máxima de 40 horas semanais, sem dúvida alguma a remuneração, quando comparada com a de empregados da iniciativa privada para atividades similares, é muito mais interessante. Ademais, há a garantia de uma aposentadoria mais justa”, afirmou.
No serviço público, o profissional fica menos sujeito às consequências de uma crise financeira, correndo bem menos riscos de fazer número nos índices de desemprego, destacou Ivone.
O coordenador da pesquisa e professor da UVV Fabrício Azevedo disse que a questão do concurso público é mais buscar uma estabilidade nessa fase da vida, com relação às grandes mudanças e volatilidades que existem no futuro com relação às profissões.
Tecnologia põe medo nos experientes
O medo da tecnologia é maior entre os mais experientes comparado aos mais jovens, segundo o levantamento. O mentor de carreiras Elias Gomes disse que as mudanças são tantas, que a sensação é que sempre o profissional fica para trás.
“Por mais que estejamos remando, a sensação é que a gente não esteja evoluindo. Tem muita coisa que é difícil acompanhar, mas acredito que a tendência é que as pessoas se preparem e estudem”.
Quando se percebe já está adaptado, até porque isso vai te empurrado. “As inovações vão forçando para que se adapte, para trabalhar com aquilo, associando na produtividade, mas é uma sensação mesmo de estar sempre um pouco atrasado, que não estamos acompanhando”, contou Gomes.
Os mais jovens tem que aprender também um pouco do que não é novidade. Muita coisa são fundamentos que ainda valem, mas há um aperfeiçoamento para a atualidade, disse o especialista.
Maioria já se prepara ou vai estudar para concursos
Entre os mais experientes, a maioria já faz algum curso para alavancar a carreira ou para atualizar-se, segundo a pesquisa.
A diretora pedagógica do CEP Concursos, Ivone Goldner, afirmou que para se destacar na multidão de candidatos, além das dicas básicas, como, não aguardar o edital para começar a estudar, ter foco, ter um plano de estudos, e não ser imediatista, é a motivação.
“O que mais determina o alcance da aprovação são os fatores internos, aquilo que a pessoa realmente deseja e porque deseja”, contou.
Uma boa tática também é partir do mais difícil para o mais fácil. Se o candidato apostar em um concurso concorrido, com muitas matérias, para formar uma base ampla de conhecimento, segundo Ivone.
O professor do Jus Cursos, José Quirino, diz que nunca é tarde para se preparar, mesmo para os quarentões. “ A dica para começar é focar em qual área quer concorrer e mirar no concurso que está aberto ou que está na iminência de abrir”.
Análise
Próxima geração será mais resiliente
“Tenho certeza que mudará o perfil da próxima geração. Acredito que esses venham a ter um nível de resiliência maior do que os atuais jovens.
O mercado de trabalho sempre teve suas dificuldades e desafios, e o caminho é tentar entender para encontrar o caminho certo.
A inteligência artificial, por exemplo, veio e vai estar cada vez mais inseridas no mercado. Cada profissional va ter que olhar para sua carreira, e compreender de que forma se aliar a tecnologia em geral.
A próxima geração vai entrar no mercado de trabalho muito mais avançado do que é hoje, com a tecnologia otimizando as atividades.
As qualificações exigidas serão cada vez maiores. Mas acredito que terá espaço para todos e novas profissões vão surgir”.
Os resultados da pesquisa
Adultos acima de 40 anos
1- Quantos anos o senhor(a) tem?
55,8%: De 40 a 49 anos.
29%: De 50 a 59 anos.
15,2%: Mais de 60 anos.
2- Qual sua ocupação atualmente?
42%: Empregado com carteira assinada.
29%: Autônomo ou empreendedor.
19,6%: Desempregado.
9,4%: Aposentado.
3- Ser aprovado em um concurso público e ter estabilidade é algo que interessa ao sr. (a)?
61,6%: Sim.
38,4%: Não.
3.1- Caso NÃO seja interessante a ideia de ter estabilidade e ser aprovado em um concurso, qual o sonho profissional do sr. (a)?
45,3%: Me aposentar.
34%: Conseguir um emprego que me dê oportunidade de crescer profissionalmente.
20,8%: Abrir a própria empresa.
3.2- Caso SEJA SIM interessante a ideia de ter estabilidade e ser aprovado em um concurso:
37,6%: Pretendo começar a estudar e a me preparar.
40%: Não estudo e nem me preparo, é apenas um sonho mesmo.
22,4%: Já me preparo para um concurso.
4- O sr. (a) faz algum curso para alavancar a carreira ou para atualizar-se?
63,8%: Sim.
36,2%: Não.
5- O senhor. (a) teme os efeitos da tecnologia no mercado de trabalho
55,8%: Não.
44,2%: Sim.
Metodologia
A pesquisa “Mercado de trabalho e tendências para as carreiras” foi feita pela Universidade Vila Velha a pedido da editoria de Economia de A Tribuna, e realizada pela internet.
Jovens de até 29 anos
De um total de 334 entrevistados, 196 (58,7%) tem até 29 anos. Desses, 14,8% tem entre 17 e 20 anos, 54,1% tem entre 21 e 25 anos, e 31,1% tem entre 26 e 29 anos.
Adultos acima de 40 anos
De um total de 334 entrevistados, 138 (41,3%) tem acima de 40 anos. Desses, 55,8% tem entre 40 e 49 anos, 29% tem entre 50 e 59 anos, e 15,2% tem mais de 60 anos.
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