Mercado chinês anima setor de café capixaba
Previsão é que a China acelere o consumo com fim da política de covid zero, o que promete criar novos negócios e empregos no Estado
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A relação entre o Brasil e a China deve se tornar ainda mais próspera. A partir deste ano, conforme projeção internacional, o país asiático vai aquecer o mercado capixaba com o aumento do número de importação de café, produto líder no ranking de exportações do Espírito Santo.
Neste ano, conforme a projeção de uma companhia de Hong Kong, especializada no estudo dos hábitos de consumo asiáticos, Mersol and Luo, a expectativa é que o volume de importação do café brasileiro suba para 35%, o que significaria um recorde na relação entre os dois países.
O mercado capixaba recepcionou a notícia com entusiasmo e acredita que, de fato, o mercado interno será superaquecido. O gerente executivo de Café da Nater Coop - antiga Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Cooperavi) -, Giliarde Cardoso explica o cenário.
“Nos últimos 4 anos, os chineses, graças à crescente influência do ocidente, aumentaram o consumo de café, que era de 5 xícaras por pessoa. Hoje, o número fica entre 17 a 20 xícaras per capita”, comenta Cardoso, indicando que este fenômeno tem grandes chances de aumentar a produção do Estado e, consequentemente, criar um “boom” de empregos.
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Egídio Malanquini, presidente do Sindicato da Indústria do Café do Espírito Santo (Sindicafé), comenta que o Brasil se tornou o principal produtor, exportador e consumidor de café do mundo, e que neste cenário, o Estado patina com folga entre os gigantes exportadores.
“A expectativa para o futuro é muito otimista. Muito embora ainda não seja possível estimar um número, a lógica é: quanto maior a demanda, maior a oferta”. Para Malanquini o Estado será o grande beneficiado com o maior volume de importação.
Segundo dados estatísticos do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as exportações brasileiras de café em 2022 para a China registraram uma evolução de 21,3%. Até 2028, segundo o Conselho, o número deve dobrar, seguindo a projeção externa.
Melhora na economia e inflação com crescimento
A reabertura total da China, depois de três anos de restrições da política de “Covid zero”, vai beneficiar a economia global e a do Brasil. Essa é a opinião de Louis-Vincent Gave, um dos fundadores e o presidente da Gavekal, casa de pesquisas e gestora sediada em Hong Kong, e uma das principais referências de investidores para China.
Em sua visão, depois da forte desaceleração que registrou em 2022, a China deve ter um crescimento forte neste e, provavelmente, no próximo ano – o que é uma notícia boa para commodities como metais e petróleo, que devem ter seus preços elevados, e para os exportadores delas, como o Brasil.
“O grande evento deste ano é o fato de que a economia chinesa vai reacelerar, o que significa que a economia global deve acelerar junto. Isso é uma boa notícia para o Brasil”, disse Gave.
Mesmo em meio a prognósticos de desaceleração ou recessão nas principais economias do mundo, Gave acredita na aceleração da China. “A taxa de crescimento deles deve ser mais próxima de 3% a 4% daqui para frente”, diz.
Há previsão nova alta de preços de energia, o maior vilão dos índices de inflação europeus no último ano. Para a Bloomberg Economics, além de elevar preços globais de commodities, a atividade aquecida na China poderia criar choques na cadeia de suprimentos que pressionariam os preços de muitos bens e serviços.
ENTENDA
Novo cenário internacional
Hábitos de consumo
A busca dos consumidores chineses por café deve criar uma onda de oportunidades para o Brasil e ampliar as exportações de café para o mercado asiático.
Os chineses, que em 2019, consumiam cerca de 5 xícaras de café por pessoa, neste ano, conforme estudo internacional, consomem entre 17 a 20 xícaras. O novo hábito de consumo beneficia, e muito, o mercado capixaba, grande exportador de café.
Em 2022, a China consumiu 414,8 mil sacas de café.
O Brasil exportou um total de 39,3 milhões de sacas de 60 quilos e a expectativa do mercado é o que número dobre nos próximos 5 anos.
O Espírito Santo é o 2º maior produtor de café do País.
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
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