Investimentos de R$ 200 milhões em porto e ferrovias do ES
Além do Porto de Vitória, recursos serão utilizados na malha ferroviária e em outros setores do complexo portuário capixaba
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O Porto de Vitória deverá passar por expansões que visam ao aumento do número de cargas que chegarão e deixarão o local. A expectativa é de que sejam injetados R$ 200 milhões nas obras de ampliação da malha ferroviária e nas melhorias dos terminais que fazem parte do complexo portuário.
Hoje, o porto movimenta cerca de 8 milhões de toneladas ao ano e, com as obras, esse número pode crescer para 13 milhões. O anúncio foi feito ontem no Palácio Anchieta, quando o documento foi assinado por representantes da Codesa e da VLI – empresa de soluções logísticas que participará do estudo com a Codesa.
Além disso, existem perspectivas de melhorias nos ramais internos dos terminais, incluindo a capacidade de píer – envolvendo berços, calado e equipamentos, entre outros aspectos.
As ferrovias também serão alvo no estudo de expansão do porto. Com as obras, existe a perspectiva de geração de empregos diretos e indiretos. Entretanto, a quantidade de vagas não foi divulgada.
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que esteve na solenidade, comentou que as perspectivas para a ampliação da malha ferroviária são positivas.
“Estamos felizes com a possibilidade da ampliação da malha ferroviária. O desenvolvimento passa por pessoas e a atividade do Porto de Vitória precisa beneficiar as cidades do entorno”, comentou.
Já o governador Renato Casagrande (PSB) ressaltou que o Espírito Santo possui alta capacidade logística e que, agora, o objetivo é aprimorar o desempenho.
“Nós operamos um ótimo percentual no comércio internacional, com produtos como minério, carvão e siderúrgicos. Temos uma posição geográfica privilegiada e isso irá nos ajudar”, disse.
O diretor-presidente da Codesa, Ilson Hulle, também está otimista. “Em curto prazo, iremos retomar todo o fluxo de farelo e devemos começar a fazer o transporte de fertilizante para o Centro-Oeste por meio de ferrovias”, contou.
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Os R$ 200 milhões em investimentos serão aplicados no decorrer dos próximos anos. Ainda não há previsão para o início das intervenções no Porto de Vitória.
Armazéns passarão por revitalização
Os armazéns do Porto de Vitória, que começaram a ser construídos no início do século XX, irão passar por revitalização. A informação foi confirmada pelo diretor-presidente do Porto de Vitória, Ilson Hulle, durante a assinatura do documento de estudo da ampliação do porto.
De acordo com Hulle, estão acontecendo conversas com autoridades governamentais para o começo das obras.
“Estamos em contato com autoridades do governo do Estado e da Prefeitura de Vitória, principalmente com as secretarias de cultura. Queremos encontrar o melhor modelo para as intervenções”, disse o presidente.
O Porto de Vitória, diferentemente do Porto de Belém, por exemplo, que passou por intervenções que transformaram os armazéns em polos gastronômicos, continua operando.
Isso quer dizer, segundo Hulle, que por ser uma área de carregamento e descarregamento de cargas, é preciso estudar sobre as melhores maneiras de revitalizar os galpões, sem prejudicar as operações.
“É um porto que está funcionando, diferentemente de outros. Estamos alinhando para podermos começar as obras o quanto antes”.
As intervenções nos armazéns do Porto de Vitória são obrigatórias, visto que estão previstas no contrato de concessão.
A empresa que arrematou a Codesa possui a determinação de realizar uma obra reestruturante nos galpões.
“Precisamos entregar para a sociedade algo melhor do que está ali hoje”, comentou Hulle. Estuda-se que os galpões podem se tornar estruturas culturais para Vitória.
Demissões na Codesa preocupam base de governo
Com a concessão do Porto de Vitória, confirmada em setembro de 2022, cerca de 200 funcionários da Codesa passaram a viver momentos de instabilidade.
O modelo de concessão, aprovado ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), previa que haveria estabilidade temporária de ao menos um ano para os colaboradores. Além disso, havia também a proposta de um plano de demissão voluntário.
Durante o evento de assinatura dos estudos de ampliação das áreas do Porto de Vitória, o deputado João Coser (PT) destacou sua preocupação com a demissão de funcionários. Segundo o parlamentar, alguns colaboradores trabalharam na empresa pela maior parte de suas vidas.
“O processo deu um ano de estabilidade. Se houver margem para a empresa ou governo conversarem sobre isso, seria bom. Só tem bom acordo quando beneficia a todos, e os trabalhadores não foram olhados de forma singela. A grande maioria dos trabalhadores está depressiva”, comentou.
O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, também demonstrou preocupação quanto às questões trabalhistas dos colaboradores que ainda estão no Porto de Vitória.
“Existem cerca de 200 trabalhadores na Codesa. Alguns assinaram um termo de demissão voluntária e irão receber um valor financeiro. Aqueles que não quiseram assinar, iremos conversar. Temos algumas ideias que vamos discutir. A tentativa é fazer com que eles se sintam prestigiados”, disse o ministro Márcio França.
ENTENDA
Obras
Foi assinado um documento que prevê o estudo de obras que prometem ampliar a capacidade de cargas do Porto de Vitória.
Atualmente, o Porto de Vitória tem movimentado 8 milhões de toneladas de carga por ano. Com a ampliação das áreas portuárias, incluindo o incremento da malha ferroviária, é possível que esse número aumente em 5 milhões de toneladas, chegando aos 13 milhões de cargas ao ano.
Acordo
O valor estimado para as melhorias no Porto de Vitória é de R$ 200 milhões, que serão divididos entre a Codesa e a empresa VLI
A VLI é uma empresa de soluções logísticas que existe há 10 anos no mercado. Atualmente, movimenta cerca de 25 milhões de toneladas anuais nos portos e ferrovias do Espírito Santo, com cargas que trafegam pela Ferrovia Centro-Atlântica, em Minas Gerais, e pela Estrada de Ferro Vitória a Minas, onde a VLI opera por direito de passagem, para acesso aos portos do Espírito Santo.
Posição
A posição geográfica do Porto de Vitória é uma das maiores vantagens do negócio. Segundo o governador Renato Casagrande, o porto é local de entrada e saída para vários produtos e aumentar a capacidade de movimentação deve atrair mais players (clientes) ao Porto de Vitória.
Após a concessão do porto, em setembro de 2022, os representantes da Codesa já perceberam aumento no número de interessados em utilizar o local para o carregamento e descarregamento de produtos.
A expectativa é que os fertilizantes que chegam ao Estado sejam transportados ao Centro-Oeste pelas futuras ferrovias.
Fonte: Pesquisa A Tribuna.
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