Games retrô voltam à moda e são a aposta da indústria
Consoles e cartuchos das décadas de 1980 e 1990 fazem sucesso de novo e influenciam os desenvolvedores, num mercado de R$ 1,8 bi
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O mercado de videogames vive um momento curioso: em meio a jogos de alta tecnologia, com gráficos rebuscados e enredos altamente elaborados, consoles e games do passado atraem cada vez mais consumidores.
Como consequência, desenvolvedores e a indústria em geral apostam nessa influência para seus produtos contemporâneos.
O mercado de jogos eletrônicos movimenta, só no Brasil, R$ 12 bilhões por ano, conforme dados de 2022 divulgados pela Newzoo, plataforma de pesquisa e análise de dados especializada em informações do setor.
Segundo especialistas, chega a 15% o percentual dessa cifra relacionada aos jogos antigos ou aos novos que são influenciados por esse ar retrô. Ou seja: esse nicho já representa um valor de até R$ 1,8 bi por ano no Brasil.
Exemplo do interesse pelos games antigos, como os das décadas de 1980 e 1990, é a procura por aparelhos físicos da época, como o Super Nintendo e até mesmo o Atari, e os que preferem investir nas miniaturas de consoles, lançadas oficialmente pelas próprias empresas originais.
Essas miniaturas, porém, oferecem uma quantidade limitada de jogos na memória, e não utilizam mais os antigos cartuchos, que hoje, a depender da raridade, podem valer milhões de reais.
Esse encanto leva a indústria do presente a apostar nas fórmulas do passado. No Estado, a Mito Games, no mercado há sete anos, é uma delas. Os sócios-fundadores da empresa, Rafael Lontra e Marcelo Herzog, ajudaram a desenvolver o jogo “WarDogs: Red´s Return”.
Segundo Rafael, o game, apesar de novo, é totalmente inspirado nos jogos da década de 1990, atraindo o público que deseja se aventurar por esses games em plataformas mais modernas.
“Esse tipo de jogo, com o aspecto clássico, costuma fazer sucesso porque a diversão não está atrelada à tecnologia gráfica. O WarDogs tem a característica 'andar e bater', clássica de jogos importantes da história dos consoles”, explicou Lontra.
Além disso, o cenário do game criado pela startup capixaba, que já foi comprado por cerca de 20 mil pessoas e está disponível para todas as plataformas, também é inspirado nos jogos antigos. “O público tem elogiado muito o jogo”, explicou.
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Cartucho raro é arrematado pelo equivalente a R$ 10 milhões
Um colecionador dos Estados Unidos desembolsou US$ 2 milhões em um cartucho do jogo Super Mario Bros. Atualmente, o valor pago pelo comprador corresponde a quase R$ 10 milhões. A compra foi feita em um leilão, no ano de 2021.
A edição arrematada do game de 1985 é considerada uma das primeiras do personagem da empresa Nintendo. Com a compra, o cartucho, específico para o console NES, bateu o recorde como o mais caro da história, segundo o jornal The New York Times.
De acordo com Rob Petrozzo, um dos fundadores do portal de colecionáveis Rally, que foi responsável pela venda do cartucho, o jogo era considerado extremamente raro porque estava, desde a fabricação, em 1985, lacrado.
“Quando um cartucho está na embalagem original de fábrica, o valor é ainda maior. Foi o caso deste jogo”, comentou.
O recorde anterior também havia sido atingido por outro game do personagem da Nintendo.
Na ocasião, uma cópia do jogo Super Mario 64, de 1996, havia sido arrematada por US$ 1,56 milhão, valor que corresponde, na cotação atual, a um montante de cerca de R$ 5 milhões.
Loja em Vitória: Nostalgia sai por até R$ 1.300
A busca por consoles e games antigos ainda é alta no Estado. Na capital, por exemplo, a loja Vitória Games trabalha no ramo há cerca de 30 anos.
O proprietário, Douglas Rodrigues de Andrade, 53, comenta que os clientes entram na loja procurando, principalmente, o Super Nintendo, lançado no País em 1993.
“Os clientes chegam com a nostalgia, mostrando para os filhos e querendo levar o console e os jogos. Hoje, os consoles mais antigos e raros saem, em média, por R$ 1.300”, explicou.
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Mercado de games
O mercado relacionado a videogames tem crescido cada vez mais nos últimos anos, especialmente após a pandemia da covid-19, quando as pessoas ficaram por mais tempo dentro de suas casas e buscaram por mais formas de entretenimento.
O ramo de games movimenta bilhões de dólares por ano. Somente em 2022, por exemplo, a indústria global de jogos faturou US$ 196,8 bilhões (R$ 968,43 bilhões). Até 2026, a expectativa é de que o setor global alcance a marca de US$ 321 bilhões (R$ 1,57 trilhões)
No Brasil, país considerado um dos que mais consomem materiais relacionados a videogames no mundo, foram movimentados R$ 12 bilhões em 2022. Com essa marca, o País se tornou o país líder em receita no setor na América Latina.
Investimentos
O oceano de oportunidades do setor de jogos está chamando a atenção e o dinheiro de grandes investidores.
Um relatório da External Development Summit mostrou que o Brasil foi eleito um dos principais players em desenvolvimento de games, atraindo muitos recursos.
Não à toa, mais de US$ 20 bilhões (R$ 100 bi) foram investidos em startups de jogos nesta década no País.
No final de 2021, players como a Magazine Luiza anunciaram a entrada no mercado de games brasileiro, investindo mais de R$ 100 mil em parcerias com estúdios de criação e adquiriram o site Kabum, e-commerce de tecnologia e games, em uma transação de R$ 3,8 bilhões.
Games do passado
O investimento em jogos e consoles do passado também tem crescido. Seja com nostálgicos que investem em um console de época, ou até mesmo com as pessoas interessadas em jogar novos games com características de títulos clássicos.
No Brasil existem lojas especializadas na venda de consoles antigos. Na maioria das vezes, elas vendem consoles das décadas de 1980 e 1990, como o Atari, Super Nintendo, Nintendo 64 e Game Boy, além de seus jogos, ainda em cartuchos.
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