“Ficar em casa cansa”, diz salgadeira que trabalha na mesma empresa há 37 anos
Aposentada há 13 anos, Tia Mara, de 72, trabalha em centro de eventos como salgadeira e não quer saber de ficar em casa
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Hoje, 1º de maio, comemora-se o Dia do Trabalhador. No meio de tantas histórias de quem arregaça as mangas, a protagonista é uma salgadeira, de 72 anos, que há quase quatro décadas trabalha para o empresário Ildo Steffen.
Mesmo aposentada há 13 anos, Maria Penha Silva de Jesus, carinhosamente chamada de tia Mara pelos colegas de trabalho, revela, sorridente: “Ficar em casa é muito ruim. São 37 anos trabalhando com Ildo”.
Ela conta que nos dias de trabalho vai dormir por volta das 21 horas para acordar disposta. Aliás, o seu horário de despertar é 4 horas.
Nascida em Minas Gerais, ela veio para o Espírito Santo aos 2 anos. Aqui, o seu primeiro emprego foi no cabo de enxada. Depois, começou a trabalhar em uma loja chique, como ela descreve, na Praia do Canto, em Vitória.
“Eu fazia de tudo na loja, até salgadinhos. Foi lá que conheci a esposa do Ildo. Ela me ofereceu emprego, para ganhar mais. Não pensei duas vezes, fui feliz da vida.”
Ao falar da tia Mara, o empresário Ildo Steffen, proprietário do Centro de Convenções Steffen, na Serra, não escondeu a emoção.
“Eu até me emociono em falar da tia Mara, porque ela foi a minha primeira funcionária e está até hoje comigo. Para mim ela é um exemplo. É companheira, ajuda todo mundo o tempo todo e adora trabalhar. E, quando temos eventos fora do Estado, ela é a primeira a se oferecer para trabalhar. Ela se diverte no ônibus. É uma figura. É muito amada por toda a nossa equipe. Uma pessoa maravilhosa!”
Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado (ABIH-ES), Fernando Otávio Campos, também citou casos de quem faz parte da sua equipe.
“Alguns começaram jovens, eu qualifiquei, cresceram profissionalmente, vi as famílias serem constituídas, os filhos nascerem. Nos exemplos, tem um (Alex Gomes dos Santos, 39 anos) que mudou até de segmento. Começou na minha empresa de construção civil e passou a trabalhar no hotel. Já são mais de 20 anos”.
Só que nos dias de hoje, ele diz que isso é muito mais difícil de acontecer. “Temos a mudança de cultura de jovens que querem atividades mais dinâmicas e com menos rotinas (não querem estar presos) no caso dos de condição social mais favorável. Nos de condições menos favoráveis temos o problema dos benefícios sociais que estão promovendo uma cultura de ‘viver’ sem trabalhar”.
ENTREVISTA | Maria Penha Silva de Jesus, salgadeira: “ Ficar olhando as paredes cansa”
A Tribuna - São 13 anos aposentada. Não pensa em parar de trabalhar?
Maria Penha Silva de Jesus - Trabalhar é muito bom, a gente se sente mais viva. Ficar em casa, ficar olhando paredes cansa. Além disso, vem as doenças. Eu, graças a Deus não posso reclamar, não tenho doença nenhuma.
Eu devo trabalhar mais uns quatro anos, se Deus permitir. Depois disso, quem sabe não paro um pouco.
Ah, tem uma coisa: também não gosto de atestado. Lembro que só uma vez fiquei afastada por um mês, quando operei de varizes.
Para a senhora, trabalho é sinônimo de juntar dinheiro?
Ganho cerca de R$ 3,5 mil por mês, as vezes até mais um pouco, mas não guardo nada. Tudo vai para a minha casa e família. Eu confesso: amo gastar. Tudo o que eu vejo na rua eu compro mesmo, roupas, calçados, comida, presentes. Não precisa guardar fortunas.
No passado eu tive uma vida muito dura, tive que ajudar o meu pai, pois a gente não tinha quase nada (choro). Agora, não guardo dinheiro nenhum. Sinto prazer em ajudar a minha família. Tive três filhos, tenho 10 netos e 7 bisnetos, minha alegria.
No Dia do Trabalhador, qual a mensagem deixa?
As pessoas devem ter comprometimento, responsabilidade acima de tudo.
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