Fábricas de carros e fertilizantes podem chegar ao ES nos próximos anos
Novos investimentos no Espírito Santo podem resultar em 40% de crescimento de PIB
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A atração de empresas e investimentos no Estado não deve se limitar a exploração de jazidas: fábricas de automóveis e eletrodomésticos, instalação de usinas e até uma retomada nos planos de investimento em fertilizantes estão no horizonte do Espírito Santo para os próximos anos.
A perspectiva de um novo laminador de tiras a frio em Tubarão, na Grande Vitória, que está sendo estudada pela ArcelorMittal, pode, segundo o consultor empresarial Durval de Freitas, atrair empresas do ramo automobilístico de de eletrodomésticos.
“Esse laminador produz chapas que interessam a montadoras de automóveis e fábricas de geladeira, fogão, essa parte de eletrônicos. Caso se torne realidade, se tornaria uma atração para uma série de investimentos para o Estado. A expectativa é que nos próximos cinco anos esse projeto se torne realidade”.
Já na área de fertilizantes, a Petrobras projeta uma retomada no segmento e voltou a analisar a instalação de um polo gás-químico em Linhares, voltado para o hidrogênio verde a amônia, componentes utilizados para a produção de fertilizantes. “Há expectativa no Estado de que isso seja viabilizado”, diz Durval.
Recentemente, o presidente da VPorts, Ilson Hulle, informou que a empresa cogita construir, em Aracruz, uma usina termelétrica a gás. O empreendimento seria no Porto de Barra do Riacho, mas ainda não há confirmação de quando (ou se) sairá do papel.
“São estudos iniciais. Já existe estudo também da Imetame de levar uma termelétrica para a região, mas não há detalhes sobre se seria na área da VPorts, ou da Zona de Processamento de Exportação (ZPE). Seria uma grande vantagem para a região de Aracruz”, explica Durval.
A Imetame informou que ainda não há conversas com a VPorts sobre uma possível parceria no investimento de uma usina termoelétrica em Aracruz neste momento, mas que está aberta a diálogo.
“Entendemos que em razão de haver necessidade de suprimento energético para as empresas que se instalarão futuramente na ZPE, esta ligação é natural, e estamos abertos ao diálogo em prol do desenvolvimento”, disse a empresa.
A Imetame também confirmou que há diálogo com empresas do setor de minerais para atuação na ZPE.
Já a Marca Ambiental está investindo R$ 50 milhões na produção de energia a partir do gás metano, construindo uma usina em uma área da empresa na Rodovia do Contorno.
Milhares de vagas, mas no médio prazo, com sal-gema
A maior jazida de sal-gema da América Latina está no Espírito Santo e vai gerar milhares de empregos, segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni.
O sal-gema é um evaporito formado por preciptações do cloreto de sódio, do cloreto de potássio e do cloreto de magnésio. Em 2021, 11 áreas do evaporito no Estado foram compradas por quatro empresas que, segundo Rigoni, já estão terminando estudos para realizar investimentos.
“Tudo isso alinhado com uma política pública de desenvolvimento local pode ter um efeito gigantesco, com previsões de muitos recursos e milhares de empregos”.
O vice-governador e secretário de desenvolvimento do Estado, Ricardo Ferraço, explica que são projeções e cálculos desafiadores, e que se trata de uma jazida enorme e praticamente intocada.
“A extração demanda investimentos e o desdobramento em outras atividades. Importante ressaltar os cuidados ambientais que a região impõe. Agregar valor é o desafio, com beneficiamento, para não ficar limitado à exploração da commodity. A atividade precisa criar empregos e divisas, estimulando o desenvolvimento socioeconômico na região”.
O professor Clayton Janoni, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explica que o investimento em sal-gema poderá gerar uma independência maior da agricultura brasileira com relação ao potássio estrangeiro.
“Hoje, o Brasil importa muito potássio, que é utilizado no agronegócio, nos fertilizantes. Encontrar uma jazida de sal-gema deste tamanho como o Estado tem, é essencial para a agricultura brasileira e vai nos permitir não só atender a demanda interna, como quem sabe até mesmo nos colocar numa posição não mais de importadores do produto, mas de exportadores”.
Já o economista Ricardo Paixão diz que o potencial para gerar emprego e renda não seria a curto prazo, mas a médio e longo. “Será preciso obter licenças e realizar análise de impactos ambientais antes”.
Possíveis projetos: Energia renovável na lista
Fábrica
A ArcelorMittal estuda construir um laminador de tiras a frio na unidade de Tubarão, na Grande Vitória. A viabilidade do projeto está em análise, e a decisão pode sair ainda neste ano. Caso seja aprovado, as obras poderão começar em 2025 e a operação tem previsão para 2027.
Segundo o CEO da ArcelorMittal Aços Planos América Latina, Jorge Oliveira, a siderúrgica planeja “verticalizar a produção”, ou seja, produzir um aço mais elaborado, fino e resistente, que pode ser usado, por exemplo, para eletrodomésticos. Consultores empresariais destacaram que caso o projeto se torne realidade, se tornará um fator de atração para a vinda de fábricas de veículos e eletrodomésticos para o Espírito Santo.
Fertilizantes
O Espírito Santo pode entrar no mapa dos fertilizantes com amônia e hidrogênio verde.
Isso porque a Petrobras confirmou que projeta uma retomada da indústria do segmento e que voltou a analisar a instalação de um polo gás-químico em Linhares, que incluiria os dois elementos.
Usinas
Recentemente, o presidente da VPorts, Ilson Hulle, informou que a empresa cogita construir em Aracruz uma usina termelétrica a gás. A ideia é que o empreendimento seja feito no Porto de Barra do Riacho, mas ainda não há confirmação de quando (ou se) o projeto realmente sairá do papel.
Já a Marca Ambiental está investindo R$ 50 milhões na produção de energia a partir do gás metano, construindo uma usina em uma área da empresa na Rodovia do Contorno, que deve ficar pronta para operação em 2024. A Vale fechou acordo e estuda instalar uma usina de Hot Briquetted Iron (HBI), novo produto a base de ferro, podendo ser construída em Anchieta.
Análise
“PIB estadual pode crescer até 40% nos próximos 10 anos”
O Espírito Santo há pelo menos duas décadas oferece um ambiente de negócios super favorável, com estabilidade jurídica para novos empreendimentos. Dessa forma, além da sua posição geográfica extremamente favorável e a sua rede portuária, temos tudo para receber novos empreendimentos de grande porte que realmente vai mudar o Estado de patamar sócio-econômica.
Investimentos dessa natureza geram milhares de empregos inclusive mais qualificados com melhor massa salarial. Isso cria um ciclo virtuoso para a nossa economia, atraindo outros diversos negócios.
Se todos esses investimentos forem implantados realmente pode fazer o PIB do Espírito Santo cerca de 30 a 40% nos próximos 10 anos. É um salto gigantesco!
Além disso, estamos diante de uma oportunidade de descentralizar o desenvolvimento econômico capixaba, ainda muito concentrado na Grande Vitória. A possibilidade de expansão por meio das jazidas de sal-gema e lítio no norte e noroeste do Estado poderá expandir essa regiões e reduzir a concentração urbana em torno da capital, que já tem problemas sociais e de infraestrutura, inclusive de logística.
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