Nova riqueza vai criar empregos e atrair empresas para o Espírito Santo
Jazida de lítio na divisa com Minas já atrai o interesse de empresas ao Estado, e é provável que Noroeste capixaba também tenha o mineral
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O Noroeste do Espírito Santo deve ser transformado por um mineral. Jazidas de lítio foram descobertas na divisa de Minas Gerais com a região capixaba, e já há empresas interessadas em explorar a nova riqueza, o que resultará na criação de empregos e chances de negócios.
O extremo Noroeste do Estado está na “ponta do mapa” do lítio, que tem alta demanda do mundo e é usado principalmente em baterias, como de carros elétricos, e é apelidado como “ouro branco”.
Quatro dos sete sítios de lítio identificados pelo governo federal estão em Minas e devem se estender até o Espírito Santo, na possível criação de um “vale do lítio”, segundo o professor Clayton Janoni, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Estado (Ufes).
Ele detalha que a exploração deve transformar o Noroeste capixaba: “O lítio é um mineral muito estratégico. É uma região que pode se desenvolver muito. A mineração possibilita que vários municípios no País tenham um desenvolvimento na saúde, educação e em oportunidades, e lá isso poderia ocorrer.”
Janoni detalha que ainda é necessário realizar estudos geológicos para mapear, delimitar e investigar a quantidade das reservas. “Mas é grande o potencial de haver lítio no Estado também”, frisou.
O CEO da Petrocity Group, José Roberto Barbosa da Silva destaca que já há informações de que a jazida pode se estender até Barra de São Francisco e regiões próximas.
A Petrocity pretende implantar a Estrada de Ferro Jucelino Kubitschek, de São Mateus a Brasília, que passaria pela região. “A ideia é criar o vale do lítio ali, com cidades mineiras, mas também incluindo o Estado. A ferrovia que projetamos teria duas unidades de cargas relacionadas ao lítio: uma em Teófilo Otoni e outra em Barra de São Francisco”, explicou.
Fontes da Prefeitura de Barra de São Francisco relatam que já há empresários interessados no vale do lítio. Um deles pediu para não ser identificado e confirmou: “Fiquei interessado, já tenho jazidas com feldspato e sei que ele costuma ter forte concentração de lítio. Estou buscando informações”.
Bauxita e manganês no Sul são uma possibilidade
O professor Clayton Janoni, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), disse que além do lítio, o Estado tem ganhado um novo panorama para a exploração de manganês e bauxita.
Ele relata que o sul do Estado tem potencial em minerais, principalmente bauxita e manganês que podem, segundo ele, criar uma perspectiva econômica interessante para a região.
“Já colocamos diversos alunos para pesquisar em áreas no contorno do Caparaó, na região do Guaçuí, em Dores do Rio Preto, e em Divino de São Lourenço. Temos várias ocorrências de manganês nessas áreas. Quando a gente se aproxima de Muniz Freire, perto da BR-262, há uma favorabilidade de ocorrência de Bauxita”.
Ele alerta, porém, que poderá haver dificuldade para explorar o potencial de minério na região Sul.
“Culturalmente, há uma resistência maior no Sul do que no Norte do Espírito Santo, por conta das plantações de café. O governo precisaria estar bem alinhado para não ter um desgaste, um duelo de foices”.
Onde está o lítio
Exploração
No mapa ao lado está a chamada “província pegmatítica oriental brasileira”, região mais extensa e que apresenta maior potencial para a exploração do lítio no Brasil.
Os corpos pegmatíticos são encontrados ao longo de uma faixa de aproximadamente 800km de comprimento e cerca de 150km de largura.
Um projeto para criar uma estrada de ferro de Brasília até São Mateus passaria pela região, com a construção de um “porto seco” em Barra de São Francisco, visando transportar lítio da região.
ENTENDA
“Vale do Lítio”
Esse nome é como é chamada uma região majoritariamente localizada em Minas Gerais, que engloba quatro polos com potencial para exploração de lítio.
uma dessas regiões está localizada na divisa de Minas Gerais com a região Noroeste do Espírito Santo, e especialistas consideram ser “possível e provável” que o mineral possa ser explorado em municípios como Barra de São Francisco.
Entretanto, a região ainda precisa ser regularizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM), já que ainda falta definir exatamente a área onde essa exploração pode acontecer.
Mas o que é o lítio e qual a importância dele?
O lítio vem de um material geológico chamado Pegmatíto, que são rochas de composição principalmente granítica, formadas essencialmente por quartzo, feldspato potássico, plagioclásio e micas, que possuem cristais de granulação extremamente grossos.
O lítio em pegmatitos está associado à presença de alguns minerais, sendo os mais comuns: espodumênio, petalita, ambligonita, montebrasita, lepidolita e trifilita.
Boa parte deles é ou tem potencial para serem considerados minerais de minério, sendo o espodumênio e a petalita os mais utilizados pelas indústrias na fabricação de baterias amplamente utilizadas nos aparelhos eletrônicos e carros elétricos.
Ou seja, para resumir: o lítio tem sua importância na fabricação de baterias, que são principalmente utilizadas em aparelhos eletrônicos e carros elétricos, o que lhe rendeu a alcunha de “ouro branco”.
Ferrovia
Caso a exploração do Vale do Lítio se torne uma realidade, o Espírito Santo também seria beneficiado de uma outra forma: pelo transporte do material para os portos.
A Petrocity projeta construir a Estrada de Ferro Jucelino Kubitschek, que irá de Brasília até São Mateus, e a intenção é que essa ferrovia passe pela região, com pelo menos duas Unidades de Transbordo e Armazenamento de Cargas (UTAC): uma em Teófilo Otoni e outro em Barra de São Francisco.
Fonte: especialistas citados pela reportagem
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