Estado tem 147 mil profissionais na arte e na cozinha
Para incentivar o crescimento do setor da economia criativa, o governo do Estado informou que tem realizado investimentos públicos
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Além da tecnologia, a economia criativa engloba elementos ligados à cultura, como gastronomia, artesanato, música, publicidade e design.
Segundo o levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), esses segmentos, juntos, corresponderam a 147 mil dos 167 mil postos de trabalho ocupados em média no Estado no setor da economia criativa.
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A maior parte está na gastronomia, que gerou 60% dos postos de trabalho do setor, segundo o levantamento. Um exemplo da criação de empregos está no restaurante A Oca, no centro de Vitória. O dono do estabelecimento, Fabrício Costa, detalha que emprega cerca de 20 funcionários atualmente.
Afirmou que começaram sem condições de contratar, há quatro anos. Mas conforme foram crescendo, priorizaram a questão da empregabilidade.
Por sermos uma empresa que valoriza a arte e o artista, acabamos por exercer uma função social e cultural para a cidade”, detalha.
De acordo com ele, o grande desafio do empreendedor criativo é mostrar que seu trabalho merece ser valorizado como o dos outros.
“É importante para os empresários desse setor que sejam criados mais meios para fomentar o crescimento, como linhas de crédito e isenções de impostos”, avalia.
Para incentivar o crescimento do setor da economia criativa, o governo do Estado informou que tem realizado investimentos públicos, como o incremento de R$ 15 milhões, a partir de 2022, com a criação da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba e do Programa de Coinvestimento Fundo a Fundo.
A gerente de Economia Criativa da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Lorena Louzada Vervloet, pontua também que, desde o primeiro dia da gestão anterior do governador Renato Casagrande (PSB), foi estruturada o programa ES+Criativo.
“Esse programa é uma ação de sensibilização e capacitação dos empreendedores e empreendimentos criativos, para fomentar e qualificar a atuação no setor. E também estamos instalando um espaço físico no Centro chamado Hub ES+, que será um ponto de encontro de conexões físicas e virtuais, potencializando o ecossistema criativo do Estado”.
“Vale da Moqueca” ganha força
A construção de um ecossistema de inovação no Estado tem feito inúmeras empresas, startups e hubs capixabas se destacarem nacionalmente, como Picpay e Wine.
Esse ambiente de negócios recebeu o apelido de “Vale da Moqueca”, em referência ao Vale do Silício, região nos Estados Unidos conhecida pelas múltiplas empresas de tecnologia.
Segundo o presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lira, iniciativas públicas realizadas pela Secult e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado (Fapes) estão ajudando a fomentar o segmento no Estado.
E quem também atua neste sentido é o Banco de Desenvolvimento do Estado (Bandes), que criou linhas de crédito para apoiar negócios inovadores em setores como nanotecnologia e economia criativa e sustentável.
“Com o investimento em Inovação, a empresa automatiza várias rotinas e processos, reduzindo perdas e prazos de entrega que, consequentemente, se revertem em inúmeros benefícios”, disse o gerente de negócios do Bandes, Arthur da Silva Souza.
Cerca de R$ 250 milhões estão comprometidos com Fundos de Investimentos em Participações, (FIP) como o Funsues 1, que conta com três empresas que receberam aporte, outras sete aceleradas com investimentos e 44 startups que passaram pelo programa de aceleração digital.
“O Funses 1 é uma iniciativa do governo do Estado e tem potencial transformador da realidade de nossa economia, atraindo novas empresas e potencializando as existentes aqui”, destaca o diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Marcelo Saintive.
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Gastronomia em destaque
O Espírito Santo encerrou o ano de 2022 com uma média de 167.671 pessoas ocupadas no segmento criativo, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
Dessas, 101.861 atuaram no segmento da gastronomia, o que representa 60,75% de todo o setor no Estado.
O segundo segmento com mais polos de trabalho é o de tecnologia da informação e comunicação (TIC), com 20.416, o que representa 12% de todo o setor.
Completam a lista os segmentos de design, com 16.659 postos de trabalho em 2022; artesanato, com 11.467; publicidade, com 5.142; festas e celebrações, com 4.650; teatro, com 4.297; música e audiovisual, com 2.341; editorial, com 325; pesquisa e desenvolvimento, com 262; e patrimônio e artes, com 253.
Números absolutos
O IJSN detalhou também os dados referentes ao 4º trimestre de 2022. O Estado encerrou o ano com, em números absolutos, um total de 171 mil pessoas ocupadas em atividades ligadas à economia criativa. O número representa cerca de 9% do total de trabalhadores ocupados no Estado.
O número também representa um aumento de 5,4% em relação ao trimestre anterior. Apesar do aumento no 4º trimestre, houve redução para essa variável em relação ao 4º trimestre de 2021, registrando variação negativa de 1%.
Escolaridade e faixa etária
Em relação ao nível de escolaridade, a maior parcela das pessoas que trabalhou nos segmentos da economia criativa, no 4º trimestre de 2022, possuía ensino médio completo (35,4%).
As pessoas com ensino superior completo, por sua vez, apareceram como segundo principal grupo, com uma participação de 23,4% do total.
Destaca-se ainda a participação relativa de pessoas com ensino fundamental incompleto na economia criativa, que representam 17,1%.
A distribuição etária das pessoas ocupadas nas atividades criativas apresentou, no 4º trimestre de 2022, uma estrutura semelhante aos demais segmentos da economia em que a maior parcela de ocupados tem entre 30 e 39 anos (23,4%), seguida por pessoas de 40 a 49 anos (22,1%).
Destaca-se a participação de dois grupos, dos jovens das faixas etárias de 18 a 24 anos e de 25 a 29 anos, na economia criativa. Estes grupos representaram, respectivamente, 17,3% e 14,3% do total de pessoas ocupadas no setor, contra 11,9% e 10,7% de participação nos demais segmentos da economia.
Desempenho nacional
Em relação ao ranking de unidades da federação, o Estado apresentou o 10º maior percentual de trabalhadores ocupados nos setores criativos, ganhando nove colocações em relação ao trimestre anterior.
O ranking encontra-se liderado pelo estado do Rio de Janeiro, com 12% das pessoas neste segmento, seguido por São Paulo, com 11,4% e Distrito Federal, com 10%.
Estudos realizados pelo Observatório Itaú Cultural, a partir da plataforma PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas (ECIC), divulgada e lançada na segunda-feira, mostram que o PIB do setor cultural do País cresceu mais do que o mesmo indicador da economia nacional entre os anos de 2012 a 2020.
De acordo com o levantamento, os segmentos culturais responderam por 3,11% das riquezas geradas no País em 2020 – percentual que ultrapassa, por exemplo, a participação na economia do setor automotivo (2,1%) e que equivale a R$ 230,14 bilhões dos R$ 7,4 trilhões movimentados no mesmo período.
Programa governamental
O Programa ES+Criativo, da Secretaria da Cultura (Secult), conta com a participação de 15 instituições, entre órgãos públicos, representações do sistema produtivo e universidades.
O programa articula ações entre os parceiros, visando desenvolver e fortalecer a economia criativa no Estado para impulsionar o crescimento de empreendedores e negócios criativos, a cultura local e incentivar a inovação e a criatividade.
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