Empresas estudam a redução de home office
Após o Itaú constatar baixo rendimento e fazer mil demissões, empresas estudam reduzir número de pessoal no teletrabalho

O modelo de trabalho híbrido e o remoto, conhecido como home office, está sujeito a reavaliação e mais limitações por empresas no Espírito Santo. Um dos motivos é a demissão de mil funcionários remotos do Itaú por registros de ociosidade durante a jornada de trabalho.
O home office, para muitas empresas, não é um regime de trabalho consolidado, afirma o vice-presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin.
“O modelo não está consolidado, apesar de ser utilizado desde a pandemia. Em muitas empresas, é necessário ajuste constante do funcionário com a cultura da empresa, e reforçar o estreitamento do relacionamento do empregado com as lideranças”, frisou.
Empresas no Estado já estão chamando funcionários remotos de volta ao presencial, e podem intensificar a medida, diz a psicóloga e especialista em gestão de pessoas e carreiras, Gisélia Freitas. “A Vale já fez isso, e 70% dos empresários com quem converso creem que o profissional não entrega da mesma forma quando trabalha de casa”.
A psicóloga pontua, porém, que é “necessário questionar por quais motivos as empresas estão tendo dificuldades com esse formato: se elas estão treinando adequadamente a mão de obra ou se está havendo um choque geracional – lideranças de gerações antigas que atrelam produtividade à presença no ambiente de trabalho”.
As empresas que mantiverem o home office terão a tendência de aumentar a vigilância de funcionários durante o expediente, afirma a psicóloga e consultora de gente e gestão Martha Zouain.
“A ociosidade em horário laboral fere o contrato de trabalho. Quando você entrega só quatro horas de trabalho, sendo que seu contrato prevê oito, você dá a empresa a possibilidade de rever o contrato. Porque se a empresa te entregar só metade do salário, você tem todo o direito de procurar a Justiça. Então, a tendência é que a vigilância no home office aumente”.
Códigos de conduta claros e métricas aumentam a transparência e melhoram a confiança, destaca o CTO e Head de IA na Intelliway Tecnologia, Frederico Comério. “Nem todos têm capacidade de autogestão, e isso acaba afetando o resultado total da empresa”.
Demitidos fazem queixas
Os desligamentos no Itaú foram feitos sem diálogo prévio com os trabalhadores ou com as entidades sindicais, afirma o Sindicato dos Bancários.
Segundo o órgão, “foram dispensas em massa, realizadas de forma unilateral, sem transparência e sem respeitos aos princípios da negociação e mediação”.
A justificativa do banco foi que as demissões foram motivadas por “baixa aderência ao home office, analisada através de registros de inatividade nas máquinas corporativas, em alguns casos, por períodos acima de quatro horas”.
O sindicato critica o que chama de “critério extremamente questionável”, já que não leva em conta “a complexidade do trabalho remoto, com possíveis falhas técnicas”.
Em nota veiculada à imprensa, o Itaú informa que “realizou desligamentos decorrentes de uma revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada”.
A empresa afirma ainda que “as decisões fazem parte de um processo de gestão responsável” e têm como objetivo preservar “nossa cultura, e a relação de confiança que construímos com clientes”.
Saiba mais
Reforço no monitoramento da atividade
Home office em xeque?
O trabalho remoto ou híbrido está em análise por empresas do Brasil e do Estado. A falta de confiança na produtividade e qualidade entregues aumentam com movimentos de grandes empresas, como o Google, que neste ano ameaçou funcionários de demissão caso não retornassem ao presencial. A Amazon também repreendeu funcionários que não queriam retornar à empresa.
Tecnologia para monitorar
Com o avanço tecnológico, empresas estão reforçando o monitoramento de funcionários em home office para garantir padrões de qualidade. A tutela de empregados em regime remoto pode ser feita, desde que com ciência do trabalhador e em observância aos termos da LGPD. O monitoramento pode ser feito, inclusive, no computador do funcionário, desde que tenha consentimento.
Práticas para home office
Especialistas apontam que funcionários de regime remoto devem se atentar a algumas práticas para manter um bom desempenho:
Conheça e siga a política e as regras da empresa.
Tenha atenção dobrada em casa. Estudos apontam que, após a interrupção de uma atividade, o cérebro leva 15 minutos para voltar ao foco.
Estabeleça uma rotina de trabalho, simulando a vida no escritório.
Garanta um espaço com privacidade, internet de qualidade e ferramentas de trabalho adequadas.
Mantenha contato com as lideranças da sua equipe. É importante dar satisfação do seu expediente, mostrar que está presente no trabalho, ainda que não presencialmente.
Comunique dificuldades, peça ajuda para sua liderança, para não saber da pior forma que o seu desempenho está sendo ruim.
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