Empresários defendem mudanças e mais rigor na concessão de programas sociais
Por outro lado, tem empresas buscando parceria com o governo federal para incentivar inscritos no CadÚnico a entrarem no mercado de trabalho formal
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Empresários de diferentes setores pedem mudanças e maior rigor nos programas sociais do governo federal.
Um deles é Hélio Schneider, superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps). Para ele, é necessário maior rigidez para cadastro de famílias em programas como o Bolsa Família.
“É um programa fundamental para quem realmente necessita, mas precisa ter maior avaliação para cadastrar essas pessoas”, explicou.
Para José Carlos Bergamin, vice-presidente da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio-ES), o governo tem de verificar os beneficiários que não deveriam estar recebendo os auxílios do governo.
Ele destacou também que “os custos carregados pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) onera exageradamente os empregadores e retira renda líquida mensal dos trabalhadores e, assim, incentivam a informalidade”.
Os benefícios sociais e a facilidade da falta de fiscalização e transparência competem diretamente com a criação de empregos, contou Fernando Otávio Campos, diretor de relações trabalhistas do Sindicato da Construção Civil de Guarapari (Sindicig).
“Mudanças que busquem melhorar a transparência e a eficácia de programas sociais, como o Bolsa Família, podem contribuir para uma abordagem mais equilibrada. No entanto, o foco deve estar também na promoção de políticas públicas que incentivem a qualificação e a inserção no mercado de trabalho, sem desincentivar o trabalho formal”, contou.
Leia mais: 27 cidades tem mais beneficiários do bolsa família do que empregados
Por outro lado, tem empresas buscando parceria com o governo federal para incentivar inscritos no CadÚnico a entrarem no mercado de trabalho formal.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Programa Acredita no Primeiro Passo inclui, em sua estrutura, suporte na busca por oportunidades e intermediação junto a empresas.
Além disso, incluem, por exemplo, capacitação profissional, com qualificação voltada a áreas com alta demanda de mão de obra, informou, em nota, o ministério.
“O Caged mostra, na prática, que as pessoas do Bolsa Família e do Cadastro Único querem trabalhar, estão empregadas, mas buscam empregos decentes. Peço que observem essa realidade para evitar qualquer forma de preconceito contra os mais pobres”, afirmou o ministro Wellington Dias à Agência Gov.
SAIBA MAIS
Parcerias
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) estabeleceu parcerias com diversas empresas para ampliar o alcance e o impacto do programa Bolsa Família e do Cadastro Único, por meio do Programa Acredita no Primeiro Passo. Essas colaborações visam a qualificação profissional, criação de empregos e inclusão socioeconômica.
Iniciativas
O Grupo Carrefour Brasil firmou um acordo com o MDS para contratar pessoas do Bolsa Família, com foco na inclusão socioeconômica. Desde o lançamento do programa, a meta inicial de contratar 10 mil no País em três anos foi amplamente superada, contratando mais de 54 mil beneficiários do CadÚnico, nas unidades do Atacadão, Sam’s Club e Carrefour.
Há parceria também entre o governo federal e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). A iniciativa tem como objetivo apoiar a qualificação profissional e a inserção no mercado de trabalho, além de incentivar o empreendedorismo.
Em março, o ministério e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) firmaram parceria para qualificar e criar empregos para inscritas no Cadastro Único (CadÚnico). O acordo prevê a capacitação de profissionais como eletricistas, pedreiros, carpinteiros e maquinistas, seguindo os padrões do setor.
Como funciona?
As empresas parceiras do MDS, como o Carrefour, divulgam vagas e oportunidades de emprego para os beneficiários do Bolsa Família, que podem se candidatar a essas vagas por meio dos canais de comunicação da empresa ou do próprio ministério.
Além disso, algumas parcerias podem envolver a oferta de cursos de qualificação e apoio ao empreendedorismo.
Ocupação de vagas
98,87% das vagas criadas no ano passado, em todo o País, foram ocupadas por pessoas cadastradas no Cadastro Único (CadÚnico). Do total de 1,69 milhão de empregos criados, 1,27 milhão (75,5%) foram preenchidos por beneficiários do Programa Bolsa Família, enquanto 395 mil (23,4%) ficaram com cadastrados que não recebem o benefício.
Em 2025, a predominância de inscritos no Cadastro Único como ingressantes no mercado de trabalho se mantém: até abril, 75% dos novos empregos foram ocupados por beneficiários de programas sociais.
Um dos motores desse crescimento foi a Regra de Proteção do Bolsa Família, que permite aos beneficiários manter 50% do valor do benefício por dois anos após entrarem no mercado formal, incluindo os complementos para gestantes, crianças e adolescentes. Em junho de 2025, 3,02 milhões de famílias estão amparadas por essa medida.
Fonte: Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e Agência Gov.
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