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Economia

Duplicação de BRs ainda é necessária com possíveis ferrovias

Necessidade de ampliação das rodovias não deixa de existir com as potenciais construções de estradas de ferro


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Imagem ilustrativa da imagem Duplicação de BRs ainda é necessária com possíveis ferrovias
Trânsito na 262, uma das rodovias que terá de ser ampliada, mesmo com novas ferrovias |  Foto: Beto Morais — 15/05/2020

A possibilidade da implementação de novas estradas de ferro no Estado não anula a necessidade da duplicação de rodovias. É o que afirmam especialistas consultados pela reportagem, que destacam a importância de que projetos rodoviários não sejam deixados de lado.

O professor de pós-graduação em Engenharia Civil da Ufes e especialista na área de transportes Rodrigo de Alvarenga Rosa explica que, na década de 1950, o ex-presidente Juscelino Kubitschek teve de escolher entre investir em rodovias ou em ferrovias, porque não havia verba para as duas coisas.

Porém, ele explica que hoje já é possível focar em ambos os modelos, sem redução de investimentos em um para ampliar o outro.

“Qualquer ferrovia demora de seis a 10 anos para ficar pronta. A rodovia não vai perder seu papel crucial, mas é preciso melhorar a qualidade delas. Há muitas mortes nas estradas e não só a duplicação de BRs, como a 262, precisa acontecer, como melhorias nas vias estaduais também precisam ocorrer.”

Engenheiro civil e especialista em logística consultado pela reportagem detalhou que o investimento feito em ferrovias deve ser acompanhado porque poderá ocorrer um aumento de movimentação nas estradas.

“Não deve haver uma grande redução de caminhões nas rodovias. Apenas em algumas. São modelos logísticos que têm sinergia, um acaba precisando do outro. Um investimento não pode anular o outro.”

Líder da bancada capixaba no Congresso, o deputado federal Josias da Vitória (PP) concorda, e afirma que para que todos os transportes no Estado sejam potencializados, será necessário duplicar os trechos das BRs 101, 259 e 262 no Estado, para evitar que o número de acidentes, que já é alto, aumente ainda mais.

“O investimento em ferrovias não anula a necessidade de investir em rodovias. Precisamos ampliar a capacidade de todos os modais de transportes, até porque, as rodovias também são meio de deslocamento de pessoas. Com rodovias simples já temos registrado muitos acidentes, então precisamos duplicá-las para aumentar a segurança.”

Melhorias na Vitória a Minas

Apesar de não ser uma nova ferrovia, a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) também é alvo de apelos de investimento.

A presidente da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Cris Samorini, defende o aprimoramento do trecho ferroviário que liga o Centro-Oeste do País aos portos capixabas.

Nesse sentido, o debate gira em torno do trecho chamado de Contorno da Serra do Tigre. Segundo Cris, a Federação defende a superação definitiva dos gargalos existentes nesse trecho.

“A solução proposta indica o investimento em um novo trecho ferroviário, variante à Serra do Tigre, ligando a cidade de Patrocínio, em Minas Gerais, a Belo Horizonte, quando encontra a ferrovia Vitória-Minas. Estudos nossos demonstram um aumento de volume de cerca de 36 milhões de toneladas no curto prazo, até 2035, com a implantação desse investimento”, afirma.

“Melhorias ali iriam ter um impacto positivo na ligação do Espírito Santo com o Centro-Oeste. Mas ainda não houve uma decisão de se fazer investimento público”, afirma o deputado Da Vitória.

Os benefícios de investir em ferrovias, sejam elas novas ou já existentes, são muitos, segundo o economista Ricardo Paixão.

“É importante haver essa diversificação das matrizes de transporte em um País tão grande como o nosso. Não podemos ficar dependentes de um único transporte, que é o rodoviário. Um exemplo: carregar soja resulta em um desperdício de 30% só no transporte rodoviário, algo que pelo ferroviário seria reduzido.”

Ele detalha que com a duplicação das rodovias, a interligação entre os dois modais iria favorecer a economia capixaba e reduzir acidentes, que já são altos nas estradas do Estado.

Esse benefício à economia capixaba é indicado em estudos da Findes, que mostram que há possibilidade de movimentação de até 56 milhões de toneladas de carga até 2060, só na EF-118.

“Cargas como rochas ornamentais, granéis vegetais (açúcar, soja, milho, trigo, cevada e farelos), minerais, dentre outros, têm um grande potencial de escoamento competitivo pela ferrovia”, afirma Cris Samorini.

Sobre o projeto

Estrada de Ferro Conceição do Mato Dentro/Presidente Kennedy: projeto da Macro Desenvolvimento que já teve construção e operação autorizados pelo governo federal. A intenção é de que esta ferrovia integre a chamada Ferrovia Bioceânica, que pretende atravessar o continente e chegar até o Oceano Pacífico, Peru.

Estrada de Ferro (EF) 118 - Ramal Anchieta: o primeiro trecho da ferrovia com 72 km de extensão, entre Cariacica e o Porto de Ubu, em Anchieta, deve ser construído pela Vale, como contrapartida pela prorrogação antecipada da concessão da Estrada de Ferro Vitória-Minas, por mais 30 anos. O investimento previsto é de R$ 6 bilhões na primeira etapa.

A empresa também se comprometeu a doar o projeto básico da Ferrovia Kennedy, um trecho de 87 quilômetros que liga o Ramal Anchieta a Presidente Kennedy, que representa o primeiro trecho da EF-118.
Estrada de Ferro Juscelino Kubitschek: Vai ligar Brasília (DF) a Barra de São Francisco, com 1.310 quilômetros de extensão.


Análise

Imagem ilustrativa da imagem Duplicação de BRs ainda é necessária com possíveis ferrovias
Ricardo Ferraço, vice-governador e secretário de Estado do Desenvolvimento |  Foto: Divulgação

"Criação de emprego e renda no Estado"

“O potencial da nova ferrovia na criação de oportunidades, empregos, renda no Espírito Santo, em especial no Sul capixaba, é evidente. O Estado está trabalhando por investimentos estruturantes, que são fundamentais para conectar os nossos portos aos grandes centros de produção do País.

Vivemos um momento importante de expansão da infraestrutura portuária no Estado, com a concessão da Codesa, o Porto da Imetame, e também de forma inédita a primeira Zona de Processamento de Exportações privada do Brasil, em Aracruz.

Os investimentos na malha ferroviária são elo essencial, complementando a infraestrutura logística. São investimentos estratégicos para a economia. Um deles é o Ramal Anchieta.

Todos esses investimentos são estratégicos para o desenvolvimento econômico e social do Espírito Santo, abrindo oportunidades para ampliação e novos negócios.

Indústria, comércio, serviços serão impactados positivamente, com expansão de milhares de postos de trabalho.”

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