Dinheiro do BNDES para reduzir preço de passagens
Governo faz os ajustes finais no programa de ajuda às empresas aéreas, que pode chegar a uma cifra total de R$ 8 bilhões
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O governo está dando os retoques finais em um plano de resgate das companhias aéreas, para lidar com um desafio que EUA e Europa encararam bem antes, logo após a pandemia.
O pacote, que deve ser anunciado nos próximos dias, utilizará fundos públicos como garantia para empréstimos do BNDES a aéreas em dificuldades. O plano ainda está sendo definido, e a expectativa é que seja mais um alívio temporário do que uma solução para os problemas do setor.
Cortar as tarifas o suficiente para permitir que a população de baixa renda voe regularmente virou uma espécie de obsessão para o presidente Lula. O custo elevado do combustível de aviação no Brasil é um fator complicador, com a Petrobras sob pressão para rever sua fórmula de preços.
A inação do ex-presidente Jair Bolsonaro após a covid-19 levou as aéreas nacionais ao limite. O novo governo tem procurado chegar a um acordo sobre um caminho a seguir, e quando a Gol entrou com pedido de recuperação judicial no final de janeiro, a questão saltou para o topo da agenda.
O valor do pacote do governo ainda não foi definido. Membros do governo pressionam por até R$ 8 bilhões, enquanto o Ministério das Fazenda prefere valor próximo de R$ 5 bilhões, segundo fontes que falaram em anonimato.
“As companhias aéreas no Brasil não receberam ajuda do governo no passado, e uma hora a conta chega”, disse Ygor Araujo, analista da Genial Investimentos. Um resgate da dimensão que está sendo considerada “traz um alívio de seis a oito meses”.
As aéreas enfrentam atrasos na produção de novas aeronaves e um número elevado de ações judiciais movidas por clientes insatisfeitos. Elas elevaram tarifas para compensar a alta dos custos, com aumentos de quase 50% nos preços das passagens em dezembro em relação ao ano anterior.
O presidente não esconde sua frustração. “Não há explicação para o preço das passagens aéreas neste País”, disse Lula em evento no Amapá no final do ano passado, acrescentando que algumas passagens para a região Norte custam até R$ 10 mil.
Apenas garantir empréstimos do BNDES não será suficiente para reduzir os preços. “A linha não seria usada para subsidiar as passagens, e sim para ajudar com uma questão de liquidez das empresas”, disse Carolina Chimenti, analista de crédito da Moody’s.
Apesar da recuperação judicial, a Gol continua elegível à linha de crédito do BNDES. A companhia não respondeu a um pedido de comentário.
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