Contra escassez de mão de obra, empresas usam até avião para trazer profissionais
Algumas pagam viagem para atrair mão de obra de outros estados, e há quem use a própria aeronave. Outras dão moradia a contratados
Diante da dificuldade com mão de obra local, empresas de diferentes setores estão buscando profissionais de outros estados e, para ajudá-los, oferecem moradia. Algumas chegam a pagar passagem aérea e até a usar avião próprio para trazer os trabalhadores para o Espírito Santo.
A Fortes Engenharia, por exemplo, paga passagens de avião e alojamento, contou o conselheiro Ricardo Antonio Abrahão Netto. “A Fortes tem trabalhado com mão de obra de outros estados. E as passagens são pagas pela Fortes e, conforme a distância, trazemos de avião. Toda a estada e alojamento também é por conta da empresa”.
Já a Imetame utiliza o próprio avião para transportar os trabalhadores, como contou o CEO da Imetame Pedras Naturais, Adriano Duarte Silva. A assessoria da Imetame informou que identificou a necessidade de ampliar a busca por profissionais em novas regiões, completando o efetivo para atuar em obras da empresa.
“A Imetame tem colaboradores de vários estados da federação e, como possui aeronave própria, realiza em larga escala o transporte interestadual de colaboradores”, destacou o CEO.
Membro do Conselho do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC), Fausto Frizzera disse que empresas de metalmecânica estão contratando mão de obra de estados como Bahia e Rio. “A mão de obra está escassa, não só no nosso setor, mas em todos. É preciso de mais profissionais técnicos em geral. Tem muitos cargos técnicos que pagam bem desde o salário inicial”, disse.
O consultor empresarial Durval Vieira de Freitas reforçou que empresas conseguem novos projetos e não têm mão de obra: “São trabalhadores que vêm de estados como Alagoas e Maranhão. E olha que o Estado tem uma das menores taxas de desemprego do País”.
Ele citou que as empresas, muitas vezes, oferecem subsistência e alojamentos, além de ganhos extras por produtividade.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado (ABIH-ES) e diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Guarapari, Fernando Otávio Campos, contou que empresas da cidade também trazem profissionais para o Estado.
Ele revelou inclusive que muitos hotéis estão reservados 100% para hospedar os trabalhadores de fora.
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Dificuldade com mão de obra
A dificuldade para contratar é enfrentada por empresas de todos os portes e diferentes setores da economia, que não preenchem totalmente as vagas abertas.
Empresas que buscam contratar enfrentam um mercado menos abastecido de potenciais trabalhadores, o que pode resultar em dificuldades para encontrar perfis qualificados ou dispostos a aceitar determinadas condições de trabalho.
Informação recente divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 62% das empresas da indústria, por exemplo, afirmam ter dificuldade em contratar mão de obra qualificada.
A CNI também apontou, em outubro, dificuldade crescente das empresas para contratar profissionais técnicos e especializados. A escassez de mão de obra técnica qualificada já é um dos maiores desafios para a competitividade da indústria no Brasil.
Empresas que atuam em áreas como óleo e gás, energia, mineração e manutenção relatam dificuldades em preencher vagas que exigem perfil técnico e comportamental adequado.
Profissionais de fora
Diante disso, no Estado, empresas de diferentes setores estão ofertando moradia e utilizando até aviões para atrair profissionais de outros estados para trabalhar.
A Fortes Engenharia tem trabalhado com mão de obra de outros estados, paga as passagens e conforme a distância, traz de avião, os trabalhadores. Além disso, toda a estadia e alojamento é por conta da empresa.
Já a Imetame tem aeronave própria para trazer trabalhadores de fora para atuar em obras, por exemplo.
Contratação de refugiados e de detentos
Empresas do Estado também estão contratando refugiados, através de projeto em parceria com o Exército, e detentos, em projeto da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus).
No Estado, o programa Operação Acolhida já beneficiou mais de 1.060 pessoas, sendo mais 820 migrantes contratados por empresas capixabas. Entre os municípios que mais receberam estão Linhares, Vila Velha, Vitória, Aracruz e Marechal Floriano.
Entre 2018 e 2025, mais de 28 mil migrantes foram interiorizados por meio de vagas de emprego sinalizadas, sendo mais 4,3 mil apenas neste ano. Vila Velha aparece entre as principais cidades do Brasil em número de contratações. A Operação Acolhida já abrigou mais de 181 mil migrantes e interiorizou mais de 154 mil pessoas em todo o País.
Já o Programa de Ressocialização da Sejus inclui a oferta da educação formal, qualificação profissional e trabalho. Atualmente, 5.423 detentos exercem atividade laborativa.
A Sejus informou que mais de 100 internos trabalham por meio de convênios com as redes supermercadistas, por exemplo, em funções como ajudante de açougueiro, repositor, embalador, auxiliar de depósito, carga e descarga, e ajudante de padaria.
Fonte: CNI, Findes, Sejus e empresas citadas.
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