Banco Master: 32 mil no ES à espera do pagamento pelo Fundo Garantidor de Crédito
Especialista acredita que o pagamento está próximo, mas ressalta que a liberação depende de etapas do Banco Central
Ainda sem prazo definido para o pagamento do dinheiro investido por clientes do Banco Master, liquidado após ordem do Banco Central, cerca de 32 mil pessoas aguardam por uma definição no Espírito Santo. No Brasil, são ao todo 1,6 milhão de credores que tiveram o retorno do investimento prejudicado pelo encerramento das atividades do banco.
A expectativa é de que o momento para o pagamento esteja próximo, avalia o especialista em investimentos Pedro Lang, sócio da Valor Investimentos. Porém, é preciso aguardar algumas etapas do BC para que seja entregue o dinheiro para os investidores, por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
“O que falta, neste momento, é o envio, por parte do Banco Master, de todas as informações ao FGC. O banco precisa repassar os dados completos de todos os credores, com os valores exatos de cada um na data da liquidação. Esse processo pode levar algum tempo, pois envolve a consolidação de toda a base de dados de clientes”, explica.
Atualmente, o Banco Master está enviando essas informações ao Banco Central. Após essa etapa, o FGC poderá dar sequência ao pagamento, salienta o especialista.
Após esse processo é que será disponibilizado um passo a passo para o cadastro na ferramenta do FGC, que será encaminhado separadamente como referência.
A liquidação extrajudicial do Banco Master foi decretada pelo BC no dia 18 de novembro, motivada pela “grave crise de liquidez”, ou seja, a falta de dinheiro para honrar com as dívidas. Segundo o BC, foram constatadas também graves violações às normas que regem a atividade da instituição.
Dono do Banco Master, o empresário Daniel Vorcaro se tornou alvo de uma ação judicial na Justiça de São Paulo relacionada a investimentos em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) emitidos pela instituição.
Diligências foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli para que a Polícia Federal possa colher depoimentos dos investigados e das autoridades do Banco Central que realizaram as investigações, em 30 dias. A Polícia Federal também poderá requisitar informações aos órgãos envolvidos na investigação e novos pedidos de quebra de sigilo telefônico.
À espera do FGC
Pegou dinheiro emprestado com o ex
Uma comerciária de 40 anos tem cerca de R$ 1.600 em CDB do Banco Master já com liquidez, embora ainda não vencido. Ela contava com o dinheiro para despesas do fim de ano e acreditou que o pagamento pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) seria mais rápido. Como precisava do valor, ela chegou a considerar a venda do título a preço muito abaixo do que ele vale, para não ficar sem cumprir com os compromissos.
Mas, em conversa com um ex-namorado, que tem conhecimento sobre o assunto, ela ouviu a recomendação de esperar mais pela liberação pelo FGC. E recebeu um empréstimo emergencial do ex para quitar dívidas.
Certificado deu prejuízo de até 93% a investidores
Operações financeiras de risco feitas por investidores por falta de clareza ou supressão de informação por parte de instituições financeiras não são novidade e provocam queixas em outras instituições financeiras.
Investidores que aplicaram em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) ligados aos títulos de dívida da Ambipar e da Braskem, por exemplo, estão enfrentando perdas que chegam a quase 93% do valor inicialmente investido, segundo comunicados enviados pelas instituições aos seus assessores de investimento.
As perdas ocorrem pela liquidação antecipada do investimento, em um cenário de fragilidade financeira de ambas as empresas.
No caso da Ambipar, há um acúmulo de dívida de R$ 10,48 bilhões, segundo o pedido de recuperação judicial da empresa aceito pela juíza Caroline Fonseca, da 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
Já a Braskem viu os papéis caírem em meio a um ciclo de baixa do setor petroquímico, além de ainda sentir os efeitos da Operação Lava a Jato.
Os prejuízos chegam a R$ 700 mil, como relatado por um investidor de São Paulo no site Reclame Aqui, que alega ter investido por meio de um escritório associado ao BTG Pactual, conta uma matéria publicada no site Valor Investe. A XP Investimentos também é citada em outras reclamações.
Especialistas alertam para que o investidor tenha atenção à modalidade de COE contratado, uma vez que alguns podem permitir a liquidação antecipada — embora tenha que estar clara a possibilidade.
Saiba Mais
Não há uma data definida pelo Fundo
Quando será pago?
Ainda não existe data definida para o pagamento dos investimentos feitos pelos credores do Banco Master, segundo o Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
O FGC afirma que está prestando apoio ao liquidante para a consolidação das informações do conglomerado Master.
A instituição ressalta que não existe um prazo legal para a conclusão dessa etapa, mas o pagamento da garantia será iniciado “tão logo quanto possível” — que, na média, considerando as últimas liquidações, é de 30 dias.
O FGC cobre investidores?
Sim! Mas depende do volume aplicado e do tipo de investidor. Pessoas físicas e empresas, por exemplo, terão tratamento diferenciado no resgate dos valores.
Quantias até R$ 250 mil por Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) serão pagas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
A cobertura segue o limite por CPF ou CNPJ, por conglomerado financeiro —ou seja, a somatória de todos os investimentos no banco. Se exceder, não é coberto.
O valor inclui o montante investido e os rendimentos acumulados até a data da liquidação. Isso quer dizer que tudo o que foi ganho até a data da liquidação será pago.
Como requisitar?
O ressarcimento não é automático. O investidor deve fazer o pedido pelo aplicativo do FGC — d i s p o n í vel para Android e iOS.
O app do FGC está disponível, afirma a instituição. As pessoas podem realizar o cadastro básico.
Quando as informações forem enviadas pelo liquidante ou interventor ao FGC, os credores poderão completar o pedido de recebimento da quantia.
A partir do recebimento da base pelo FGC, os credores (CPF) devem solicitar a garantia diretamente pelo aplicativo do FGC.
Ao finalizar o cadastro, a pessoa física poderá visualizar o valor que irá receber e, em seguida, deve assinar digitalmente um termo confirmando a solicitação do pagamento da garantia.
Empresas
As pessoas jurídicas (CNPJ) realizam o processo pelo site do FGC, no Portal do Investidor do FGC.
Elas também assinam o termo, enviado diretamente a elas após a análise dos documentos.
Após a assinatura digital e, estando tudo de acordo com os dados bancários, o FGC efetiva o pagamento em até 48 horas úteis, direto na conta de titularidade do credor.
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