Azeite vira item de luxo e ganha lacre antifurto
Preço do alimento disparou por causa da alta temperatura na Europa, levando os supermercados a adotarem a cautela
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Tratado como artigo de luxo, o azeite está recebendo lacre antifurto em algumas redes de supermercados. O preço do produto subiu 47,44%, nos últimos 12 meses, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A garrafa de 500 ml chega a R$ 47,28.
Um funcionário de um supermercado visitado pela reportagem contou que o investimento nos lacres veio após um furto que culminou com R$ 6 mil de prejuízo para a empresa. Alguns clientes se mostraram curiosos ao se depararem com a cena.
O preço do azeite subiu por causa das ondas de calor na Europa, que reduziram a produção de azeitona, atingindo os grandes produtores: Espanha, Portugal e Grécia.
O presidente da Associação dos Olivicultores do Espírito Santo, Ricardo Serro, destacou que o Estado tem grande potencial para produção de azeite, embora as produções ainda sejam muito pequenas. "Precisamos investir em pesquisa para melhorar a produtividade", destacou.
Mas confessou que apesar de ser um produto valioso, não imaginou que chegaria ao ponto de precisar ser comercializado com lacre antifurto. “Se tem chance de furto, do comerciante deixar de receber, é válido”.
O Estado tem cerca de 130 produtores de azeitonas e aproximadamente 300 hectares de área plantada, que abrange 17 municípios da região serrana, se estendendo até o Caparaó, de acordo com o Instituto Capixaba de Assitência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
A produção ainda é muito pequena. No ano passado foram 112 litros, com azeitonas de 14 produtores. Já este ano, 63 litros, com azeitonas de 5 produtores, segundo o Instituto. Neste ano foi inaugurada em Santa Teresa a primeira fábrica de azeite para uso coletivo, com algumas adaptações ela também pode produzir azeite de abacate.
Diante da situação, consumidores buscam alternativas para economizar. O chef Estevão Ruy destacou que na salada é possível trocar azeites por molhos. Ele citou como exemplo o molho de iogurte com hortelã, que é refrescante.
Já para cozinhar, indicou o óleo misto. “Ele normalmente é composto por 40% de azeite e 60% de óleo de soja, por isso sai mais barato”, diferenciou.
Produção no Estado também foi afetada
A procura pelo azeite artesanal produzido no Estado é muito maior do que a oferta. Antes mesmo de começar a produzir, já são feitas reservas por aqueles que querem um azeite fresco, com suas propriedades preservadas.
Renata Caiado, administradora do Azeite Aracê, contou que as condições climáticas do ano passado, com frio e fortes volumes de chuva, afetaram as produções no Estado e fizeram a produção cair.
No ano passado foram 680 quilos, já neste ano a safra caiu para 470 quilos. “Nós temos um safra experimental, que era para dobrar neste ano, mas houve uma diminuição. É uma cultura extremamente dependente do clima”, ressaltou.
Segundo ela, neste ano, a garrafa de 250 ml foi vendida por R$ 80. A colheita e o processamento são feitos no mesmo dia. “Não pode ficar para depois, se não oxida e perde a qualidade”.
Para a administradora, os azeites brasileiros são de qualidade muito superior ao comprado no mercado, que é um produto que atravessou o Atlântico e é envazado aqui no Brasil.
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Para substituir
Com o azeite mais caro, algumas famílias precisam buscar alternativas para economizar. Por isso, a reportagem preparou algumas opções de substituição:
O óleo misto pode ser uma boa opção para substituir o azeite. Ele normalmente é composto por 40% de azeite e 60% de óleo de soja e por isso sai mais barato, de acordo com o chef Estevão Ruy. Já para as saladas, ele estimula a produção de molhos, como de iogurte com hortelã, que é refrescante.
Produção no Estado
O Estado tem cerca de 130 produtores de azeitonas e aproximadamente 300 hectares de área plantada, que abrange 17 municípios da região serrana, se estendendo até o Caparaó, de acordo com o Instituto Capixaba de Assitência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
Municípios que iniciaram a produção: Santa Teresa, Domingos Martins, Castelo, Afonso Cláudio e Venda Nova do Imigrante. Há ainda a produção de azeite de abacate na região de Venda Nova do Imigrante.
A produção de azeite de oliva no Estado ainda é muito pequena. Foram produzidos 85 litros de azeite em 2022, com azeitonas provenientes de 16 produtores. Em 2023, foram 112 litros, com azeitonas de 14 produtores. Em 2024, 63 litros, com azeitonas de 5 produtores, segundo o Instituto.
Neste ano foi inaugurada em Santa Teresa, a primeira fábrica de azeite para uso coletivo, com algumas adaptações elas também pode produzir azeite de abacate.
Para a instalação da fábrica, o Governo de Estado investiu cerca de R$ 600 mil para a aquisição de equipamentos utilizados na fabricação do azeite. A capacidade de produção dessa nova agroindústria é de 100 litros de azeite por hora.
Fonte: Incaper, Estevão Ruy
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