“Pequenas petrolíferas” vão investir e criar negócios no ES
Venda de ativos pela Petrobras fez surgirem novos grupos no setor, e eles têm buscado se unir para aumentar a capacidade de investir
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A movimentação de pequenas petrolíferas sinaliza novos investimentos e oportunidades de empregos e negócios no Espírito Santo. Uma das transações é a fusão, anunciada nesta semana, entre a Enauta e 3R Petroleum.
O presidente da Enauta, Décio Oddone, disse que uma nova companhia será criada com a combinação e terá condições — e ambição — de ser ainda maior, ganhando uma posição de protagonista na esperada consolidação desse setor.
“Vamos criar uma companhia relevante, com balanço sólido, geração de caixa significativa e com potencial de fazer mais, com ambição de fazer mais”, afirmou, em entrevista ao jornal Valor. A indústria capixaba demonstrou seu otimismo com os negócios no setor.
Nathan Diirr, gerente de Ambiente de Negócios do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias (Findes), reforçou a criação de oportunidades e disse que a fusão pode significar ganho de escala nos projetos, maior facilidade para acessar o mercado de capitais, além de potencializar a viabilidade de novos projetos de exploração e produção.
A 3R opera no Espírito Santo no Polo Peroá-Cangoá, Litoral Norte do Estado, e no bloco BM-ES-21, onde foi descoberto Malombe, na Bacia do Espírito Santo. Já a Enatua comprou no ano passado 23% do Parque das Conchas.
Juntas, hoje, elas extraem 67,7 mil barris de óleo equivalente por dia. Com a fusão, pode haver uma sinergia de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,68 bi) e produzir 100 mil barris de óleo equivalente por dia nos próximos cinco anos, conforme informações do jornal O Globo.
A Junior Oils PetroReconcavo é outra empresa “pequena” em transação relevante. Ela firmou acordo com a Seacrest para perfurar 300 poços nos Polos Norte Capixaba e de Cricaré, em São Mateus, Linhares, Conceição da Barra e Jaguaré.
O CEO da DVF Consultoria Durval Vieira de Freitas explicou que a PetroReconcavo vai usar sondas de perfuração para acelerar a retomada do trabalho. Ele calcula que o investimento da Seacrest em 2 anos seja de R$ 1,5 bilhão, com criação de 1.500 empregos.
Há ainda a Elysian Petroleum, que adquiriu 122 áreas em terra, incluindo no Espírito Santo no leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a expectativa é de que crie 150 oportunidades de emprego no Estado.
Saiba mais
Fusões e aquisições
A fusão das empresas do segmento é uma tendência. Nas visão de alguns analistas, as pequenas petrolíferas que surgiam com o plano de desinvestimento da Petrobras estão se adaptando à nova realidade do mercado, imposta pelo atual cenário, de paralisação dos desinvestimentos.
3R Petroleum
A 3R Petroleum é uma das empresas que fornece gás natural ao mercado capixaba, além da Petrobras e da Galp, por meio da ES Gás. Segundo a ES Gás, o contrato prevê o fornecimento de 400 mil m/dia até dezembro de 2025. O gás natural é do Campo de Peroá, na Bacia do Espírito Santo, anteriormente comercializado só pela Petrobras.
A 3R opera no Espírito Santo no Polo Peroá-Cangoá, litoral norte Capixaba, e no bloco BM-ES-21, onde foi descoberto Malombe, na Bacia do Espírito Santo.
Enauta
Comprou no ano passado 23% do Parque das Conchas, no Litoral Sul do Estado. Um investimento de US$ 150 milhões (R$ 757,5 milhões).
PetroReconcavo
O Seacrest Petróleo e a PetroReconcavo anunciaram parceria este mês. A PetroReconcavo vai usar sondas de perfuração de poços em terra para acelerar a retomada da perfuração de 300 poços no Espírito Santo da Seacrest, nos Polos Norte Capixaba e de Cricaré, localizado em São Mateus, Linhares, Conceição da Barra e Jaguaré.
Elysian Petroleum
Nova no mercado, a empresa adquiriu 122 áreas em terras incluindo no Estado no leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Investimentos previstos: R$ 400 milhões.
Áreas com chances
O Especialista em Logística Fernando Batista de Oliveira explicou que investimentos no setor que aumenta a produção criam oportunidades para auxiliar de operações, técnico de materiais e transporte, Engenheiro de Petróleo e Gás, Técnico de Operações, Área Administrativa em geral , Controlador de produção, por exemplo.
Fonte: Findes, O Globo
Fusão de novas companhias é uma tendência no setor
A fusão das “pequenas empresas” do segmento de petróleo é uma tendência, de acordo com analistas do setor. Nas visão de alguns deles, as pequenas petrolíferas que surgiam com o plano de desinvestimento da Petrobras estão se adaptando a nova realidade congelamento dos desinvestimentos.
Se unindo, elas ganham mais fôlego para se manterem rentáveis, investir e ampliar a produção. A PetroReconcavo, que assinou parceria com a Seacrest para perfuração de 300 poços no Estado, estado, já estava envolvida no assunto fusão.
A Maha Energy já propôs a fusão entre a 3R e a PetroReconcavo, combinação que resultaria numa produção de 80 mil barris diários. A fusão com a Enauta, não impediria uma fusão futura com a PetroReconcavo, conforme informações do Valor Econômico.
Contudo, analistas apontam que há outras opções no mercado. Para Durval Vieira de Freitas, a PetroReconcavo e a Seacrest devem desenvolver um relacionamento mais próximo.
Análise
“No setor, pequenos são grandes”
"Quando comparado com outras indústrias, os pequenos da indústria de petróleo são grandes. Para iniciar uma petroleira pequena é necessário, no mínimo, 30 milhões.
Essa categoria de empresas independentes que surgiram com os desinvestimentos da Petrobras e arremate de blocos no leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP) conseguiram levantar dinheiro seja de fundos de investimentos, seja listando ações na bolsa.
Nesse segmento é possível até começar pequeno, mas para crescer é necessário muito recurso financeiro, investimento em tecnologia e equipe especializada."
- Márcio Félix, presidente da Abpip
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