Aposentados faturam extra no “mundo dos aplicativos”
Aposentados entram em um novo universo e realizam trabalho por meio de plataformas, conseguindo melhorar o orçamento familiar
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Aposentar-se nem sempre é sinônimo de parar de trabalhar. Para ter renda extra e manter corpo e mente ativos, aposentados estão entrando no universo dos aplicativos e encontrando novas ocupações.
O profissional de Educação Física aposentado Julio Cezar da Silva Paul, 67, trabalha com a ajuda de um aplicativo, oferecendo treinamento para corrida de rua. Apesar de a tecnologia evoluir rapidamente, ele se sai bem por não ter vergonha de sentar com os filhos para aprender. “Se não entender, peço para me explicar de novo”.
Antes de iniciar o treinamento, ele marca um encontro presencial, para avaliação física e aula treino, e solicita exames médicos aos alunos. Para começar, a pessoa recebe um link, preenche seus dados e, a partir daí, Julio elabora o programa de treinamentos. O app é sincronizado com um equipamento que permite a ele acompanhar o treino.
Julio consegue ver as ruas por onde os alunos passam, a velocidade, a frequência cardíaca e todo o histórico do treinamento. Se a pessoa não treinou, o professor é notificado. “A evolução, em termos de equipamentos para treinamento, foi grande”, elogia.
Viajar, comer bem e sair no fim de semana são coisas que ele continua gostando de fazer. “Só com o dinheiro da aposentadoria não dá. É preciso ter renda extra”.
Atualmente ele tem 30 alunos e só atende os determinados. “Costumo dizer que não tenho alunos, tenho pessoas para me trazer felicidade”, afirmou, destacando que eles têm colhido os frutos do trabalho desenvolvido.
Quem também buscou uma atividade que gosta é o aposentado Rosalvo Marcos Trazzi, 71. Mesmo aposentado há 18 anos, ele nunca ficou sem atividade. Atualmente, é embaixador da Cachaça Princesa Isabel. Ele divulga a marca participando e coordenando eventos de degustação e venda do produto, e utiliza o WhatsApp como ferramenta nesse processo.
Para ele, o relacionamento com clientes é agradável e contribui no orçamento. “Faço várias coisas que me permitem estar em contato com as pessoas.”
Receita de família em plataforma
O professor universitário Robson de Souza, 65 anos, empreendeu junto com o filho e transformou uma receita de família em negócio. O Franguinho da Dona Neida é vendido por aplicativo.
A mãe de Robson, dona Neida, havia elaborado uma receita de frango há muitos anos. O filho dele, Dilson Carlos de Souza Neto, 27, aperfeiçou o prato. “Hoje, modéstia à parte, temos um dos melhores frangos do Estado”, afirmou.
Ele contou que o negócio está crescendo devagar e de maneira saudável, sem dívida. “Fizemos vários processos, investimos em máquinas e equipamentos e, devagarinho, vamos expandido”.
O Franguinho Dona Neida é comercializado no Ifood e produzido em uma cozinha em Jucutuquara, Vitória. A família não tem planos de abrir um local com mesas e pretende continuar trabalhando de forma virtual.
“Entrei como sócio do meu filho e faço a parte administrativa, que sempre foi a minha especialidade, e ele cuida do operacional, cozinha, orientações, qualidade”. Robson completa: “Se o cliente não está feliz, não estamos felizes. Nós trabalhamos em família. Somos eu, o Dilson, a noiva dele, minha esposa e dois filhos”.
Especialistas alertam sobre riscos
Nem todas as atividades possíveis de serem realizadas por aplicativos são um bom caminho para todo mundo. Algumas exigem mais cuidados que outras, principalmente aquelas que envolvem vidas, como dirigir, cuidar de pets e receber hóspedes.
No caso da direção, o Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES) explica que a validade dos exames de aptidão física e mental, para renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), é de até 5 anos para condutores com idade igual ou superior a 50 anos e inferior a 70 anos.
Já para condutores com idade igual ou superior a 70 anos, ela é de até 3 anos. Contudo, a validade do exame pode ser reduzida a critério médico. Os médicos peritos do Detran-ES avaliam a capacidade física, motora e mental do condutor para liberar ou não a renovação da carteira de motorista.
Para o personal trainer Victor Valladares, é a capacidade funcional do aposentado que vai dizer o que ele é ou não capaz de fazer. “Para continuar trabalhando, primeiro é preciso ser um idoso independente”.
Para quem decide cuidar de animais, por exemplo, precisa passear com eles e ter força nos braços e pernas, já que é necessário agachar para retirar fezes nas ruas. “Se não estiver preparado, vai ficar fazendo um monte de movimentos errados e acabar se prejudicando”, pontuou.
Ele explicou que o principal exercício para manter a capacidade funcional é a musculação. Já em relação a receber hóspedes onde mora, ou em outros imóveis, uma das maiores preocupações dos especialistas é em relação à segurança do idoso. Uma das dicas é olhar a avaliação dos hóspedes na plataforma.
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