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Leitores do Jornal A Tribuna

Saúde mental no trabalho

Saúde mental deixa de ser tabu e vira pauta estratégica, exigindo mudanças culturais e liderança comprometida

Renata Rivetti | 02/06/2025, 13:28 h | Atualizado em 02/06/2025, 13:40

Imagem ilustrativa da imagem Saúde mental no trabalho
Renata Rivetti é especialista na ciência da felicidade, com pós-graduação em Psicologia Positiva. |  Foto: Divulgação

Nos últimos anos, vivenciamos uma explosão nos índices de burnout, depressão, ansiedade e solidão entre trabalhadores. A saúde mental saiu da invisibilidade e passou a ser prioridade para empresas e gestores públicos.

A decisão do Ministério do Trabalho de atualizar a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), incluindo diretrizes sobre riscos psicossociais, reflete esse novo cenário. Sua implementação foi adiada para 2026, mas o tempo não deve ser usado como justificativa para inércia. A transformação das relações de trabalho deve começar agora.

O risco psicossocial está diretamente relacionado a fatores como assédio moral, sobrecarga e relações hierárquicas abusivas. Apesar de muitas empresas já promoverem ações de bem-estar, essas iniciativas, embora relevantes, são insuficientes se não vierem acompanhadas de mudanças estruturais na cultura organizacional.

A realidade é que operamos sob uma lógica ultrapassada, que romantiza o excesso de trabalho como produtividade. A cultura do workaholism, a falta de valorização e a prevalência do microgerenciamento contribuem para ambientes tóxicos. Pesquisa da McKinsey realizada em 15 países revelou que 70% dos sintomas de burnout são causados por ambientes tóxicos – que também respondem por 73% dos pedidos de demissão.

No Brasil, essa realidade se reflete nos números crescentes de afastamentos por saúde mental. Em 2023, foram mais de 472 mil registros, sendo que mais de 140 mil estavam relacionados à ansiedade e mais de 113 mil à depressão. As mulheres foram as mais afetadas, com quase dois terços dos casos. E, segundo estudo da Reconnect, só 49% dos trabalhadores estão satisfeitos com o suporte ao bem-estar oferecido pelas empresas. Os principais sentimentos associados ao trabalho são ansiedade, frustração, estresse e sobrecarga.

Promover a saúde mental não é um tema periférico – é uma necessidade estratégica. Avaliar, por exemplo, se uma reunião é de fato necessária ou se poderia ser resolvida por e-mail; assegurar que todos os participantes sejam relevantes à pauta; e manter comunicações mais objetivas são práticas que reduzem o desgaste cotidiano.

O comportamento dos gestores influencia diretamente a saúde mental da equipe. A construção de ambientes saudáveis parte do reconhecimento dos ofensores da saúde mental e da criação de espaços de trabalho diversos, equitativos e acolhedores. A segurança psicológica se apoia em quatro pilares: aceitar os erros como oportunidades de aprendizado; garantir uma comunicação transparente; promover colaboração em vez de competição; e investir na diversidade.

Essas diretrizes devem orientar um novo modelo de gestão, no qual o bem-estar não seja visto como antagonista da produtividade, mas como seu maior aliado. Ambientes que promovem saúde mental tendem a ser mais engajadores e sustentáveis. O compromisso com a saúde dos trabalhadores não é apenas uma questão de responsabilidade social – é uma estratégia inteligente para o futuro do trabalho.

É hora de entender que o verdadeiro desafio não é apenas cumprir a norma, mas transformar profundamente a cultura corporativa. Isso exige coragem, consistência e, sobretudo, liderança.

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