O Cais das Artes e suas demandas
Cais das Artes exige planejamento para garantir integração e sustentabilidade
No dia 23 de março de 2022, o Instituto de Arquitetos do Brasil formalizou, junto ao Governo do Espírito Santo, um manifesto em suporte à retomada e conclusão das obras do Cais das Artes. Na ocasião, o IAB-ES, em colaboração com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-ES), conduziu um debate entre arquitetos urbanistas sobre as potencialidades do complexo cultural e sua relevância como novo motor do crescimento econômico capixaba.
Eis que a aguardada notícia de inauguração oficial do equipamento foi anunciada para o final de 2025. A estrutura abrigará o Museu e o Teatro, com previsão de consolidação em meados de 2026. A gestão cultural do Cais das Artes ficará a cargo da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). Os setores que lutaram para que o empreendimento tivesse assegurado o papel para o qual foi delineado, que realizou debates para reiterar seu propósito e importância para o Estado, e no intuito de evitar descaminhos, precisam ser inclusos na gestão.
Como partícipe na busca de que o sonho fosse tornado realidade, também vislumbro as exposições e mostras internacionais. Mas, como arquiteto e urbanista, me aflige a questão do planejamento – formato da visitação, aspectos sobre multiplicidade e diversidade, e também na premissa de sustentabilidade social, econômica e ambiental, para garantia da manutenção da identidade cultural regional, em diálogo com as tecnologias de conhecimento e de vivências externas.
É preciso efetivar debates sobre questões urbanísticas e logísticas. Abarca-se aqui o transporte público, visto que, até que o VLT se torne realidade, será preciso implementar linhas de ônibus “circulares” e expandir a infraestrutura do Aquaviário. Preparar o entorno do Cais das Artes é crucial para seu sucesso e integração com a comunidade – pensar a acessibilidade, segurança, paisagismo, comércio local e conexão com a história e identidade do lugar.
Outra discussão é a antecipação de estratégias para se solucionar potenciais gargalos: estimar o fluxo de veículos e reconsiderar os acessos à Terceira Ponte. Outra questão são as ações que garantam a segurança do entorno, dos imóveis existentes, residentes da Enseada, visitantes e turistas. Teremos um público diversificado, proveniente do Brasil e do exterior. É crucial não se desconsiderar nesse planejamento a preparação do receptivo – a reciclagem, a capacitação e a qualificação de profissionais e prestadores de serviços, com foco no atendimento ao turista, o que inclui o ensino de línguas estrangeiras, tendo em vista a necessidade de profissionais bilíngues.
A complexidade da gestão desse espaço é enorme e o melhor caminho é a democratização, o compartilhamento e a transferência de conhecimento – considerando-se as mentes criativas internas e externas. Estamos sob a pressão do tempo, e os debates já precisam começar envolvendo as instituições da sociedade.
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