Este ano vai ser diferente!
Leia a coluna de quarta-feira (01)
“Este ano não vai ser igual aquele que passou...”. Pelo menos uma coisa vai ser diferente: ao final dele, com certeza, se chegarmos lá, todos estaremos um ano mais velhos... Como diria o saudoso cronista Pedro Maia: “Epa!”
Começar o ano assim? Lembrando justamente de algo que não parece a melhor coisa para ser pensada neste momento?
Tudo bem, realmente não deveria, mas é fato! E se é fato, o mais importante é assimilar o inevitável e tirar o melhor proveito possível da situação. Ou você imagina que Mário Quintana se inspirou em um cenário maravilhoso ao lapidar letras frias e transformar na “tardia reflexão de Lavoisier ao ter a carteira furtada: na natureza nada se perde, tudo muda de dono!”?
Se, como eu, você também é botafoguense, então, esquece! Se para ser feliz você necessita ganhar títulos e mais títulos todo ano, lhe dou um conselho: mude de time! Tudo bem que não precisamos levar mais tantas décadas para ganhar alguma coisa, mas será que você ainda não se deu conta de que a imensa alegria pelos títulos de 2024 se deve, em grande parte, ao tempo que se levou para alcançá-los?
Ainda não está satisfeito? Reflita com o imortal Belchior e já estará no lucro, mesmo se a “profecia” não der certo e, “por mero acaso do destino”, você morrer neste: “Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro!”.
Melhor ainda: siga o conselho de Guilherme Arantes, recitado por Maria Bethânia e “brinque de viver”. Desde logo “você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim, continua sempre que você responde sim à sua imaginação, a arte de sorrir cada vez que o mundo diz não”.
Aliás, aqui o assunto fica realmente sério, já que sorrir cada vez que o mundo diz não, seja em Sampa, seja em qualquer outro estado da “Aquarela Brasileira”, é o “avesso do avesso do avesso do avesso”, que, ou “se aprende depressa a chamar-te de realidade”, ou jamais “da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas”, se conseguirá ver “surgir teus poetas de campos e espaços”.
O ano de 2025: onde estão seus poetas de campos e espaços? Aqueles que recarregam sua energia gastando o suor da própria alma para preencherem as lacunas das obras incompletas que somos?
Afinal, todo mundo quer ter “um milhão de amigos”! Mas, mesmo o rei sabe que Milton está certo: amigos são tão poucos, que se deve “guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”.
No fundo, essa é a escola boa da vida, a que eleva bons alunos, como Ana Vilela, também à categoria de transcendentais: “Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si. É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti”.
E Carlos Drummond de Andrade completa essa “receita de Ano Novo” perfeita: “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo”. Logo, 2025 e a humanidade estão ávidos e prontos para lhe receber: seja bem-vindo zelador!