Beleza das festas juninas
Junho é o mês das Festas Juninas, lembrando três santos em suas datas: 13, Dia de Santo Antônio, 24, Dia de São João e 29, Dia de São Pedro. As tradicionais festividades populares estão descaracterizadas!
Não é saudosismo, ou “no meu tempo era melhor”, mas pela beleza das apresentações, atraindo as famílias para assistir, pelo excelente espetáculo. Alguns também para, orgulhosos, presenciarem seus filhos improvisados de atores.
Santo Antônio é festejado na data de seu falecimento. É o popular “Santo Casamenteiro”. O Dia dos Namorados é em 12 de junho por ser véspera de sua festa. Na crendice popular, nesta data quem deseja se casar ou namorar faz orações e simpatias para o Santo. Funciona! Eu era criança, morava em Santo Antônio, via vizinha se despedindo do esposo, que ia trabalhar. Ela falou comigo que fez simpatias e orações, pouco tempo depois se casou com o amado.
São João Batista, primo de Jesus Cristo (foi por ele batizado às margens do rio Jordão). Nasceu na Judeia no ano 2 a.C. Vivendo como nômade, tornou-se popular e, pregando, conseguiu que as pessoas aceitassem' o batismo. É considerado o “Santo Festeiro”.
São Pedro é comemorado na data de seu falecimento. Apóstolo de Cristo e pescador, é padroeiro dos pescadores. Anualmente, em Vitória é realizada a Procissão Marítima de São Pedro, encerrando com a bênção dos anzóis.
De 1951 a 1961 morei no bairro de Santo Antônio. Os padres pavonianos (italianos) estavam construindo o Santuário, hoje Basílica de Santo Antônio, pois com o excelente trabalho dos padres a Igreja Matriz já era pequena para o elevado número de fiéis.
Em junho, a banda criada pelos padres, celebrava os três santos, alegrando a todos. O ponto alto era Santo Antônio. Havia a trezena e, dia 13, a procissão. Depois a festa, sendo a quadrilha a atração principal. Antes, o casamento na roça: a noiva, grávida, vinha de carroça, o noivo escoltado pelo pai da noiva com uma espingarda. Tinha fogueira, fogos, forró, rifa, pau de sebo, barracas com quentão, licor, canjica, pamonha, casinha do coelho etc.
Outra importante atração, o leilão com Hélio Afonso. Moradores davam objetos para serem leiloados. Meu pai possuía uma pequena criação de cabritos, dava um, arrematava e devolvia para ser novamente leiloado. Outros também assim procediam. Anos depois, Hélio teve problemas de saúde, Máximo Costa passou a ser o leiloeiro.
Na quadrilha, todos caracterizados, com chapéu de palha, camisa quadriculada de manga cumprida e calça remendada, música caipira, os casais participantes obedecendo ao comando do puxador.
Além da contribuição mensal dos fiéis, a renda das festas juninas era investida na construção do Santuário. Bairro pacato, a delegacia era uma casinha em frente à Igreja Matriz. Quando me mudei do bairro, meu pai era capitão da Polícia Militar (foi a coronel) e o delegado era Raulino Rodrigues da Rocha. Os padres voltaram para a Itália, não há mais festa junina, eu agora sou idoso, jamais esqueço o bairro, os amigos e as festividades.
ALDO JOSÉ BARROCA é escritor.