Quando viver é um sofrimento
Um olhar sobre a fadiga emocional profunda e o desafio silencioso de seguir vivendo
Cláudio Miranda, terapeuta de Família e Psicopedagogo Clínico
Há pessoas que sentem um peso enorme em viver. Há sempre presente um cansaço extremo, uma desesperança e uma tristeza sem fim. Às vezes nem sabe se está feliz ou triste, apenas sente um grande vazio dentro de si.
Isso poderia ser um retrato pálido do que muita gente sente por aí. É uma dor, às vezes, incompreendida e até desconsiderada como se fosse bobagem ou exageros emocionais de quem vive isso. A pessoa não deseja morrer, mas também ela não quer continuar vivendo desse modo, com essa dor incomodando dia após dia.
São pessoas extremamente sensíveis e sofrem silenciosas e anonimamente com uma ferida aberta que é somente dela. Viver para elas se torna um esforço constante pelo excesso de emoções que lhe acontece a todo instante no campo da consciência.
Cada detalhe incomoda, cada pensamento se torna um grande peso. Tudo ganha uma proporção muito grande.
Essa tristeza é um sentimento que te impede de expressar sua felicidade. Ninguém quer se sentir assim, mas também não consegue ser diferente.
Há um processo de desenergização interna que deixa o indivíduo prostrado e sem força para agir contra tudo isso.
Permanecer nesse lugar é de fato estafante e adoecedor e danoso para o psiquismo de qualquer um. O corpo se esgota com o desejo de uma pausa que não existe, de um alívio que nunca chega.
Vive-se uma fadiga existencial que não se cura com sono, nem com distração. Quem está perto e convive não consegue sentir e nem perceber o que se passa com o outro.
Essa dor não pode ser sentida nem avaliada por nenhum exame. Ela é solitária e não compartilhável. É um tipo de silêncio que ninguém pode ouvir, mas está lá, ferindo e machucando.
Tudo é muito forte e muito intenso. Ele não deseja o fim, apenas deseja uma outra forma de viver. Quer algo que aqueça e acolha o coração e aceite a sua expressão de sentimento.
Pessoas assim são muito perceptivas e por isso sentem tudo com mais intensidade. Ver o mundo com tanta nitidez pode ser algo muito solitário. Ao conseguir redimensionar a sua dor, muitos podem se reinventar e fazer surgir profundos e intensos recomeços.
Contudo, a vida também é constituída de episódios bons. É preciso resgatar as memórias e fatos positivos que já tenha experimentado. Não é só por sofrimento e perdas que passamos.
Tudo que você já passou, no caminho que trilhou, certamente teve boas experiências e encontrou pessoas maravilhosas que se dispuseram a estar com você, te amparando, fortalecendo e estimulando.
A vida é um sopro de esperança e oportunidades a cada momento. Todos os dias você tem nas mãos o poder de seguir por um novo caminho.
A escolha de como viver, estilo de vida que mantém, o perdão que oferece a alguém e a educação que compartilha.
Chega um momento em que você entende que ao escolher bem o tipo de dia que deseja viver, os seus dias ficam mais iluminados e prazerosos, porque você reconhece e aceita as suas limitações percebendo contudo que há pessoas as quais você tem orgulho de conviver e aplaudir porque elas fazem o mesmo por você.
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Papo de Família,por Cláudio Miranda, terapeuta de Família e Psicopedagogo Clínico