Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Opinião Internacional

Opinião Internacional

Colunista

José Vicente de Sá Pimentel

Voltando do Canadá

Toronto, política internacional e a resistência brasileira diante dos desafios de Trump

José Vicente de Sá Pimentel, Colunista de A Tribuna | 11/08/2025, 13:57 h | Atualizado em 11/08/2025, 13:57

Imagem ilustrativa da imagem Voltando do Canadá
José Vicente de Sá Pimentel, nascido em Vitória, é embaixador aposentado. |  Foto: Divulgação

Fui visitar minha filha em Toronto. Talvez de propósito, para contrastar com os aeroportos americanos, o desembaraço alfandegário em Pearson International está ainda mais fácil e rápido. A cidade fica cheia de vida nesta época, parques cheios de gente, aproveitando o calor. Surgem obras por toda parte. A prefeitura trabalha forte nas galerias pluviais e nas calçadas que, nos próximos meses de inverno, estarão cobertas de neve. A construção civil demonstra que a economia vai bem, apesar das tarifas de Trump. Constroem-se prédios cada vez mais altos, sobretudo em áreas centrais da cidade, bem servidas de transporte público. Em tese, isso permite que os aluguéis caiam e que as ruas comportem ciclovias caprichadas.

Fiquei num bairro chamado Little Italy, onde se encontram ótimos restaurantes e se ouve italiano a cada esquina. Little Italy se entrelaça com Little Portugal, bairros densamente povoados também por asiáticos, árabes e latino-americanos. Com sua diversidade de raças e gêneros, Toronto personifica a contestação cotidiana das políticas trumpistas.

Mas política é o que menos se ouve falar. O governo do liberal Mark Carney trata as tarifas com sóbria firmeza. A oposição tampouco cria dificuldades nessa área, em que o consenso contra a ideia da anexação se manifesta, porém, sem margem a dúvidas, em bandeiras americanas afixadas de cabeça para baixo na fachada das casas, ou em cartazes nos supermercados, conclamando os clientes a comprarem artigos canadenses e não os “made in USA”.

Na volta ao Brasil, choca constatar a debilidade de algumas reações aos abusos do governo americano à soberania brasileira. Nem quero falar dessas malcriações no Congresso, que deveriam ser punidas, como na Grécia antiga, com ostracismo de longa duração, e fim de papo. Mais chocante é a subserviência embutida na fala de tantos formadores de opinião, que prefeririam que o Brasil chegasse logo a um acordo com Trump, como fez a UE, por exemplo.

Ocorre que o acordo que os EUA impuseram à UE foi leonino. Tudo sai mal na foto do aperto de mão entre Trump a presidente da Comissão Europeia, Ursula Van der Leyen, em 29 de junho. O cenário era um campo de golfe, mais um que o presidente americano adquire durante o mandato. O sorriso da Van der Leyen parece forçado, e as condições econômicas serão severas aos europeus. Não só pelas tarifas de 15%, cerca de 10 vezes mais que a média anterior, de 1,6%. Bem pior é os europeus terem de pagar US$ 750 bilhões pelo “privilégio” do acesso ao mercado americano de energia, além de investir 600 bilhões na fabricação de armamentos nos EUA.

Quando abriu mão de seu compromisso com o multilateralismo, a Europa, para além dos prejuízos financeiros e da perda de investimentos, perdeu credibilidade e autonomia estratégica. Alguns dos melhores comentaristas internacionais compararam o acordo de 29 de junho ao tratado de Versalhes de 1918, que gerou a humilhação alemã e abriu caminho para a II Guerra Mundial. Equivaleria a uma submissão voluntária aos caprichos imperiais de Trump, e quem se submete dessa maneira não é mais levado a sério, nem pelos próprios americanos, que detestam espíritos servis.

Num artigo notável, o ex-Primeiro Ministro português José Sócrates alude à humilhação europeia, mas adverte: “deixem-me dizê-lo da forma mais enfática que consigo: a humilhação dos povos é uma promessa de caos e de destruição. A diplomacia e a política externa sempre foram escolas de boas maneiras, porque sabem que nada é pior que a humilhação do adversário... A história da humilhação na política externa nunca trouxe nada de bom ao mundo, só violência. Por agora estamos assim: a Europa aceitou a humilhação, o Brasil enfrentou-a. Nunca me senti tão próximo do Brasil como agora”.

Este tema vai dar ainda muito pano para manga, e com certeza voltarei a ele nestas crônicas. No domingo (17), contudo, pretendo me debruçar

Sobre outro assunto que está fervilhando nos EUA: a saga de Jeffrey Epstein, o bilionário pedófilo, amigão de Donald Trump, que se suicidou (ou terá sido assassinado?) na prisão.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

SUGERIMOS PARA VOCÊ: