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Opinião Internacional

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Colunista

José Vicente de Sá Pimentel

Diplomacia dá trabalho, guerras dão mais ainda

Trump e Netanyahu lideram ataques ao Irã, ignoram a diplomacia e isolam o multilateralismo. Oriente Médio volta a ser palco de tensão global

José Vicente de Sá Pimentel, colunista do Jornal A Tribuna | 30/06/2025, 13:51 h | Atualizado em 30/06/2025, 13:51

Imagem ilustrativa da imagem Diplomacia dá trabalho, guerras dão mais ainda
José Vicente de Sá Pimentel, nascido em Vitória, é embaixador aposentado |  Foto: Divulgação

Nas relações internacionais de 2025, o truísmo “quando um não quer, dois não brigam”, transformou-se em “quando todos querem, o pau come”.

Os bombardeios a Teerã evidenciam o desprestígio da diplomacia, o esvaziamento do multilateralismo e a irrelevância do Direito Internacional nos dias de hoje. Donald Trump, com sua imprevisibilidade, suas tarifas e suas superbombas, impõe sua vontade, e os aplausos de seus acólitos o estimulam a seguir moldando a ordem mundial a seu bel-prazer.

Em 2016, num debate com Jebb Bush, com quem disputava a candidatura Republicana à eleição presidencial, Trump bombou na internet ao investir contra as “guerras burras” que diversos presidentes (inclusive o pai de Jebb) travaram no Oriente Médio. Desde então, isolacionistas como Steve Bannon et caterva mantiveram o repúdio às guerras como um dogma central da ideologia MAGA.

Trump não é estrategista, nem homem de convicções. Convencionou-se qualificar de “transacional” sua maneira de tomar decisões em cima da perna. A princípio, opôs-se ao bombardeio desferido por Netanyahu contra o Irã, mas deixou-se convencer pelos generais do Pentágono de que uma guerrinha contra as instalações nucleares iranianas seria boa ocasião para testar na prática o poder das superbombas “destruidoras de bunkers”. A operação não acarretaria perdas de vidas americanas e, cirúrgica, permitiria que Trump a justificasse como “a guerra para acabar com as guerras”.

Atendidas as preocupações de seus apoiadores, cabia convencer os parceiros da OTAN. Foi facílimo. O G7, em Alberta, Canadá, demonstrou uma subserviência louvaminheira a Trump. O alemão Friedrich Merz pegou pesado no servilismo, ao sair-se com um lamentável elogio a Israel por “fazer o jogo sujo contra o Irã”. O britânico Keir Starmer deixou claro que seu único objetivo era garantir o beneplácito americano a um acordo comercial com o Reino Unido. O francês Macron fez as habituais piruetas para agradar todo mundo. Ninguém tinha interesse no Oriente Médio, no que tange à diplomacia, os líderes do Ocidente queriam no máximo flexibilizar a posição de Trump na questão ucraniana.

Mas como dizia Marco Maciel, o problema com as consequências é que elas vêm depois. Mal acabara o ataque a Fordow, Natanz e Isfahan, Trump já estava ralhando com Netanyahu pela continuação dos bombardeios no Irã. Alguém já observou que todos os presidentes que tiveram de lidar com Netanyahu – Clinton, Bush pai e Bush filho, Obama e Biden – de uma forma ou outra acabaram ressentidos. O israelense sempre soube manipular seus parceiros americanos, contando para tanto com o luxuoso auxílio do lobby judaico nos EUA. Resta esperar para ver até Trump e Bibi continuarão de boa.

O pomo da discórdia pode ser os aiatolás. A probabilidade de que tentem reconstituir o programa militar nuclear é real, pois a bomba, nos moldes norte-coreanos, parece ser o único elemento de dissuasão eficaz contra ameaças externas. Diante do perigo, Israel e EUA já falam em substituir o regime fundamentalista iraniano.

Achar um sucessor para Khamenei, que já tem 86 anos, não parece tão difícil. Mais complicado é apostar que o novo aiatolá será moderado. A moderação diplomática foi ingrata e não livrou o regime iraniano das agressões daqueles mesmos negociadores com que se sentavam à mesa duas semanas atrás.

Invadir um país de 90 milhões de habitantes seria dispendioso e demorado, o que contraria a retórica de Trump, fundamentada em economia de gastos e eliminação das guerras. Reorganizar a oposição ao regime e fomentar uma sublevação interna há de ser sempre a alternativa preferida da CIA, mas será factível?

Philip Gordon, assessor de Obama e de Kamala Harris, alertava, anos atrás, que todas as soluções militares foram tentadas no Oriente Médio, sem resultado: “No Iraque, os EUA intervieram e ocuparam, e o resultado foi um desastre. Na Líbia, os EUA intervieram e não ocuparam, e o resultado foi um desastre. Na Síria, os EUA não intervieram nem ocuparam, e o resultado foi um desastre”.

Resta a boa e velha diplomacia. Foi um erro denunciar o acordo negociado por Obama em 2015. Três anos depois, Netanyahu convenceu o recém-eleito Trump a rasgar o acordo. Eles seguiram juntos nos bombardeios de Gaza e do Irã. Fazem, literalmente, uma dupla do barulho. Até quando?

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