O que fazer agora? O impacto da reforma em preços e competição
Nova tributação promete simplificar o sistema, mas impõe desafios na formação de preços e exige preparação estratégica das empresas
A Reforma Tributária está em curso e traz transformações profundas para o ambiente empresarial. A cobrança dos tributos será feita por fora, com mais transparência ao consumidor e menos complexidade para as empresas.
Mas essa simplificação vem acompanhada de novos desafios, principalmente na formação de preços e na gestão da competitividade.
O atual sistema, marcado por uma teia de tributos cumulativos e segmentados, será substituído pelo IVA Dual — composto pelo CBS (federal) e pelo IBS (estadual e municipal).
A nova lógica é de crédito financeiro amplo, o que tende a reduzir o custo para a indústria e para o comércio de bens. Já os setores intensivos em mão de obra, como serviços, podem sentir aumento de carga tributária.
No caso de produtos industriais e comércio, com maior possibilidade de crédito, haverá tendência de redução de carga tributária e maior equilíbrio nos preços finais.
Já os serviços em geral poderão passar de 3,65% ou 9,25% para alíquotas próximas a 25%, com pouca compensação via crédito — o que exige revisão nos contratos e na precificação.
No mercado de locação de imóveis, as mudanças também são significativas. Para pessoa física, a carga atual vai até 27,5% de IR. Com a reforma, se caracterizada como atividade habitual, poderá haver incidência do IVA Dual, elevando a carga para até 34% da receita bruta.
Para pessoa jurídica no lucro presumido, a carga atual gira em torno de 13%. Com a reforma, considerando o desconto de 70% sobre o IVA, esse percentual poderá chegar a 20%. No caso de locações por plataformas como Airbnb, estadias inferiores a 90 dias passarão a seguir exigências fiscais e regulatórias similares ao setor hoteleiro, exigindo atenção redobrada dos prestadores desse tipo de serviço.
Empresários atentos já se movimentam. O momento é de preparação estratégica. É fundamental revisar os processos internos, pois cada operação conta. Acompanhar de perto a regulamentação também é essencial, já que as normas complementares definirão os detalhes da aplicação.
Os sistemas de faturamento e precificação precisam ser atualizados, uma vez que a cobrança por fora muda o relacionamento com o cliente. Planejar o uso dos créditos tributários é igualmente decisivo: entender o que gera ou não crédito poderá impactar diretamente os resultados.
Contar com especialistas tributários e contábeis de confiança é uma precaução necessária — erros podem custar caro. E, por fim, antecipar o planejamento tributário, ajustando estrutura e operações antes da virada, representa uma vantagem competitiva real.
A Reforma Tributária não é apenas uma mudança legal. Ela é uma mudança estrutural que impacta custos, preços e margens. Empresas que se preparam desde já sairão na frente.
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