Escândalo descredibiliza o INSS. E a fama já não é boa
Confira a coluna deste sábado (03)
Nos últimos dias, o Brasil tem assistido, estarrecido, uma avalanche de notícias sobre a grave denúncia envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que levou à demissão do presidente do INSS e aos afastamentos de dirigentes do órgão.
O escândalo da Previdência é uma tragédia. Uma afronta aos milhões de aposentados – grande parte deles recebendo o mínimo – aos cofres públicos, ao País. E, vamos combinar? A fama do instituto já não era boa.
A investigação da Polícia Federal revelou um amplo esquema de fraudes e desvios de recursos que atingem diretamente os aposentados e pensionistas do País. Segundo as apurações, associações que jamais ofereceram qualquer serviço a esses beneficiários cadastraram pessoas sem autorização, utilizando assinaturas falsas, com o objetivo de descontar mensalidades indevidas dos benefícios pagos pelo INSS. Estima-se que o prejuízo causado por esse esquema possa chegar a impressionantes R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Esse cenário chega em meio a uma crise profunda na estrutura do INSS. O órgão já enfrentava uma combinação de fatores preocupantes: de um lado, os custos operacionais crescendo; e, de outro, a arrecadação de recursos diminuindo. Ou seja, antes mesmo das recentes notícias de corrupção, a situação do órgão já não era boa. Já inspirava cuidados.
A credibilidade do instituto, que deveria ser uma garantia de segurança e justiça social, vem sendo corroída por problemas administrativos, atrasos e agora por esse grave esquema de fraudes. A repercussão negativa reforça a percepção de que o INSS está passando por uma crise de confiança e é grave.
O que se vê desenrolando hoje é um dos maiores esquemas de corrupção da história da Previdência Social no Brasil. Não por acaso o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, já decretou que a fraude de bilhões será apurada “até as últimas consequências”. Precisa ser. E nós precisamos cobrar.
Vale ressaltar que resolver problemas não é um dos fortes do INSS. Apenas no primeiro semestre de 2024, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), foram feitas 742.389 reclamações contra descontos associativos indevidos junto aos canais oficiais do órgão. Reclamações que não foram respondidas. Nenhuma providência foi tomada. Ou seja, a famosa “vista grossa”.
O escândalo de hoje é a chamada “pá de cal”. Enquanto mais detalhes do esquema são revelados, vão surgindo carros e relógios luxuosos, viagens, obras de arte e mais uma série de tapas na cara do segurado. É isso. Um tapa na cara em quem contribuiu a vida inteira para ter um mínimo de dignidade para viver.
Até o momento o que vemos é que tirou-se de quem mais precisa. E também de quem costuma pagar todas as contas. E as perguntas que ficam agora é: quem vai pagar essa? A sociedade? As associações criminosas? Os servidores envolvidos no esquema? Diante de tudo isso não se pode pensar em nada além do óbvio: investigar à exaustão, responsabilizar os culpados e devolver aos segurados seu dinheiro que foi roubado.
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