O futuro da educação brasileira sem celulares em sala de aula
Leia a coluna de domingo (22)
Na última semana, o Senado aprovou o texto-base do projeto de lei que proíbe o uso de celulares em escolas públicas e privadas em todo o País.
Com a sanção presidencial, prevista para ocorrer em breve, a nova legislação deve entrar em vigor no início do próximo ano letivo, trazendo uma transformação significativa à dinâmica escolar.
De acordo com o relator do projeto, senador Alessandro Vieira, a proibição dos aparelhos é uma resposta às crescentes preocupações sobre a distração dos estudantes e os impactos negativos que o uso excessivo de telas tem no aprendizado.
O senador destacou que, em lugares onde medidas semelhantes foram implementadas, houve melhorias notáveis na concentração dos alunos e na qualidade da educação.
Ele também apontou que a restrição pode ser um passo importante na luta contra o cyberbullying, problema cada vez mais presente no ambiente escolar.
Não há dúvida de que o uso de celulares em sala de aula representa um desafio para as escolas.
Mesmo com regimentos internos que tentam regulamentar o uso, muitos alunos não seguem as regras. Para as famílias, controlar o uso dos aparelhos fora da escola também tem sido uma batalha árdua.
O excesso de tempo de tela não compromete apenas o desempenho escolar, mas também interfere em outras atividades importantes para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.
Contudo, é fundamental reconhecer que uma lei, por si só, não é suficiente para mudar comportamentos. A implementação da nova norma deveria vir acompanhada de uma ampla campanha de conscientização.
Os alunos precisam estar preparados para essa nova realidade, que será sentida de forma mais impactante pelos estudantes do ensino médio, acostumados a utilizar os celulares por longos períodos.
Uma estratégia bem planejada, envolvendo divulgação nos meios de comunicação e a participação ativa das famílias, é essencial para o sucesso da medida.
Por outro lado, há quem considere a proibição um retrocesso, argumentando que a tecnologia é uma ferramenta poderosa para a educação. É verdade que dispositivos eletrônicos, quando bem utilizados, oferecem inúmeras possibilidades de aprendizado.
No entanto, é importante lembrar que muitas escolas, inclusive da rede pública, já possuem infraestrutura tecnológica, como laboratórios de informática e tablets, que podem ser utilizados de forma controlada e educativa.
O que está em jogo é a qualidade da educação brasileira. Em nome do aprendizado, da concentração e do desenvolvimento sadio dos estudantes, a proibição do uso de celulares em sala de aula é uma medida necessária.
Mais do que restringir, essa legislação representa uma oportunidade de reeducar nossa sociedade sobre o uso consciente e equilibrado da tecnologia.
Que a entrada em vigor da lei seja acompanhada por um esforço coletivo para garantir sua eficiência e, acima de tudo, para transformar a sala de aula em um ambiente focado no aprendizado e na construção de um futuro promissor para nossos estudantes.